Num qualquer 8 de Maio, vi um homem perder o comboio e foi como se perdesse o continente inteiro.
Tinha nos olhos uma pátria desfeita, um idioma sem lugar no mapa. À volta dele, migrantes e medo. Um pouco mais ao lado, uma guerra a acontecer.
Falam de unidade, de paz, de valores comuns.
Mas eu, que sou feita de fronteiras e de ausências, só encontro na Europa de hoje um silêncio onde os velhos hinos dormem, um vinil riscado a repetir promessas que ninguém se lembra de cumprir, uma ausência de ser burocrática e caduca onde os sonhos vão morrer.
Hoje é Dia da Europa.
Na minha rua, ninguém festeja. As andorinhas voltaram, como sempre, sem precisar de passaporte.
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