2011-08-17

Crise

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Quando estava a escrever a minha tese, pensei que seria a sustentabilidade a dar um impulso em direcção ao futuro, que a ideia de um bem global e comum talvez desmantelasse pouco a pouco os velhos conflitos e as velhas lógicas do lucro, deitando fora os velhos conceitos operativo-ideológicos e começando tudo de novo. Olhando hoje para trás, não sei se ainda acredito. Sei que as ideologias estão velhas e gastas. Que o capitalismo sem açaimos teima em provar Marx correcto, engalanando as suas deficiências e os genes da sua auto-destruição. Mas também sei que ninguém parece saber como ou sequer querer livrar-se das velhas formas de fazer. E a crise vai longa e dura, prometendo piorar; e as mudanças são assustadoramente lentas, deixando que, nos intervalos dessa lentidão, todas as catástrofes sejam possíveis por entre os estertores do velho sistema, gasto e falido. Já só parece sobrar sobreviver e esperar que do caos de hoje saiam as ideias novas para reconstruir um mundo que se prove mais sustentável, mas também mais solidário e, se possível, sem as derrapagens ideológicas para os velhos "ismos" do costume (nacionalismo, fundamentalismo, racismo...) e as suas prováveis e mais do que evidentes consequências nefastas. É que tem sido nos períodos de crise mais exacerbada que têm surgido os piores "gaiteiros de Hamelin".

6 comentários:

JoãoG disse...

Li algures uma grande verdade: Na crise de 1383-5, Portugal estava prestes a desaparecer, a fome reinava, os saques e malfeitorias abundavam. Trinta anos depois, Portugal já estava em Ceuta, a caminho da maior diáspora alguma vez feita neste planeta. Pensa positivo e escreve assim, longa e pausadamente.

Beijo,

Paulo Abreu e Lima disse...

Desculpa, o comentário anterior é meu. Porque sou um azelha, apaguei a anterior conta e respectivo blogue. Ando a reiniciar um outro. Sei que vais adorar o nome ;P

Hipatia disse...

Obrigada pela visita, Náh. Quando tiver um tempinho lá irei :)

Hipatia disse...

Eu ainda sei quem e o JoãoG, gajo!

E quero saber mais dessas novidades, mas não sei se vou perguntar. Afinal, estou amuada. Muito amuada. Parece que me deves pelo menos uma explicação, ou no mínimo uma descrição pormenorizada de como as viagens deram umas curvas diferentes.

Quanto às crises, todas são cíclicas, disso não há dúvidas. Mas não sei quanto às transformações que nos esperam; não sei se há barcos ainda a caminho do Ceuta. Vejo apenas barcos cheios de migrantes esfomeados a morrerem no meio do Mediterrâneo e uma classe média portuguesa que já nada tem para dispensar, porque até já as tripas nos levam.

Paulo Abreu e Lima disse...

Gaja (boa!),
Aqui as curvas são rectas porque quanto a viagens, Sata e, demasiadas curvas nos Açores: um telefonema explica tudo; uma visita, muito mais... :PPP
No que concerne a tripas, garanto que as vossas nunca estiveram tão boas.
Beijo repenicado, porque sim.
paulo

Hipatia disse...

Sata? Açores? Decididamente, as curvas forme bem curvas. Vou esperar pelos esclarecimentos adicionais :)))

beijo repenicado, porque não?