2008-11-03

Delicadinhos

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«A líder do PSD considerou que os grandes investimentos do Estado só ajudam a reduzir o desemprego para os trabalhadores de países como Cabo Verde e a Ucrânia.»

in, TSF



O que me assusta nesta afirmação de Manuela Ferreira Leite não é sequer a componente de racismo implícita. É, especialmente, a noção de que vivemos num País em que a população activa passou a achar-se boa demais para certos trabalhos, preferindo ir chupar as tetas dos subsídios sociais a sujar as mãozinhas delicadas.

3 comentários:

Nelson Reprezas disse...

Uma técnica que vem nos livros: Manuela Ferreira Leite dá uma entrevista de fundo ao Diário de Notícias onde fez muitas (e, do meu ponto de vista, certeiras) críticas ao governo. Os especialistas de spin governamental encontraram de imediato uma maneira de ocultar as críticas através da circulação de uma pseudo-afirmação "escandalosa". É tudo muito conhecido e, no thin air da nossa comunicação social, onde entre os simpatizantes do PS e os simpatizantes de Passos Coelho, Santana Lopes e Menezes (a Norte), não faltam vozes para fazerem este serviço. Neste caso a sequência original é esta

Pergunta: As obras públicas ajudarão pelo menos ao factor desemprego?

Resposta: Desemprego de Cabo Verde, desemprego da Ucrânia isso ajudam. Ao desemprego de Portugal duvido...
A resposta pareceu tão inócua que o Diário de Notícias nem sequer a colocou em letras grandes, subordinando-a, e bem, às críticas à política de obras públicas. E Deus sabe (pelo menos Ele), quanto o Diário de Notícias desejaria ter lenha para queimar a senhora, com o seu residente grupo de adeptos de Passos Coelho nas páginas que cobrem o PSD. Mas nem isso. Mas o PS não brinca em serviço e com os seus especialistas de spin, reparou logo e começou toda uma saga de transformar Manuela Ferreira Leite na versão nacional de Haider. Vitalino Canas veio logo dizer que "a frase de Manuela Ferreira Leite tem um fundo xenófobo", uma personagem da JS, convenientemente entrevistada pela Lusa (*), veio dizer, do cimo da sua imensa autoridade, que Manuela Ferreira Leite "devia pensar mais antes de falar, se não quis transmitir desrespeito pelos imigrantes que trabalham em Portugal". Apareceram logo umas associações de imigrantes a protestar e irá aparecer o Bloco de Esquerda em força e o dr. Menezes, tão certo como dois e dois serem quatro.
José Pacheco Pereira in Abrupto.
Está aqui TUDO explicadinho :)))
Beijinho

Hipatia disse...

Não, não está, Espumante. Aquilo não é uma explicação; é uma defesa da Dama. Pelos Deuses! Queres mesmo que eu, a esta altura do campeonato, leve Pacheco Pereira a sério? Pacheco Pereira?!?!?!?! (espera que tenho de parar de rir e volto já; já agora, não o tragas para a Voz que não quero o meu 1% contaminada, lol) E, vamos, a frase não é inócua. É uma frase obtusa de alguém que tarda em actualizar-se ao séc. XXI. Só não vê quem não quer. Mas é, obviamente, muito mais do que isso. É também um reflexo do País que temos e de gente que acha que ir fazer trabalhos braçais só serve para emigrantes. Eles - os delicadinhos - preferem o rendimento de inserção. Mas, posto isto, não impede de ouvir MFL e achar que, por mais que PP tente, é uma pessoa ultrapassada e vai ser seriamente ultrapassada - pela direita, pela esquerda, por onde der - nas eleições. Além de que a vingança do PS se serve fria e o troco de terem queimado Ferro Rodrigues está aí: chama-se BPN e é uma história que devia envergonhar qualquer político que tivesse vergonha na cara. Como já não há dessas coisas, siga para bingo que amanhã a notícia é outra.

Anónimo disse...

Tenho muita dificuldade em entender os teus sustos hipatia . não acredito mesmo que o tuguinha tipo possa ser retratado do modo como o apresentas . Se me dissesses que o tuguinha prefere ir para Espanha França ou para outro local qualquer sujar as mãos a troco de um ordenado q se veja estaria de acordo contigo Basta ver os números de rapaziada que trabalha na construção em Espanha e noutros países da união para q entendas q os nossos nada tem a ver com a imagem q aqui tentas deixar.
na construção, nas pescas, em todos os trabalhos duros e sujos a q se podem candidatar lá esta o tuga referenciado como sendo do melhor .

para mim a verdade é só uma, se são tão bons como se diz a fazer o trabalho q os outros não querem porquê fazer aqui por muito menos dinheiro.
Ao dizeres o q dizes dá para ficar a o pensar q aqueles q imigram o fazem para não serem por cá vistos a fazer os tais trabalhos que sujam as mãos , e isso só com muito boa vontade o poderia ponderar .

Um soldador em qualquer pais da união ganha por mês 4 ou 5 vezes mais do q neste jardim á beira mar plantado
Por cá ficam aqueles que ainda não sabem o suficiente para ir para fora ganhar a vida de modo a poder comprar uma casa e um Mercedes .

Em toda esta união de q se fala está rapaziada aqui da minha Alhandra com idade e vontade para trabalhar a esmagadora maioria anda a fazer trabalho de preto lá por essas bandas . o q os diferencia dos indiferenciados de cá é q quando chegam tem dinheiro para gastar
frogas | | 11.06.08 - 1:13 am | #

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E caso não saibas nem toda a gente está habilitada a trabalhar nas obras . sou rapaz para apostar contigo um café q se deres uma picareta a esmagadora maioria dos teus conhecidos eles nem sequer lhe sabem pegar quanto mais trabalhar com ela .
frogas | | 11.06.08 - 1:32 am | #

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Não, Frogas. Esses de que falas, estejam a pagar impostos no Portugalinho ou no estrangeiro, ao menos estão a dar o litro. Aqueles de que eu falo são os que estão a fazer filhos para aumentar os abonos ou a pedir o rendimento de inserção, vivendo à custa dos impostos que eu pago sem nunca terem dado nada em troca. E há demasiados desses. São os tais que são demasiado finos para sujar as mãos. E sujar as mãos não é só nas obras, de picareta: é tudo o que verga a espinha e lhes lembra que trabalhar faz calos.
Hipatia | | Email | Homepage | 11.06.08 - 7:56 pm | #

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É, especialmente, a noção de que vivemos num País em que a população activa passou a achar-se boa demais para certos trabalhos.

estava limitar-me a isto q escreveste, E relativamente a isto eu penso o contrario, penso q na esmagadora maioria somos empenhados em bem servir quem nos mete o prato na mesa, infelizmente somos é muitas vezes mal orientados por quem deveria saber gerir o nosso esforço e boas vontades .

Eu entrego donativos semanalmente conheço um pouco das varias realidades q por aqui existem.

Hoje sabendo mais do q sabia continuo a pensar q o tuga é trabalhador hoje sei muito bem distinguir quem sente vergonha por receber esmola daqueles que fazem da caridade modo de vida
frogas | | 11.07.08 - 1:07 am | #