2010-09-30
2010-09-29
Coisa estranha!
2010-09-28
2010-09-27
No canto do bar

É que eu acredito mesmo que não há nada mais infeliz e inábil do que um homem que se apanha de repente sozinho, de casa vazia, a ver os filhos com fins-de-semana contados e o medo da velhice a bater-lhe à porta, inseguro da barriguinha que não há ginásio que abata, a ver o canal de publicidade pela noite dentro e a comprar todos os "gadgets" que fazem abdominais por medida. E que não podem apregoar a solidão e a tristeza, que nunca se souberam permitir a aparência de fracos e aguentam as palmadas nas costas dos outros gajos, os "agora é que estás bem" e a afins, sem nem sequer saberem bem (ou não acreditando) como de repente o mundo de anos entrou em derrocada e não há mais ali ao lado a pessoa que ouvia o bom e o mau, tinha o jantar pronto a horas e restantes horários estruturantes, mais os putos a qualquer momento e as contas em dia e os programas marcados sem ter de pensar o que há para fazer a seguir. E foi-se ainda a casa, o seu território, o seu reino. E engolem, vão engolindo, saltitando de miúda em miúda e de carro em carro e agradecendo mas evitando os jantares em casa dos amigos que ainda estão casados e aparentemente felizes, preferindo antes um canto de um qualquer balcão de um qualquer bar e talvez um engate de ocasião para ver se ainda estão vivos. E é por isso que eu não acho que um homem habituado a família seja capaz de sobreviver bem sozinho, ou lidar com as emoções decorrentes. Ou sequer que consiga encontrar com a mesma facilidade que uma mulher um ombro solidário onde desabafar. É que nenhum gajo atura muito tempo um amigo infeliz; vai-lhe apresentar umas gajas e tentar passar em frente o problema, esperando o regresso do velho tipo que falava da bola e de política e das gajas que, podendo, havia de comer. As tais gajas que, agora, mesmo podendo, não come.
Um homem em luto de uma relação é uma caricatura dele mesmo, até nos excessos. E deve ser por isso que, num repente, estão casados outra vez. Não necessariamente felizes, mas pelo menos não tão assustados e sozinhos, novamente senhores de um pequeno território onde tentam encontrar o seu quinhão de sentido e, com sorte, uma certa medida de contentamento.
2010-09-24
Semanada

Agora, porque é que ninguém me disse que os meus cigarros iam outra vez aumentar de preço?
2010-09-23
(a)moralidades

2010-09-22
2010-09-18
2010-09-17
Bardamerdas!

Ainda nem tinha acabado de saborear o primeiro café do dia e já tinha uma besta a foder-me os cornos que não tenho mas a que todos os anormais teimam em fazer pontaria.
2010-09-16
2010-09-15
Lei de Murphy

2010-09-14
Meia dúzia
(foi no dia 24 de Agosto e o Espumante lembrou-se)
2010-09-13
Por vezes fêmea.
.
Espáduas brancas palpitantes:
asas no exilio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.
Natália Correia - Auto-retrato
2010-09-12
2010-09-10
Et voilà
«A resolução hoje aprovada tinha sido proposta por deputados do centro-esquerda, liberais e verdes.
Nela o Parlamento Europeu "expressa a sua profunda preocupação com as medidas que foram tomadas pelas autoridades francesas e de outros Estados-membros, " e "apela a essas autoridades para que suspendam imediatamente todas as expulsões dos Roma".
De caminho, a resolução lembra que as expulsões colectivas violam o Direito Europeu, pois constituem uma discriminação fundamentada na raça.
Os deputados europeus lamentam também "a retórica provocadora e discriminatória de alguns decisores políticos", bem como a falta de empenhamento do Conselho da Europa e da Comissão Europeia nesta questão. Fazem notar que a recolha de impressões digitais dos Roma expulsos é ilegal e contrária à Carta dos Direitos Fundamentais.
O Parlamento Europeu recorda que a lei europeia sobre a liberdade de circulação estipula que "em caso algum" a ausência de rendimentos pode justificar uma expulsão automática de cidadãos da União, e que quaisquer restrições à liberdade de circulação e permanência, só podem ser fundamentadas "num comportamento individual, e não em considerações gerais resultantes da prevenção, nem, sobre considerações sobre a origem étnica ou nacional".»
fonte
2010-09-09
Em casa onde não há pão...

«(5) The Representatives of the Member States, meeting within the European Council on 13 December 2003, agreed to build upon the existing European Monitoring Centre on Racism and Xenophobia established by Regulation (EC) No 1035/97 [3] and to extend its mandate to make it a Human Rights Agency.»
Council Regulation (EC) No 168/2007 of 15 February 2007
Uma nova crise na Europa apresenta-se como a crise de sempre: quando a fartura se esvai, o mito e o desígnio sonhado da supra-cidadania são subjugados a ditames xenófobos, envolvidos numa bela imagem economicista e legalista. E um dia destes fica provado que os alicerces são tudo menos sólidos quando falta a lente de aumento da bonança.
hmm (mais outro)

Ontem, num jornal desportivo, celebrava-se em plena manchete o "cinquentenário" a propósito do jogo n.º 50 de um fulano qualquer. Rica festa!