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«"Parece-nos razoável que, sendo nós um imenso condomínio de 10 milhões, cada um de nós saiba a permilagem de cada um dos outros para sabermos se há um efectivo contributo que corresponda àquilo que é o bocado que temos neste imenso latifúndio" defendeu Strecht Ribeiro, que entregará hoje a proposta à direcção da bancada parlamentar do PS.»
in DN
Não tenho dúvidas que vivemos num regime que fez a sua transição para a democracia sem dinamitar verdadeiramente as raízes do Estado velho. E há uma mentalidade que permanece, entre o respeitinho atávico e a denúncia escroque, igual à do tempo que selou a barras de ouro a miséria de quase todos, os que ficavam a comer batatas e uma espinha de sardinha, os que iam a salto tratar da vida para as obras em França; e mais os GNR de carrascão e vistas curtas, ou as grande fortunas que se apressaram a regressar de devaneios nos trópicos quando a maré acalmou; ou a carne para canhão das guerras do ultramar e as mulheres enlutadas e sem direitos e os filhos de pai incógnito com asterisco no BI; ou os padrecos, os bufos e os vampiros, mais os deserdados em geral, levando a vidinha caladinhos, que não dava para abrir a boca sem saber quem pudesse estar a ouvir no velho regime baseado na lei do bufo, na lei do medo.
O Portugalinho – tão diferente em asfalto, em marinas, em hotéis, Allgarves e campos de golfe – mudou aparentemente muito sem, no entanto, mudar verdadeiramente. Continua a ser um país de cidadania amordaçada e de invejas pequeninas e na mão de meia dúzia que põe e dispõe conforme der mais jeito. Quando as coisas não correm de feição, a culpa é sempre do outro, o que lhe passou cheques carecas, o que lhe prometeu umas férias cinco estrelas pagas a prestações, os duzentos euros dos putos onde não podem mexer, que maçada!, o dos favorzinhos trocados por robalos, ou malas cheias de notas pequenas, ou lista de votantes que já moram a sete palmos abaixo, ou os sobrinhos da Suíça, ou os acordos selados a putas café com leite, ou as nomeações para assessores, ou as renomeações dos assessores, ou as reformas cardona e celestemente volumosas, ou os jeitinhos à lei para dar jeitinho aos filhos da lei do costume.
Seja como olhe e para onde olhe, os vampiros ainda aí estão. E os bufos sempre foram as suas armas, as melhores armas, porque toupeiras silenciosas, mesquinhas, fazendo da convivência e da proximidade a porta para os segredos a revelar. E a fomentar a inveja, que ninguém está livre de, um dia destes, alguém resolver acusá-lo de tudo e mais um biscate e, neste País de treta, cada vez é mais necessário provar-se a inocência do que a culpa, especialmente depois de insinuações entre aspas num qualquer pasquim.
E depois ainda vem um cromo falar de condomínios e propor que a inveja alastre entre vizinhos, que se comprou um carro novo é porque andou a roubar ou a dar o cu sem declarar às finanças, que publicar os devedores não bastou. Não, isto não é um condomínio, que já nem há quem lhe faça seguro. É um bairro de lata de alucinados, com propostas mirabolantes e ideias estapafúrdias, onde até querem promover a bufaria, o voyeurismo e a inveja a letra de lei. Depois, os que puderem dizem que é difamação ou que é censura. Todos os outros apanham com um big brother pelo cu acima, a ver se ficam caladinhos, enquanto comem uma espinha de sardinha.
Haja pachorra! E, foda-se!, porque é que não deixam que o gajo se demita? Não há por ai tanta prova provadinha de incompetência derramada por jornais, televisões, blogues e afins? Então qual é o mal? Se tantos se apressavam a demiti-lo se pudessem, porque têm agora tanto medo de se mandarem para os cornos do touro e tentarem (e eu já só pedia isso) fazer melhor?
O Portugalinho – tão diferente em asfalto, em marinas, em hotéis, Allgarves e campos de golfe – mudou aparentemente muito sem, no entanto, mudar verdadeiramente. Continua a ser um país de cidadania amordaçada e de invejas pequeninas e na mão de meia dúzia que põe e dispõe conforme der mais jeito. Quando as coisas não correm de feição, a culpa é sempre do outro, o que lhe passou cheques carecas, o que lhe prometeu umas férias cinco estrelas pagas a prestações, os duzentos euros dos putos onde não podem mexer, que maçada!, o dos favorzinhos trocados por robalos, ou malas cheias de notas pequenas, ou lista de votantes que já moram a sete palmos abaixo, ou os sobrinhos da Suíça, ou os acordos selados a putas café com leite, ou as nomeações para assessores, ou as renomeações dos assessores, ou as reformas cardona e celestemente volumosas, ou os jeitinhos à lei para dar jeitinho aos filhos da lei do costume.
Seja como olhe e para onde olhe, os vampiros ainda aí estão. E os bufos sempre foram as suas armas, as melhores armas, porque toupeiras silenciosas, mesquinhas, fazendo da convivência e da proximidade a porta para os segredos a revelar. E a fomentar a inveja, que ninguém está livre de, um dia destes, alguém resolver acusá-lo de tudo e mais um biscate e, neste País de treta, cada vez é mais necessário provar-se a inocência do que a culpa, especialmente depois de insinuações entre aspas num qualquer pasquim.
E depois ainda vem um cromo falar de condomínios e propor que a inveja alastre entre vizinhos, que se comprou um carro novo é porque andou a roubar ou a dar o cu sem declarar às finanças, que publicar os devedores não bastou. Não, isto não é um condomínio, que já nem há quem lhe faça seguro. É um bairro de lata de alucinados, com propostas mirabolantes e ideias estapafúrdias, onde até querem promover a bufaria, o voyeurismo e a inveja a letra de lei. Depois, os que puderem dizem que é difamação ou que é censura. Todos os outros apanham com um big brother pelo cu acima, a ver se ficam caladinhos, enquanto comem uma espinha de sardinha.
Haja pachorra! E, foda-se!, porque é que não deixam que o gajo se demita? Não há por ai tanta prova provadinha de incompetência derramada por jornais, televisões, blogues e afins? Então qual é o mal? Se tantos se apressavam a demiti-lo se pudessem, porque têm agora tanto medo de se mandarem para os cornos do touro e tentarem (e eu já só pedia isso) fazer melhor?
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