Expresso 23/05/2013
Quantos acompanham este blogue sabem bem que raramente reservo boas palavras para a ICAR. Mas, como todas as instituições, esta é constituída por pessoas e, para essas, a minha (má) opinião generalizadora terá de ser omitida em função do caso concreto.
Exemplo disso mesmo era Don Gallo, padre salesiano que defendia um Concílio Vaticano III onde, finalmente, a ICAR enfrentasse questões essenciais como a pobreza da Igreja, a abolição do celibato e a ordenação de mulheres.
Andrea Gallo faleceu ontem e duvido que tão cedo apareça um padre disposto a fumar erva no meio da rua para defender o fim da criminalização dos utilizadores italianos de drogas leves, ou aceitar ser personalidade gay do ano, ou até mesmo afirmar que o que falta à ICAR é um Papa Gay.
Para mim, que o descobri há muito pouco tempo quando o fui procurar depois de ver um comentário italiano num dos muitos vídeos sobre a interrupção de Passos Coelho no Parlamento pelo "Grândola Vila Morena", fica a pena de nunca ter estado numa missa rezada por este padre, uma missa que, certamente, terminaria com Don Gallo de lenço vermelho na mão a cantar o "Bella Ciao" em plena igreja, com um coro animado de paroquianos que bem sabiam em que contexto este homem invocava hoje o hino anti-fascista italiano.
Talvez um dia destes o "Grândola" chegue ao fim das missas portuguesas.
2 comentários:
Estava convencida que tinha deixado aqui um comentário, e afinal enganei-me. Excelente texto, Hipatia. Bem melhor do que aquele que eu deixei no facebook. Concordo 100%. Vou partilhá-lo no meu fb (não te aborreças, é só para os amigos que não são nenhumas centenas...)
Leva para onde quiseres, minha amiga. Assim como assim, eu acho sempre que me lês com olhos demasiado benevolent es :)
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