A Selecção até pode vir embora hoje, mas os nossos emigrantes estão de parabéns pelo apoio incondicional a uma nação que os escorraçou para procurarem longe o que aqui é cada vez mais difícil obter. Ainda assim, fizeram a festa como nós já não sabemos fazer. Talvez seja da saudade. Ou talvez só quem está longe saiba realmente dar valor ao que deixou. E assim se justifica o desmesurado orgulho que corre a ver treinos ou atrás de um autocarro e enche estádios e sai às ruas. E que hoje vai sofrer. Noventa minutos com o coração nas mãos e a bandeira entre os dedos crespados, a saudade e a vontade de vencer. Talvez no fim ainda haja lugar à alegria. Por eles - que não desistem enquanto nós por cá teimamos em pôr defeitos, dizer mal e baixar os braços -, força Portugal!
9 comentários:
A saudade não se apazigua com um sentimento de pertença?... ;)
Olha Hipatia, eu tenho cá a minha posição. Revolta-me um tanto que este futebol (não só o nosso, é claro) se jogue também como se fosse um jogo de xadrez.
Tive pena que não vencêssemos a Alemanha, tá visto. Mas do que tive ainda mais pena foi que não ganhássemos à Suíça!!!
Como disse tudo isto é planeado, deixar os jogadores descansar um pouco, de qualquer modo a eliminatória estava ganha, etc, etc..
Mas, amiga, para mim os nossos imigrantes mereciam uma vitória naquele jogo. No dia seguinte enfrentarem os patrões com o coração quente, a alegria de saberem que eram subordinados tinham sido os vencedores num campo de jogos.
E essa sensibilidade faltou.
Uma pena.
Força Portugal, não!
Força Portugueses, sim !
Já reparaste que o português é patriotico apenas em relação ao Futebol ?
Quanto à Selecção; é uma justa derrotada.
Falta-lhe humildade, e querer !
Somos mesmo assim: bairristas! Fartamo-nos de falar mal disto, mas ai de quem se atreva a fazê-lo à nossa frente. Sem dúvida que a distância aumenta esse sentimento de pertença. Uma vez que fiz uma viagem para França com amigos, todos os TIR que passavam por nós em Espanha ou França faziam sinal de luzes. Quando encontrámos um camionista português no Havre, fizemos uma festa! Acho que está em nós!
Boa semana. :)
Sem dúvida :)
Muita coisa falhou Emiele. Mas, apesar do tanto de mal que se pode dizer, nunca esta selecção de Scolari me envergonhou como os que foram ao México ou, mais recentemente, os do Mundial da Coreia. E julgo que os nossos emigrantes ficaram felizes à mesma. É que mesmo eliminados, chegamos a ser favoritos e, isso, ninguém lhes tira: o País é favorito (mesmo que derrotado) em alguma coisa.
Não, Tozé: a maioria dos portugueses que estão longe de Portugal é fervorosamente patriótica. A tradição do dizer mal parece ficar-se sempre na fronteira e, visto de fora comparado com outras realidades, o País - apesar de tanto e tanto - pode ser profundamente apetecível, até porque apenas recordado nas suas melhores características.
E a selecção, como disse acima, portou-se bem melhor do que outras anteriores. Foi derrotada, mas não nos envergonhou ao perder propositadamente ou andando tudo à porrada nos balneários e até dentro do campo.
É isso mesmo, Deep. Mas talvez eu tenha uma visão muito bairrista também disto. Que me perdoe quem nasceu a Sul do Mondego, mas cá para cima somos menos fadistas e, sim, longe do País, que ninguém se atreva a dizer mal, que desfiamos de imediato os Lusíadas ou as qualidades do clima, do vinho, das praias, das romarias, da hospitalidade, do etc, etc, etc :)
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