2006-12-02

Um soneto de Natalia

Um soneto de Natália Correia a João Morgado (CDS-PP), relembrado aqui no Voz, em época de referendo.

«O acto sexual é para ter filhos» - disse o deputado do CDS-PP em anterior debate sobre legalização do aborto. A resposta, EM JEITO DE POEMA, que fez rir todas as bancadas parlamentares, veio de Natália Correia. Aqui fica:


Já que o coito - diz Morgado -
Tem como fim cristalino,
Preciso e imaculado
Fazer menina ou menino;
E cada vez que o varão
Sexual petisco manduca,
Temos na procriação
Prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
Lógica é a conclusão
De que o viril instrumento
Só usou - parca ração! -
Uma vez. E se a função
Faz o órgão - diz o ditado -
Consumada essa excepção,
Ficou capado o Morgado.

10 comentários:

Hipatia disse...

Grande escolha!

Espero que não te importes por ter posto o itálico e alterado a cor no poema. Pensei que merecia melhor e maior destaque :)

Hipatia disse...

Tu também estás em casa, ora :) Se não tiveres gostado, ponho como antes.

No post "Tantas vidas" coloquei um bocadinho de Cesariny: dois versos que adoro.

Mas às tantas tinha mesmo merecido mais...

Maria Arvore disse...

Olha que bem lembrado esse da Natália e esse anterior debate. :)

Miguel Horta disse...

Por vezes, as mulheres, têm a tendência para achar que todos os homens são primários e que estas questões não se atravessam nas vidas dos "machos" de uma maneira transversal, interrogando todos os princípios da vida.
Não é bem assim...
Quem já passou pela opção dolorosa, talvez explique melhor o que vai no coração dos homens que atalharam um caminho diferente.

Miguel Horta disse...

Maria:
Nunca sei como entabular uma conversa contigo...
Estou sempre desarmado.
E tenho a consciencia plena do "peso específico!" da tua Voz.

Hipatia disse...

Gaivina, vê uma coisa: não é esquecer o homem; muitas vezes é revolta por ver o homem esquecido. Se a penalização da IVG apenas incide sobre e penaliza mulheres, se aos olhos da lei e para fazer das mulheres criminosas o homem é esquecido, como se não estivesse envolvido desde o início em todo o processo, então essa discussão não dispensará argumentos masculinos? A importância das coisas é sempre relativa. Eu, quando defendo o sim no referendo da IVG, defendo também o fim da discriminação desta lei obscena que apenas criminaliza o útero e, cada vez que olho melhor, me assusta com o seu potencial para escolher (ou deitar fora) embriões "não viáveis" num arremedo de eugenia.

Pode um homem, verdadeiramente, cobrar-nos igualdade nesta questão quando, por força da lei, está criada a maior das desigualdades?

Anónimo disse...

Ah! só ela. Lembro-me bem dessa tirada.

Hipatia disse...

Quanto percebes de biologia? É que só assim. E daí... melhor não, que aquela gente do "não matem as criancinhas" nunca vai mesmo entender a coisa. Depois, já reparaste como é quase tudo gajo a repetir a mesma música? Tens a certeza que não te faz mal andares por essas paragens? Pois se nem percebem a diferença entre estar contra o aborto e a favor da despenalização do mesmo...

E, aqui entre nós, são da espécie do "capado", da saudosa Natália Correia. Antes um capão de cabidela ;-)

Miguel Horta disse...

E é Goooolo da Pantera!

Hipatia disse...

:)))

Que pelo menos uma consiga acertar com a baliza, lol