Há carros nas nossas vidas que deixam saudades profundas. No meu caso, reservo um bom pedaço de nostalgia por um mini amarelo esventrado e apodrecido, uma 4L azul cueca que largava a manete das mudanças nas descidas mais íngremes, um velhinho escort GT, que fugia de traseira nas curvas e foi roubado da porta de casa por um cabrão que não teve unhas para ele e o mandou para a sucata, ou o fiestinha que nunca me deixou ficar mal, me levou a todo o lado e que entreguei chorosa à mulher do mecânico com o aviso necessário para que não se esquecesse de lhe dar mais óleo que gasolina só para descobrir, dois anos mais tarde, que ela o tinha entregue – provavelmente com menos avisos – a um recém-encartado que lhe partiu o motor e me partiu o coração quando fiquei a saber. E agora é a pilequinha que morre. Vai-se. Não a volto ver. Raios para a pilequinha, que também leva um pedaço de mim, enquanto se aloja na minha memória e nas minhas saudades.
2 comentários:
A pilequinha não era japoneca...?
Era um verdadeiro samurai :D
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