2009-09-28

Os discursos da vitória


aqui


(já se sabia que iam ganhar todos)


Achei o discurso de Ferreira Leite bastante inteligente, permitindo-lhe manter a cara e proteger as costas dos tantos que já se devem perfilar no PSD para lhe fazerem a folha. De Jerónimo de Sousa não ouvi nada de novo que, bem antes de começar, já sabíamos que a CDU ganhou, como ganha sempre. Não gostei do discurso de Francisco Louçã, pela óbvia descortesia a todos os portugueses que, ao votarem no PS (muito mais do que ao Governo ou ao Primeiro Ministro) foram assim postos de lado pela falta dos parabéns da praxe e pela forma absurda como, ali pelo meio, decidiu demitir um membro do Governo. Do discurso de José Sócrates resta aquele ar de que agora que este está arrumado, vamos é tratar do próximo e o puxão de orelhas fanfarrão a Francisco Louçã. Sobrou Paulo Portas, figura de que nunca gostei, de que continuo a não gostar, mas que ontem, depois de uma campanha a todos os níveis miserabilista e depressiva, enchia a televisão de felicidade e, especialmente, pelo elogio a todos os presidentes passados do CDS, partido que há bem pouco tempo parecia resumido ao seu líder. Se o vencedor se medisse pela felicidade do líder e não pelo número de votos, Paulo Portas tinha ganho ontem as eleições. O estranho é que, com os vinte e um deputados que elegeu, às tantas ganhou mesmo. Falta é saber o que vem a seguir.

7 comentários:

Anónimo disse...

Meu Deus, que análise ponderada...

Hipatia disse...

xiii!... quando metes deus ao barulho, toda eu estremeço.

(Método D'Hondt?)

Anónimo disse...

Parcimónia tua ;)

(Círculos uninominais)

I. disse...

O Paulo Portas dá-me medo. Muito medo. Mas tenho que reconhecer que, dos líderes partidários actuais, deve ser o mais inteligente e arguto. O que aumenta o meu medo.

(e concordo com a história de se passar a dar subsídios sociais em géneros, ao menos parcialmente. tipo senhas remíveis em bens essenciais. sim, que eu já morei perto de um bairro social, e ia comprar o pãozinho de manhã enquanto os mitras comiam a sua tosta mista e galão no café. pagávamos nós, né.)

Hipatia disse...

Sou muito pouco moderada, meu caro :)

(quem mos dera! ao menos tinha um cromo a quem cobrar directamente e insultar por escrito de cada vez que houvesse merda na AR)

Hipatia disse...

Por acaso, nesse particular, também acho que o senhor não esteve muito ao lado do que era preciso fazer. As senhas parciais seriam uma hipótese, mas cheira-me que, num instante, passaria a haver mercado negra para as ditas. Devia ser qualquer coisa a cair mais no âmbito da fiscalização: uns fiscais na rua, umas visitinhas não programadas. Mas se nem para as baixas médicas fraudulentas funciona, não sei bem como isto ia lá.

Tirando isso, se bem que tenha medo das falinhas mansas do Portas, também me parece certo que ele, que até já esteve no Governo, não vá querer desbaratar à toa o capital de confiança que lhe foi dado por muito centro-direita. Ou então, daqui a dois anos (não acho que passe disso) lá vão ao ar os 21 deputados. Talvez seja suficiente para o amansar.

Mas foi acima de tudo o discurso mais feliz e de maiores elogios para um partido que me parece renascido e renovado. Aliás, parece que temos outra vez partido. Quando Portas regressou à Presidência do CDS-PP, o partido parecia reduzido a uma figura mediática e pouco mais.

Anónimo disse...

Mais Vozes

é verdade, até o PSD, apontado como o grande derrotado, conseguiu eleger mais deputados agora do que na anterior legislatura...
eu simpatizo com o Louçã, mas realmente no "discurso dos resultados" não esteve bem. =P
fabulosa | Homepage | 09.28.09 - 10:47 pm | #

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Ontem ouvi um comentador qualquer dizer que, um dia destes, o BE tem de começar a ter medo de Louçã. A verdade é que o crescimento que teve não chegou ao que devia ter tido e permite-lhe continuar a ser oposição por oposição. E enquanto não virmos responsabilidade por decisões que afectam todos e não apenas capitalização dos descontentamentos, continuaremos a ter apenas um partido na sua infância. A ver como se sai, o que propõe, o que viabiliza e, acima de tudo, o que inviabiliza e como o faz. Chegou a altura do BE ser mais do que o partido do contra.
Hipatia | Homepage | 09.29.09 - 2:10 pm | #