2025-04-12

Fascismo

O fascismo não chega com botas sujas e gritos histéricos — chega de mansinho, de fato novo, palavras doces e promessas fáceis. Vem travestido de ordem, embrulhado na bandeira, sorrindo para a câmera. Alimenta-se do medo, cresce na ignorância, floresce onde o pensamento se cala. É quando chamam à crueldade justiça, à censura moralidade. Quando o “nós” vira arma contra o “eles”. O fascismo mora nos silêncios que fazemos por conveniência, nas piadas que deixamos passar, nos absurdos que viram rotina. Não são precisos tanques ou fuzis: basta o conforto da indiferença. E enquanto muitos acham que tudo está sob controle, o fascismo infiltra-se nos corredores do poder, nos algoritmos, nas escolas, no cansaço de mais um dia de trabalho, na anestesia do quotidiano. E um dia acordamos e já é tarde. E o grito preso na garganta vira eco inútil. 

Sem comentários: