Acordo e sinto pelas frestas da persiana que o dia se prepara para nascer. O quarto começa a ficar na penumbra, consigo distinguir as silhuetas dos móveis, das cortinas, a cadeira ao canto, a televisão depois, os pés da cama... As cortinas de gaze vermelha aligeiram os contornos provocados pela luz branca que se escoa pela janela.
Mais do que pressentido, vejo agora o teu corpo entregue ao sono. A cabeça na almofada, o braço que ainda me envolve, os olhos fechados, o cabelo em desalinho pelo sono e pelo tanto que os meus dedos o percorreram. Sinto o teu calor contra a minha pele, o nosso cheiro misturado, a tua respiração cadenciada.
Soergo-me no cotovelo e fico assim a contemplar-te, tão entregue, quase menino, muito homem. Não quero acordar-te. Gosto de te ver assim. Gosto de imaginar que povoo os teus sonhos. Gosto do ar relaxado, quase me sinto orgulhosa por o ver.
O peito enche-se-me de um carinho imenso, uma quase dor, uma sensação tão forte que não resisto ao suspiro que já se me escapa pelos lábios. Ergo a mão lentamente e de leve, muito de leve, afasto uns poucos cabelos que te caem sobre a testa. Encosto-me mais a ti, ao teu corpo adormecido. Muito de leve ainda, que não te quero acordar, beijo um olho fechado, depois o outro. Mexes-te de repente e eu paro. Fico só a olhar-te. E o dia nasce e eu tenho vontade de agradecer este dia, a Deus, ao Diabo, ao Infinito, seja ao que for. Agradecer a dádiva de te ter aqui assim, tão entregue, tão morno, tão em paz. E agradecer este calor que se espalha pelo meu corpo, pelo carinho que me controla os gestos, pela paixão que me faz enrolar agora o meu corpo, enfiar-me outra vez no quente dos teus braços e adormecer de novo. Em paz também. Hoje estou em paz...
Sei que me vais ler e quase pressinto o supetão com que reagirás a ver este texto aqui. Ainda é a nossa busca, o nosso eterno mito, a nossa meta feita para o dia-a-dia. Será sempre o encontrar nas pequenas coisas o paraíso que, um dia, nos prometeram. Aquele que tardamos a encontrar e, ainda assim, não podemos - não podemos mesmo - permitir-nos deixar de visualizar. Temos de continuar a sonha-lo, a quere-lo com toda a força que ainda nos reste, nos sobre, depois de tantas lutas inglórias, tantas mágoas, tantas mazelas.
Chegaremos algum dia a ficar realmente mais fortes? Eu queria fazer-te acreditar que sim. Dar-te num beijo tudo o que já aprendi; sorver noutro tudo o que já aprendeste. Fazer da nossa estranha partilha o caminho para encontrar o caminho verdadeiro. Lavar da alma o feio, o dolorido, secar todas as lágrimas, as choradas e as que nos sufocam de tão contidas. Calar a dor, todas as dores. Dores novas e dores antigas, dores suportáveis e aquelas que nos rasgam. Escoar da memória cada slide sem sentido, cada frase que se repete, ecoa, nos amordaça e nos mirra por dentro...
De certa forma, teria sido tão bom, teria sido tão perfeito estar em paz nos teus braços e tu nos meus. Mas não me canso, não desisto. Não quero que te canses. Odeio a ideia de que desistas. E agradeço-te a "quase paz" que me sabes dar.
Mais do que pressentido, vejo agora o teu corpo entregue ao sono. A cabeça na almofada, o braço que ainda me envolve, os olhos fechados, o cabelo em desalinho pelo sono e pelo tanto que os meus dedos o percorreram. Sinto o teu calor contra a minha pele, o nosso cheiro misturado, a tua respiração cadenciada.
Soergo-me no cotovelo e fico assim a contemplar-te, tão entregue, quase menino, muito homem. Não quero acordar-te. Gosto de te ver assim. Gosto de imaginar que povoo os teus sonhos. Gosto do ar relaxado, quase me sinto orgulhosa por o ver.
O peito enche-se-me de um carinho imenso, uma quase dor, uma sensação tão forte que não resisto ao suspiro que já se me escapa pelos lábios. Ergo a mão lentamente e de leve, muito de leve, afasto uns poucos cabelos que te caem sobre a testa. Encosto-me mais a ti, ao teu corpo adormecido. Muito de leve ainda, que não te quero acordar, beijo um olho fechado, depois o outro. Mexes-te de repente e eu paro. Fico só a olhar-te. E o dia nasce e eu tenho vontade de agradecer este dia, a Deus, ao Diabo, ao Infinito, seja ao que for. Agradecer a dádiva de te ter aqui assim, tão entregue, tão morno, tão em paz. E agradecer este calor que se espalha pelo meu corpo, pelo carinho que me controla os gestos, pela paixão que me faz enrolar agora o meu corpo, enfiar-me outra vez no quente dos teus braços e adormecer de novo. Em paz também. Hoje estou em paz...
Sei que me vais ler e quase pressinto o supetão com que reagirás a ver este texto aqui. Ainda é a nossa busca, o nosso eterno mito, a nossa meta feita para o dia-a-dia. Será sempre o encontrar nas pequenas coisas o paraíso que, um dia, nos prometeram. Aquele que tardamos a encontrar e, ainda assim, não podemos - não podemos mesmo - permitir-nos deixar de visualizar. Temos de continuar a sonha-lo, a quere-lo com toda a força que ainda nos reste, nos sobre, depois de tantas lutas inglórias, tantas mágoas, tantas mazelas.
Chegaremos algum dia a ficar realmente mais fortes? Eu queria fazer-te acreditar que sim. Dar-te num beijo tudo o que já aprendi; sorver noutro tudo o que já aprendeste. Fazer da nossa estranha partilha o caminho para encontrar o caminho verdadeiro. Lavar da alma o feio, o dolorido, secar todas as lágrimas, as choradas e as que nos sufocam de tão contidas. Calar a dor, todas as dores. Dores novas e dores antigas, dores suportáveis e aquelas que nos rasgam. Escoar da memória cada slide sem sentido, cada frase que se repete, ecoa, nos amordaça e nos mirra por dentro...
De certa forma, teria sido tão bom, teria sido tão perfeito estar em paz nos teus braços e tu nos meus. Mas não me canso, não desisto. Não quero que te canses. Odeio a ideia de que desistas. E agradeço-te a "quase paz" que me sabes dar.
2 comentários:
Obrigado pelas palavras! :)
Até já!!
Até já, então :))
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