2011-03-07

A fulanização

The Hives - Puppet On A String
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De um momento para o outro, pior do que um tutear que não foi pedido ou concedido, temos a fulanização total e absoluta, passando toda a gente a fulano. E os fulanos, por norma, são aqueles que berram pelos direitos que nem sabem que têm porque outros berraram antes e berram ainda contra os direitos dos outros, os tais que nem sabem que existem. E estes fulanos que berram e berram há muito que se eximiram da cidadania. Pior, nesta democracia de fulanos, os fulanos são sempre os outros. E, esses, claro que não têm os mesmos direitos que o fulano que berra, especialmente se os direitos de uns e outros estão em confronto. Porque a liberdade dos fulanos nunca acaba onde começa a liberdade de outro fulano. Enquanto berra, assume que a sua liberdade de fulano é a única ilimitada. Se for preciso, até se arranja uma manifestação de muitos fulanos pelas ruas. Berrando contra tudo e contra todos. Propor ou fazer é que já não é coisa de fulano, parece, mas podemos sempre mandar uns fulanos à Eurovision.

2 comentários:

mfc disse...

Os fulanos ganharam pela mensagem interna que sempre passaram... simbolizam uma certa ideia de contrapoder!

Hipatia disse...

Talvez seja uma questão de feitio, da forma como sempre achei que, seja o que for que se comece, é para terminar e ver frutos; que se há alguma coisa a precisar ser mudada, então arranja-se forma diferente de fazer. É do meu feitio não gostar de meias tintas, de saudosismos e outros ismos que tais, de choradinhos e constantes reclamações só porque sim e de constante dizer mal sem alternativas. E neste país de fulaninhos, irrita-me que a luta seja alegria em tom de anedota e as passeatas não sejam para levar a sério porque não trazem nada de novo e as oposições nem sequer queiram ser governo. É feitio, é. E talvez o verdadeiro fado seja esta merda de país de fulanos cobardes que nos sobram, de mão sempre estendida para pedir, mas sem nunca quererem realmente dar nada à troca. E invejosos também, que nunca pedem só para eles, pedem sempre contra alguém, mesmo que esse alguém seja quem os pariu e que tanto sacrificou na esperança que não voltassem ao tempo em que uma sardinha alimentava oito filhos e o gato e fazer a 4ª classe era só para fidalgo.

Contrapoder? Não há! Há o poder que se multiplica e só de vez em quando tem cor diferente e um maralhal de fulanos a reclamar.