aqui
Se a Voz acabasse aqui, deixava uma primeira página de que não me envergonho muito. Congelava assim, para memória futura, um blogue tal como eu o entendo: um registo diário de qualquer coisa que me apetece, a liberdade para a escrever, um reflexo de um estado de espírito.
Tudo o mais não cabe na minha Voz. Ou, pelo menos, não cabe “nesta” Voz. Os ensaios “sérios” gosto ainda de os ler em formato papel, com margens onde posso escrevinhar notas, perenes para além do amontoado de arquivos esquecidos, de páginas passadas, onde ninguém vai, excepto por engano.
Se a Voz acabasse aqui, tinha cumprido a sua função: um diário que não se leva a sério, uma série de entradas datadas e despretensiosas, um espaço anónimo e anódino que, algumas vezes, conseguiu tocar a corda de um qualquer sentimento de quem veio cá espreitar isso mesmo: a simplicidade de dizer coisas sem procurar nem fama nem proveito, correndo por gosto e por isso mesmo gostável.
Querer um blogue para mais do que isto parece-me supérfluo. Ou, pelo menos, manter um blogue para mais do que isto parece-me exagerado. Até a política, para ter valor, precisa ser feita no seio da coisa pública, onde mais do que a palavra, precisa valer o acto. Os púlpitos, por mais importantes que pareçam, existem apenas para as danças de cadeiras do costume e não podem basear-se em meia dúzia de atoardas com a data do calendário pespegada no topo.
Deve ser por isso que nunca liguei muito ao que tantos pretendem que sejam os mandamentos de S. Blog: demasiado ridículos, especialmente na sua vacuidade pretensiosa de fundamentos de doutrina.
Se a Voz acabasse aqui, congelava momentos da vida de uma pessoa banal que, no seu anonimato, escolheu o direito a esconder-se atrás de um nome que não lhe deram no baptismo. E até por isso consubstancia a liberdade profunda de escrever por vontade, atirar para o éter e deixar partir para os arquivos do esquecimento, palavras finitas e sentimentos passados.
Tudo o mais não cabe na minha Voz. Ou, pelo menos, não cabe “nesta” Voz. Os ensaios “sérios” gosto ainda de os ler em formato papel, com margens onde posso escrevinhar notas, perenes para além do amontoado de arquivos esquecidos, de páginas passadas, onde ninguém vai, excepto por engano.
Se a Voz acabasse aqui, tinha cumprido a sua função: um diário que não se leva a sério, uma série de entradas datadas e despretensiosas, um espaço anónimo e anódino que, algumas vezes, conseguiu tocar a corda de um qualquer sentimento de quem veio cá espreitar isso mesmo: a simplicidade de dizer coisas sem procurar nem fama nem proveito, correndo por gosto e por isso mesmo gostável.
Querer um blogue para mais do que isto parece-me supérfluo. Ou, pelo menos, manter um blogue para mais do que isto parece-me exagerado. Até a política, para ter valor, precisa ser feita no seio da coisa pública, onde mais do que a palavra, precisa valer o acto. Os púlpitos, por mais importantes que pareçam, existem apenas para as danças de cadeiras do costume e não podem basear-se em meia dúzia de atoardas com a data do calendário pespegada no topo.
Deve ser por isso que nunca liguei muito ao que tantos pretendem que sejam os mandamentos de S. Blog: demasiado ridículos, especialmente na sua vacuidade pretensiosa de fundamentos de doutrina.
Se a Voz acabasse aqui, congelava momentos da vida de uma pessoa banal que, no seu anonimato, escolheu o direito a esconder-se atrás de um nome que não lhe deram no baptismo. E até por isso consubstancia a liberdade profunda de escrever por vontade, atirar para o éter e deixar partir para os arquivos do esquecimento, palavras finitas e sentimentos passados.
O futuro continuará a ser feito das palavras ainda não ditas e, por isso mesmo, as únicas com real valor.
(E o "mood" está na música...)
35 comentários:
"a simplicidade de dizer coisas sem procurar nem fama nem proveito, correndo por gosto e por isso mesmo gostável."
é por isso mmo! :)
É também o que gosto em todos os blogues amigos ;-)
Cada um faz os seus próprios mandamentos, Hipatia.
Aqui no Éter só temos mesmo que fazer aquilo que quisermos.
;-)
De vez em quando fazes-me cair o queixo de espanto...
Beijo grande
lol, Emiéle!
Nem imaginas quantos posts já pus em dieta, logo depois de os escrever. Exactamente porque me pareciam demasiado grandes. Até este ficou sem uns quantos parágrafos. É que o blogue pode ter muitas coisas, mas ainda não tem margens. Depois, penso sempre que as ideias que não escrevi podem ser desenvolvidas na caixa de comentários. Claro que quase nunca são, eheheh. Mas fica a intenção, certo?
Isto é um media de consumo rápido. E há muitos blogues a visitar, muita coisa a ler. Se desatamos a ser chatos todos os dias, acabamos a falar para o boneco. E, ainda que me pareça que poucos gostem de admiti-lo, o nosso ego quer leitores, ainda que os menos pretensiosos não façam questão alguma em criar doutrina ;-)
Já cá não vinha há algum tempo. Isto de mudar de casa e estar quase a ser pai outra vez dá muito trabalho.
Espero que este "se acabasse" seja só mesmo um "se". Já me chega o fim do Chez Maria!
E quanto ao anonimato de que falas, é uma das coisas de que gosto nos blogs. É como saber pelos comentários que vamos fazendo que tu és quase minha vizinha e que no entanto não fazemos ideia de quem é o outro.
E de podermos libertarmo-nos sem receios, sem prisões.
Beijo grande.E continua...
Claro, Old Man. Mas acabamos quase todos a dar conselhos em alguns dias, como se houvesse uma fórmula secreta. E normalmente dá merda quando nos lembramos de inventar uma "fórmula". Isto dito, claro, por uma blogger que se mantém fiel ao fundo azul-escuro, as letras azul-cueca e um texto ou uma imagem em epígrafe e a mania de querer escrever sempre só o que lhe apetece... oh well...
Só de vez em quando, Espumante? Estou chocada!
:P
É só um "se" mesmo, Patologista, ainda que esteja a abrandar o ritmo. E, queres saber?, até parece que - ao querer escrever menos - fiquei com mais vontade para escrever. Talvez já devesse ter deixado de escrever todos os dias há mais tempo... a ver no que dá :)
E, sim, até isso: às tantas és o fulano simpático que, quase todos os dias, me dá passagem logo pela manhã, quando sair da minha rua é um calvário. Ou aquele contra quem fui com o carrinho de compras no Feira Nova. Ou tomamos café no mesmo sítio...
Boa sorte para a tua mulher no fim de tempo e tu trata de te aguentares à bronca ;-) Mas todos dizem que o segundo custa menos :)))
Se o Voz acabasse agora, estes diários ficavam com menos margens nas bordas, com menos sublinhados, com menos palavras cercadas por círculos carregados a lápis, com menos acenos de concordância, com a testa menos franzida e menos sorrisos de alívio...
...mas não acaba. Pode sentir-se cansada, quem não? Chá de limão e mel ou absinto com laranja ao lado e dedos no teclado, é o que queremos. Habituaste-nos mal!;)
Se a voz acabasse aqui, teria pena. Mas quem melhor que a própria vez para gritar o que lhe apetecer?
Se acabasse, eu tinha de dizer que é o texto melhor que já li para pôr o ponto final num blog. ;)
Que bom, olhar para trás e gostares de tudo o que deixaste por aqui. :) Nada melhor do que a auto-aprovação. Mas também eu, desde que te leio, te dou toda a minha aprovação. Se servir para alguma coisa: ainda bem que a voz não acaba. :)
O teu comentário deixa-me muito vaidosa, AdamastoR (sabes bem que nunca serei capaz de te chamar Mostrengo, eheheh), mas não é assim. A Voz, se acabasse, passava a ser só mais um rodapé perdido e rapidamente esquecido. Como teria de ser :) É algo inevitável e nem sequer o lamento. Exactamente por aquilo que digo no post: o futuro faz-se do ainda não dito ;-)
Obrigada e, mais uma vez, parabéns. Como consegues andar por aqui a navegar com uma princesa para mimar e ninar?
Chegará o dia, Uxka :) Mas ainda não é já ;-)
Como consigo que ainda venham cá é que é a verdadeira surpresa, lol
A verdade é que estava a olhar para a primeira página do blogue e os dez dias de posts do costume e reparei que, de uma forma um tanto estranha, representavam muito do que fui fazendo por aqui ao longo de quase dois anos: textos grandes, textos pequenos, música, posts tipo "hoje não me apetece", posts mais alegres, pots mais tristes... estados de humor e pouco mais. E tinha acabado de reler uma treta pretensiosa, de quem acha que percebe muito desta tal de "arte de blogar". Pois eu não sou artista, Pre. Faço por gosto e por vontade. E, olhando para a Voz, acho que não me envergonho desta caminhada. Só isso. A ver que mais palavras ainda podem aparecer :))
Obrigada, Caiê :)))
Como disse lá bem acima à SóNosCredita, acho que acabamos por ler quem faz dos blogues um espaço semelhante ao que tentamos construir. Eu, de cada vez que vou dar umas voltas a poisos estranhos aos meus links, acabo quase sempre irritada.
E acho que, no meio de muita porcaria, deixei ficar pela Voz textos de que gosto muito. Mas nem dos mais pobrezinhos me envergonho: também serviram o seu propósito ;-)
Se a voz acabasse aqui eu acabava contigo. Pronto. Já não chega não ires a Aveiro para agora ainda te pores com brincadeiras foleiras? Ai que a menina não presta! Já agora... adorei o post abaixo, eh, eh, eh... às vezs acho que o meu paizinho andou pelo Norte a namorar a tua mãe :)
LOL
E a minha mãe que até trabalhava para o mesmo patrão...
Mas acho que não: sou o trombil do meu pai :)))
E o post não era de fim. Porque será que ninguém ligou nenhuma à música? hmmm
:)))
Da música não posso dizer-te nada, que ainda não a ouvi.
Do post, já foi dito: dava um belo epitáfio... se a minha avó tivesse rodas! ;)
(quando é que deixas de ler o que não vale a pena? esses profetas da verdade única de blogue não são do nosso reino) ;)
Ainda bem que achas que estamos "better together"!
(Fiz batota, por só liguei à música depois de ter lido o teu último comentário. Caso contrário, teria seguido apenas as palavras!).
Bjs e fica bem.
Ouve antes a do post de cima, Cap. É todinha para ti :)))
Mas, se não houvesse tanto profeta para ler, eu ficava mais limitada no meu sermão ;)
Leva lá mais um beijo de parabéns.
Depois de escrever o post e estando já o dito publicado, enquanto o estava a reler pensei que podiam achar que era um epitáfio. Foi ai que resolvi pôr a música, mas pelos vistos fiz a referência com uma letrinha demasiado pequena :)))
O Cap tem razão: eu é que me armo aos cucos e, num qualquer acto de masoquismo (é que só pode ser) ainda vou caindo na asneira de abrir certos blogues...
Se a voz acabasse aqui, seria uma pena, pois já me habituei a ler-te embora nem sempre comente o que escreves...espero que seja apenas um pensamento e nada mais do que isso.
Se a voz se acabar....fico outra vez sem abrigo...
nem a brincar....Hip
juizinho, miúda! :D
Se a Voz acabasse aqui teria pena, muita pena. Gosto dela, da tua voz, da tua Hipatia. Habituei-me a passar aqui e ler com gosto as tuas palavras.
O que dizes dos blogs é exactamente o que sinto, sabe tão bem fazer algo só porque nos apetece, só por carolice! E é isso que sinto aqui na tua casa: coisas e loisas de alguém que respira, que tem gosto na sua vida, sem pretensões nem se levar muito a sério - e isto, na minha tábua de valores, é um elogio, e dos grandes!
Mas se a voz acabasse aqui não há dúvidas de que terias deixado uma grande e bonita obra.
Um beijinho grande.
Era um desabafo, Cruzeiro :)
Podias sempre ficar com a Voz, Gaivina. Também é tua :)
Estás melhor?
Nunca tive muito, Jacky ;-)
É carolice mesmo, Lisa. Um gosto. Em alguns dias, um alívio. Noutros, pura diversão. Refreio o vício, é certo, porque estou a precisar. Mas não é um fim. É talvez um balanço. E não me envergonho nada dele, apesar de nunca ter seguido à letra as tais regras de S. Blog :)))
Não é a mesma coisa, Hip, eu sou um chatarrão e isto perdia a graça.
És nada chatarrão. És antes um preguiçoso. E olha que, para a semana, vou de férias, por isso vê se pelo menos vens tirar o pó à casa :)))
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