Quando é que despertarei de estar acordado?
Álvaro de Campos
Admito que começo a sentir-me culpada de ver comentários nas duas caixas de comentários que mantenho em permanência. E já nem sei se basta garantir-vos que leio, leio sempre, leio tudo. Só não tenho tempo para comentar. Depois das férias, se tudo correr bem, estarei de volta ao ritmo normal. Mas ainda faltam duas semanas de agonia e mais três de boa vida. Ainda alguém tem paciência para mim? Se já nem eu tenho…
Agora, uma coisa importantíssima: que leituras de Verão me recomendam este ano? Apenas precisam ser leves, que não posso ocupar os 20 kg de bagagem com os 3 volumes do Arquipélago Gulag ou Os Miseráveis, mesmo que em versão de bolso. Agradecida.
Agora, uma coisa importantíssima: que leituras de Verão me recomendam este ano? Apenas precisam ser leves, que não posso ocupar os 20 kg de bagagem com os 3 volumes do Arquipélago Gulag ou Os Miseráveis, mesmo que em versão de bolso. Agradecida.
5 comentários:
Olha que os meus Miseráveis (lol) são edição de bolso europa américa, levezinhos, levezinhos. E a tradução (espanto! surpresa!) até é bastante razoável.
Agora estou a ler o último do Mia Couto, boa surpresa, que não conhecia. E é leve ;)
(daqui a 15 dias também fecho a loja por 4 semanas)
LOL
Também é essa versão que tenho, ainda que em casa dos meus pais haja uma edição de capa dura, daquelas como deve ser :)
Esse livro do Mia Couto é o "Venenos de Deus, Remédios do Diabo"? Já está na mala, juntamente com o "A Carne de Deus", do Afonso Cruz e um livro antigo que pretendo reler, do Johannes Mario Simmel: "Nem Só de Caviar Vive o Homem" :) Mas eu, de férias, devoro letras. Precisava mesmo era assim de umas sugestões levezinhas ;-)
Tal e qual. Vou a meio, não o conhecia e estou encantada com a escrita. Boa, e um português africano que eu ainda não tinha aprendido :)
Os teus não conheço, mas se os vir leio as sinopses. Se bem que jurei não comprar mais papel antes de ler pelo menos metade do que tenho lá em casa.
Levezinho (not!): estou a pensar reler o watchmen, mas tu não gostas de Alan Moore. Xa cá ver. Comigo Agatha Christie resulta sempre, mas já não tenho nenhum por encetar. Tenho dois que trouxe dos States, do Jon Stewart (a 5 dólares!) e o do Stephen Carrel, mas são de capa dura. Olha, Carlin é leve, apesar de corrosivo ;)
Já viste bem de quem é a frase pespegada ali ao lado a servir de mote ao blogue? ;-)
Olha! Carlin parece-me bem! Napalm and Silly Putty?
...
(Oh caraças! Onde o terei metido?)
Mais Vozes
Não sei porque dizes isso, eu tenho o arquipelago gulag em um volume..^.é um óptimo livro de férias! Boas férias, beijo. Já gora onde é o passeio?
Sr Mofo | | Email | Homepage | 08.05.08 - 1:11 am | #
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Olá,
Goataria que você revisse o seu post sobre Hans Münch. Leia a matéria abaixo...
Grato.
http://br.groups.yahoo.com/group...s/message/ 14527
Alexandre | | 08.05.08 - 7:24 am | #
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Desculpe, ainda sobre Munch, podes ver este link também:
http://www.morasha.com.br/conteu.../ed25/ amigo.htm
Além do filme "The Last Days, dirigido por Steven Spielberg".
Gosto do seu blog. Estou dando as informações para que não fique registrada um post não verdadeiro.
Alexandre | | 08.05.08 - 7:42 am | #
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Tem lá calma, Mofo, que ainda faltam duas semanas
Hipatia | | Email | Homepage | 08.05.08 - 2:22 pm | #
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Alexandre, não vou rever um post antigo. Primeiro, porque nenhum dos meus posts é sobre História, mesmo quando fala de história; depois, tal como disse no início desse post, não ia mesmo falar de História, ia contar uma história, a mesma que a guia turística nos contou. E qual verdade? Se a história foi agora revista à conta de um documentário, o certo é que ninguém pode negar que, nos julgamentos a que foi sujeito, Münch foi defendido pelos próprios judeus que tinha à sua guarda. O homem é um monstro? Que seja. A questão que pretendia levantar então mantém-se: quantos, naquelas circunstâncias sociais e históricas não tinham sido monstros iguais ou piores? É fácil olhar para trás, com os olhos dos vencedores e depois de tanto ano passado e dizer "monstro". Eu, que não me julgo melhor do que ninguém, olho para trás e penso "que teria eu feito?". E, como não sei a resposta, tenho medo de apontar o dedo.
Hipatia | | Email | Homepage | 08.05.08 - 2:33 pm | #
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Já agora:
In March 2000, the documentary film Die letzten Tage was released in the German cinemas. In 1999, this film had already been released in the USA with the original title The Last Days and the suitability recommendation for 16 years of age. The film was supported by the "Survivors of the Shoa Visual History Foundation", which had been founded by Steven Spielberg. Dr. Münch participated in this documentary film. As a contemporary witness, he met and talked with the surviving camp inmate Renée Firestone, whose sister had died in Auschwitz during experiments with humans. A film review pointed out that the American version of the film had no clear indication about the fact, that the contemporary witness Dr. Münch already suffered from the Alzheimer's disease at this point of time. Only the credits of the film would provide this information, and are in French.
Não sei se prefiro a versão da História antes ou depois da doença de Alzheimer e parece-me suspeito que o documentário fizesse questão de não a referir. E não sei qual é a versão verdadeira, tirando o facto de Munch ter sido de facto o único SS a ser absolvido nos julgamentos da Polónia e o ter sido com base nos testemunhos de defesa de judeus. Por isso, que post não verdadeiro está registado? Aquele que conta a versão do SS perdoado, ou a versão que conta Spielberg, esquecendo de mencionar a doença debilitante?
Hipatia | | Email | Homepage | 08.05.08 - 6:35 pm | #
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A História não foi revista a custa de um documentário, mas de uma declaração (entrevista) do próprio Munch, anos antes da doença. Mas, tudo bem. A história desse homem é um ponto controverso da História.
Alexandre | | 08.05.08 - 7:07 pm | #
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Neste caso, a História não é contada por "vencedores", mas pelas vítimas da monstruosidade nazista. É fato que Munch foi absolvido. Também é fato que Munch não foi uma das vítimas.
Continuo a achar giro o seu blog.
Alexandre | | 08.05.08 - 7:14 pm | #
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...Quem sabe, se na história de Munch, não se pode dizer que "vida descostura, o homem passa a linha, a corrigir os panos do tempo."?
Alexandre | | 08.05.08 - 7:16 pm | #
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Livros ? nas ferias? Queres o quê ? conselhos para livros levezinhos? Eu pessoalmente na estou a ver nada que te possa aconselhar. talvez um que te ensine a estar acordada e a ver coisas pessoas e costumes durante o maior tempo possível .
Caso encontres manda-me apenas o capitulo de como dormir pouco.
Estes nortenhos são loucos
frogas | | 08.05.08 - 10:04 pm | #
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Alexandre, fui buscar a citação em inglês da Wikipedia porque pretendia uma visão anglófona da tal versão contada no documentário de Spielberg, porque a versão americana parece que não é exactamente igual à europeia. E esse realizador está de que lado, afinal? Dos que perderam? Os americanos ganharam a guerra, fazendo o que foi preciso naquele momento. É o piloto do Enola Gay um monstro? Truman, que deu a ordem para que Hiroshima e Nagasáqui acontecessem? Obviamente que não, se não os tirarmos dos seus contextos. Mas esses, evidentemente, ninguém questionou na sua versão de heróis.
E que faz Spielberg senão tentar reescrever a história meio século depois, entrevistando um homem com uma doença mental degenerativa e esquecendo-se de o mencionar? E que fez ele à memória dos que testemunharam a favor de Münch? Chamou-lhes mentirosos ou, pior ainda, fez com que nem sequer existissem, tirando-lhes o pouco que lhes restava no fim da guerra: o direito de testemunharem e acusarem os seus algozes. Grande diferença na maneira como eu vejo o costurar e descosturar dos panos.
Münch não era um herói. Nem era um santo. Os factos dizem-nos que fez experiências com seres humanos num dos piores campos de concentração da História. Quem sou eu para o defender? Mas também quem sou eu para o atacar, se aqueles que o podiam e deviam ter feito escolheram antes defendê-lo e salvá-lo imediatamente após os factos e não meio século depois?
Hipatia | | Email | Homepage | 08.05.08 - 11:13 pm | #
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Frogas, eu quero desligar, não pensar em nada, não ver nada, não ouvir nada. A isso chamo férias. E uma das melhores formas que conheço para o fazer é ficar de papo para o ar embrenhada nas histórias de outros, especialmente se bem contadas
Hipatia | | Email | Homepage | 08.05.08 - 11:15 pm | #
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Concordo com quase tudo. Mas, mesmo assim, o post referido careceria destas afirmações de agora. Alguém que o leia somente, ainda deve achar que estas a encomiar o homem.
Encerro, de minha parte. Beijinhos.
Alexandre | | 08.05.08 - 11:46 pm | #
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Talvez seja ai que nunca vamos concordar, Alexandre. O que para mim está a mais é o revisionismo. Eu no post original contei uma história, tal como me foi contada a mim, baseada no que se passou a seguir à WWII. E a verdade que dali retiro é que nenhum de nós pode alguma vez acusar e apontar o dedo se antes não se tentar questionar sobre o que teria feito. E, por mais que todos pensem que seriam heróis, na verdade quase todos seriamos demasiado parecidos com Münch.
Depois, acho mesmo perigoso esta coisa de tentar rever a história. E, se não temos cuidado, ainda acabamos a questionar o que não devemos, como por exemplo as notícias que apareceram hoje nos jornais portugueses sobre a política de Israel de trocar assistência médica aos palestinianos por traições. E o horror do Holocausto - que nunca deverá ser esquecido - fica contaminado e as acções de um judeu americano com uma câmara na mão e exposição mediática passam a ter ar de lavagem de alguma coisa. Porque todas as coisas acontecem num contexto e, às vezes, até é preferível não ver esse contexto para não passarmos a questionar o inquestionável.
Hipatia | | Email | Homepage | 08.06.08 - 12:13 am | #
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