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Pois parece que toda a gente quer que eu conte por aqui cinco das minhas pancas. E sendo que sou "gaija" de uma série delas - assumidíssimas, aliás -, não me custa mesmo nada revelar algumas.
Odeio, mas odeio mesmo, de tal forma que me agride fisicamente, mãos com unhas roídas. Só a ideia de ter de cumprimentar uma mão assim, toda eu me arrepio num nojo total e absoluto. Claro que não falo daquelas unhas ratadas, que mal se notam que são roídas, mas aqui as minhas dioptrias ajudam-me. Estou a falar daqueles dedos onde já nem há unha, só sabugos sangrentos, horripilantes, de carnívoro ensandecido.
Também me passo com olhos tortos, não tanto aqueles em que está aqui um e outro no infinito. É mesmo com os outros, os que se juntam sobre o nariz. Sendo que não sei falar com as pessoas sem as olhar nos olhos, passo agruras a tentar evitar que os meus olhos entortem também, num jogo de reflexos. Talvez seja por isso que os que se reviram para fora não me façam tanta confusão, já que não consigo mimar o gesto. Ainda assim, dou por mim a encurtar conversas, a evitar falar com certas pessoas, porque os olhos tortos e eu temos uma relação muito, mas mesmo muito inconveniente.
Tenho outro problema com gente burra. Especialmente se se arma em esperta. E a primeira reacção é mesmo enfiar um par de estalos capaz de atar os queixos de uma boca aberta em pasmo, ou que não sabe estar calada quando só sabe dizer merda. Esta panca é particularmente problemática porque faz de mim uma grandessíssima snobe. Mas pronto: não há mesmo nada a fazer, porque duvido muito que ainda esteja em idade de mudar. De qualquer forma, quando falo de burrice não estou, de forma alguma, a falar de falta de cultura ou conhecimentos, ou sequer educação. É mesmo daquela gente de cabeça oca, empenhada em construir em objectos de demonstração de status aquilo que as sinapses inexistentes nunca lhes poderão dar.
Também tenho umas questões interessantes com a ordem por que estão distribuídas as canecas no armário. Os copos ainda vá, mas mudarem-me as canecas de sítio é motivo para começar a fumegar. Admite-se a primeira, a segunda, até a terceira vez, especialmente se estivermos apaixonados pelo infractor. Mas, a partir daí, é discussão pela certa e, em último caso, motivo bastante para declarar a porta da rua como serventia da casa. O mesmo, aliás, se aplica aos livros e cd's. Pratos e talheres, ou toalhas, ou até roupa suja fora do cesto, ou tampa da sanita levantada, são bem mais tolerados por estes lados.
Finalmente: o lado da cama. Não importa se esquerdo ou direito, tem de ser o lado da janela. Ponto final, parágrafo. E a cama tem de permitir espaço para que os meus bracinhos fiquem por cima da cabeça, que é assim que durmo e já não mudo. Isso mesmo: bracinhos em arco, por cima da cabeça, em pose de bailarina. E do lado da janela. E não me perguntem porquê, nem tentem sequer enganar-me. É que o mais certo é eu acabar à mesma do lado "certo" da cama, nem que para tal tenha de empurrar quem lá estiver para o meio do chão.
E agora, cá vão as vítimas: