2008-06-30

Esterqueiro global


aqui

Aquilo que os ataques terroristas não conseguiram fazer em Setembro de 2001, conseguiu-o o próprio governo dos Estados Unidos: destruir de tal forma a economia do país que agora é o próprio "ecossistema" da economia global que parece implodir. O Bin Laden deve estar a bater palmas. E, se ainda mandar em algum poço de petróleo, deve estar a contabilizar os lucros e a pensar quanto do seu dinheiro vai ser destinado ao terror. Mas a merda é que todos nós estamos a ser arrastados para o esterqueiro que aquele lunático do Bush mais os seus apaniguados andaram a fazer durante oito anos. E nem tivemos culpa nenhuma naquelas eleições. O mesmo já não se poderá dizer da maioria absoluta do Sócrates, mas esse, em comparação, só vai destruindo a tal da westcoast.

2008-06-24

Striptease

Older chests reveal themselves
Like a crack in a wall
Starting small, and grow in time
And we always seem to need the help
Of someone else
To mend that shelf
Too many books
Read me your favourite line





A Maria Árvore desafia-me ao striptease fazendo a minha biografia em seis palavras. Não sei é se estou habilitada a fazer tal coisa. É assim como se tivesse que fazer o meu obituário: acho que me limitava ao "nascida a tantos de tal e morta a tantos de tal". De permeio, reticências e quem quisesse que as preenchesse. É que nós não somos só aquilo que achamos que somos; há também a forma como os outros nos vêem. E ai é que a porca torce o rabo: acho sempre que me vêem de uma forma bem diferente (quase sempre demasiado benevolente) daquilo que sou de facto. E os olhos dos amigos são sempre simpáticos, enquanto quem tem alguma coisa contra mim não poupa mimos dos outros. Mas eu sou muito complicadinha e há alturas melhores do que outras e as palavras de hoje não são necessariamente as palavras de amanhã e até para os mimos de todas as espécies depende sempre de que lado da cama acordei naquele dia.

De qualquer forma, não sou mulher para dizer mal de mim. Dai que tenha resolvido que, nisto como em tanta coisa, era possível desvirtuar ligeiramente o propósito da coisa. Lembrei-me então que, há uns tempos atrás, recebi um e-mail que era suposto fazer circular pelos amigos pedindo a cada um que me descrevesse numa palavra. Umbigo que sou, fi-lo imediatamente circular e recebi algumas respostas das quais agora escolho seis: irreverente; desassossegada, insatisfeita, viva, franca, desafiadora.

(Os mimos de outro tipo, deixo por agora de lado, já que sempre os achei demasiado enviesados por um qualquer fel com origem no cotovelo alheio.)

Note-se que estas não são, necessariamente, as palavras que escolhia hoje, mas hoje eu ando muito para o lado do copo vazio, cansada e sem paciência, farta e desinspirada, sem tempo e agrilhoada. Por isso, dou a volta à coisa escolhendo as palavras dos outros e fazendo-as minhas. Assim como assim, sabe sempre bem relembrar um elogio e, a ter que me desnudar na biografia, antes isso do que revelar publicamente as medidas, o cansaço e as olheiras que ultimamente o espelho me devolve.

E, como tenho de passar a corrente, segue a mesma para a Vanus – bem capaz de vir por cá dar-me alguns dos mimos dos outros só para me relembrar que não sou nenhum poço de virtudes –, à I, que deve estar descansadinha depois das férias nos States e a precisar de ser "melgada" um bocadinho e à Deep só porque sim.

2008-06-19

Portugal lá longe



A Selecção até pode vir embora hoje, mas os nossos emigrantes estão de parabéns pelo apoio incondicional a uma nação que os escorraçou para procurarem longe o que aqui é cada vez mais difícil obter. Ainda assim, fizeram a festa como nós já não sabemos fazer. Talvez seja da saudade. Ou talvez só quem está longe saiba realmente dar valor ao que deixou. E assim se justifica o desmesurado orgulho que corre a ver treinos ou atrás de um autocarro e enche estádios e sai às ruas. E que hoje vai sofrer. Noventa minutos com o coração nas mãos e a bandeira entre os dedos crespados, a saudade e a vontade de vencer. Talvez no fim ainda haja lugar à alegria. Por eles - que não desistem enquanto nós por cá teimamos em pôr defeitos, dizer mal e baixar os braços -, força Portugal!

2008-06-18

Andrajices


aqui


Parece que sou do clero. Felizmente, parece-me que clero franciscano. O que lá vai dando algum jeito, que dizem que será dos pobres o tal reino que há-de vir. Mas raios! eu cá sou povo, povo, povo! Eu quero ser plebe na blogos! Vai-me bem com tudo, até com o bolso, que isto está de uma maneira que, se espirro, lá se vai o pão, se tusso, vai-se a carne e de cada vez que pestanejo a gasolina já está mais cara. Para as guerras virtuais já acartei caixinhas de esmolas que cheguem. O meu peditório agora é outro e estou bem a marimbar-me para quase tudo, que a crise já se estende à inspiração e muito especialmente à paciência. Tempo e vontade para escrever é que não sobra quando me vejo cada vez mais vezes sentada no sofá a insultar o Governo, a Oposição, a Concorrência, a Globalização, os Preços, a Poluição, as Taxas, a Inflação, o Sócrates, o Pinto, o neto da Manuela e os primos dos outros todos e até o Scolari que se fez aos trocos lá para outro lado. Como para o ano o panorama não tem ar de vir a melhorar, a haver cortes no orçamento desta minha família de um e uma planta raquítica, acaba-se com os extras e a net vai à vida. E para os cagões vai o do costume: bardamerda!



(e que me perdoe o autor do texto que me inspirou – se alguma vez der com isto, claro – , mas vou racionar os links para ver se desce o número dos unique visitors que cá vêm ao engano, que os amigos até perdoam as ausências, o sem assunto, a falta de comentários e posts e nunca se esquecem do caminho por mais que os cães lhes saltem às canelas; é que me cheira que cada um tem, de facto, a blogos que merece e dorme mais ou menos descansado no ninho que armou.)

2008-06-17

shh...



(Não saberei nunca explicar o que me doeu fazer cara alegre, despreocupada. Ou de como as lágrimas se soltaram incontroladas pelos olhos fora mal me vi dentro do elevador. E espero que nenhum de vós aqui venha ler este lamento, que é preciso ser forte e acreditar. E eu quero acreditar! Mas também precisava de um espaço para gritar fundo este soluço que me amordaça a garganta por te saber, meu amigo, assim doente e magro. Tão frágil!...)

2008-06-05

Circo




Fácil ficar escondida tipo gato de rabo de fora, ou o tigre que ruge mesmo de barriga cheia. Fácil ter e defender uma opinião. Fácil ser tinhosa muitas vezes e bombástica em alguns dias. Fácil também, se estiver para ai virada e tiver os fósforos à mão, deitar fogo e ficar a ver o circo a arder. Fácil – cada vez mais – não deixar que as tendências pirómanas tomem o melhor de mim. Fácil verter o fel que, por vezes, me envenena o dia, passando a vilã pelos minutos que levam a compor um post. E fácil, naqueles dias que me correm bem, vir para aqui distribuir abraços e beijinhos e contar histórias do coração. Fácil vir. Fácil permanecer. Fácil saber que há sempre a hipótese de regresso, mesmo quando penso que o espectáculo já acabou. Fácil ficar no meu canto. Fácil manter algum recato. Fácil ainda rir. Fácil saber que sei ir à guerra, mas recuso pegar em armas só porque sim. Fácil manter leituras, como foi fácil deixar de ler tantos e lamentar por outros que já não posso ler. Fácil vir só ao fim da tarde. Fácil nem lembrar durante o dia. Fácil saber-vos por cá comigo.

Para além de mim (mas comigo sempre), a máscara que me apetece vestir, a personagem. Apenas um nick com uma pessoa por trás, igual a outra pessoa qualquer, cheia de defeitos e algumas virtudes, criatura e criador em comunhão.

E este blogue, como a vida, é uma arena de circo onde me cabe também aquecer sob a luz forte, suar um bocadinho, abrir um sorriso e deixar o espectáculo continuar.




(é que o Tozé não mandou só uma imagem)

Cinco!

Venham mais cinco
Duma assentada
Que eu pago já





Parabéns, velhote!

2008-06-02

Parabéns, menina!


aqui


E pelo lado da Noite se inaugura o mês dos parabéns :)

(...)


aqui

E quando nem se estava à espera – aliás, dormitava-se tristemente no sofá enquanto lá longe alguém fazia de conta que havia notícias novas para debitar e a Selecção estava escondida atrás de um pano –, toca o telefone e um amigo lembra-se só porque sim de nos telefonar para saber de nós. E sabe bem pôr a conversa em dia, mesmo que depois de desligar o telefone se tenha de gramar o Vitorino a dizer bacoradas sobre a crise.

2008-06-01

Aqui e agora


aqui

Da mesma forma que não me revejo na maioria da blogocoisa que por ai anda, também não temo ser metida num qualquer saco por quem não me lê nem sequer sabe que existo. E não me afecta a demonstração de ignorância, mesmo quando televisionada. Também não chego a entender o escândalo: se a maioria dos debates (?) com aquele formato, sobre todo e qualquer assunto, está pejada de maledicência e de enganos, se há muito já sabemos ao que vão os comentadores do costume (que apenas sabem dizer mais do mesmo e raramente com propriedade), porquê a escandaleira agora? Pior – bem pior – é quando botam faladura néscia sobre assuntos realmente importantes. Agora os blogues? Poupem-me! Dali não se esperava mais e o assunto, se virmos bem, também não merece tempo de antena. A não ser, claro, que quem por aqui anda e ficou tão escandalizado continue a perseguir um lugarzinho de comentador televisivo, para substituir os disparates que tecla pelos disparates que diz.

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