2007-03-27

Fake Plastic Trees



But I can't help the feeling
I could blow through the ceiling
If I just turn and run

And it wears me out, it wears me out
It wears me out, it wears me out

Talvez seja uma espécie de fuga, como se quase não tivesse importância, como se a opressão, a ditadura, o medo, nem tivessem muita importância num esquema muito leve da realidade. A História continuará e se antes se fazia a História dos vencedores, agora faz-se a História da desmemorização. No fim, talvez seja essa a realidade breve, sem importância, tipo jogo com votações que dizem que há, e valores acrescentados só porque sim. Uma breve realidade para além de qualquer realidade da História: os interesses brevemente a nu, à procura do próximo fogacho breve e brevemente esquecido. Breve, brevíssimo… Siga!

13 comentários:

Bastet disse...

Cá para mim, conforme postei hoje, a culpa é da Odete :)

SilentFreak disse...

Hoje em dia (e parece-me que sempre alguém se queixou de "hoje em dia desde que há mundo) quer-se saber, quer-se eficácia, quer-se modernidade, criatividade, beleza. Se plástico for mais barato, mas porque não? Quer-se tudo saber, saltando a parte do aprender, não há tempo para isso.

Salazar foi grande. Chega aos nossos olhos como muita coisa, mas definitivamente grande, bom e mau. E o que se quer é isso, algo que impressione a vista. Se puder chocar. . .tanto melhor, mais se vê.

Nunca pensei comparar António de Oliveira Salazar à Music TeleVision.

Que lindo video de RadioHead . . .nunca tinha visto.

Maria Arvore disse...

A História é pau para toda a obra, consoante o sítio para onde apontamos a iluminação como a luminotecnia de um palco.
Os saudosistas do Último Imperador e do Grande Império Português, conseguiram uma vitória para encher o ego.
Só me chateia que tantos votos representem gente com pala nos olhos que só vê a história pelo lado dos fortes.

deep disse...

Sinal de desilusão em que tudo vale?

Podes não acreditar: quando aqui cheguei, acabara de ouvir - mesmo! - "Fade Out" dos Radiohead.


Bom resto de semana.

Chellot disse...

Uma espécie de fuga, esquecida pelo tempo e pela vida. Por vezes nos sentimos assim, parece que algo foge de nossas mãos e não conseguimos segurar a tempo.
Goste do seu blog.

Beijos de chocolate.

Hipatia disse...

Claro que a Odete tem culpa: fez um papelão de tal forma triste que até eu, que nem sou dada a essas coisas, me sentia cada vez mais envergonhada com os perdigotos e os despautérios.

Mas até que ponto não é antes isto tudo fruto da nossa geração, amiga?

Hipatia disse...

Salazar foi um azar que aconteceu na História de Portugal, datado e passado e, julgava eu, bem enterrado. Afinal não...

E mesmo sendo o programa uma pimpineira e nem sequer se pensar em rigor na análise de votações e resultados, só me parece possível porque a cultura chiclet, de mascar e deitar fora rapidamente se vai instalando por todo o lado. Mas o que é que acontece a um povo sem memória? Dedica-se ao fado, ao futebol e a Fátima? Às tantas já faltou mais...

(Esta é uma das minhas músicas favoritas dos Radiohead. Acho aqui a voz do Thom York encantadoramente frágil)

Hipatia disse...

Em termos práticos, não nos devia nem aquecer nem arrefecer, não é Maria Árvore? Mas a verdade é que chateia. Muito!

Já agora, viste ontem o programa do António Barreto? Interessante vir logo a seguir na programação da RTP…

Hipatia disse...

Talvez seja mesmo um certo desencanto com estes anos de enfiada a apertar o cinto, Deep. Mas estranho que ninguém recorde que antes nem cinto havia…

Hipatia disse...

Antes de mais, bem-vinda à Voz, Bruxinhachellot.

Quanto ao post, vem na sequência de um programa da televisão pública portuguesa que se dedicou a eleger “o maior português de todos os tempos”. E os portugueses, que têm uma coisa qualquer com o saudosismo e a falta de memória e só estão bem a dizer que antes é que se estava bem, em lugar de olharem para o futuro, resolveram-se a eleger um anacronismo que durou quase 50 anos e fez o País parar no tempo: Oliveira Salazar. Seria assim como se os brasileiros, ao elegerem a maior figura da sua História, não tivessem outra ideia do que eleger o Emílio Médici e ainda tratarem de dizer que os “anos de chumbo” afinal nem foram bem assim, que nem foram assim tão maus…

Anónimo disse...

(offtopic, liga-me pq tenho que orientar a minha vidinha e não tenho saldo)

Pá não sei do que te espantas, quanto aos putos é bom que não se lembrem da ditadura, é sinal que já passou e para eles não passa de mais uma data histórica equivalente à segunda guerra mundial. Quando chegarem a mais adultos terão tempo para se rever nas duas posições.

Quanto à nossa geração, apesar de muitos de nós sermos mais memoriados, muitas vezes isso não passa de um aproveitamento no sentido oposto, portanto...vai dar ao mesmo, porque já crescemos em liberdade, embora sintamos a dívida que os nosso pais incutiram em nós relativamente às suas vidas e suas lutas (coisa que acho absurda, porque quem luta o deve fazer para si e para os outros sem o ter que cobrar - que é o que mais tenho visto por aí em relação a este assunto).

Quanto às gerações mais velhas, nestas coisas os conservadores ganham sempre, os cépticos ficam-se mais pelo criticar e esperar o resultado do que pelo agir; a não ser que lhe chegue à pele.

Mas como diz o oldman, muito disto também tem a ver com as promessas que abril supostamente daria e afinal não deu, o que não deixa de ser verdade, e um gajo quando é velho apega-se à realidade comezinha do dia-a-dia e larga os sonhos.

Depois, tirando os gajos que criticam este tipo de coisa e lhe dão publicidade, aqueles que participam nela têm sempre perfis muitos extremistas... ou tu ou eu votamos nisto?
Não, pois não? então porquê criticar uma amostra que sabemos tão reduzida e por isso tão definida por variáveis facilmente manipuláveis?

Sinceramente, eu não esperava outra coisa de um programa destes, e daí que não lhe confiro nenhuma credibilidade na tendência a nível nacional.

Hipatia disse...

Claro que não votei. Só que, mesmo percebendo muitos dos porquês e até sabendo que era só (mais) um programinha, confesso que achei que seria diferente. Talvez não devesse achar nada, especialmente depois de gramar alguns minutos dos ditos documentários, mas porra! um ditador? Nem que fosse só por uma questão de princípio: ninguém vota num ditador para maior de coisa nenhuma.

Anónimo disse...

Mais Vozes

cá p'ra mim foi a malta jovem que votou, no gozo, sem pensar nas leituras possíveis da vitória de uma tal personalidade... a mim diverte-me, a sério!
fábula | Homepage | 03.27.07 - 10:17 am | #

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A mim não me diverte nada. Especialmente se foi a malta jovem a votar. Prefiro pensar que foram uns quantos cobardes que andaram calados alguns de anos e agora reencontraram os colhões que no pós-25 de Abril lhes tinham desaparecido subitamente
Hipatia | Homepage | 03.28.07 - 8:01 pm | #

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eu não levo a sério esta votação, como é que se pode levar uma coisa destas a sério? p'ra começar nunca concordei com o concurso, com a lista de personalidades, nem com o modo como foram eleitas...
fábula | Homepage | 03.29.07 - 10:12 am | #

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Sei bem que era um programinha de merda, mas tudo tem significado e não há coincidências... Já leste sobre o cartaz que a Extrema-Direita pôs no Marquês de Pombal em Lisboa?
Hipatia | Homepage | 03.29.07 - 7:46 pm | #

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nop, confesso não estar informada sobre isso.... :p
fábula | Homepage | 03.30.07 - 10:09 am | #

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E agora que os Gato Fedorento também meteram a unha no assunto e a CML resolveu estragar a festa?
Hipatia | Homepage | 04.08.07 - 11:40 pm | #