2025-04-24

Liberdade


Na madrugada de um abril que cheirava a cravos e promessa, os tanques rolaram não com o peso da guerra, mas com o silêncio da esperança. Soldados trouxeram nas mãos não armas afiadas, mas flores rubras. Lisboa despertou sem tiros, apenas o sobressalto das rádios sussurrando “Grândola, Vila Morena”. E o povo, esse eterno resistente, saiu às ruas como se soubesse que o país mudava de pele. Uma revolução sem sangue, comovida e concreta, feita de gestos pequenos e coragens imensas. Abril chegou assim, de fininho e de rompante, para lembrar que há sempre um dia em que o silêncio sabe gritar liberdade.