Na minha avó está hoje a essência do que sou, sendo parte dela, parte da mãe que pariu e que me pariu a mim. Nela contemplo a evidência genética do que sou, esta coisa em que me vou transformando enquanto as minhas rugas, ainda tão diferentes das suas rugas, se vão construindo em desenhos semelhantes. E foi mais um aniversário e não sabemos quantos mais ainda teremos, quanto mais tempo resiste a nossa matriarca na luta contra a única certeza. Agora só esperamos que se eternize em cada dia, mais um bocadinho de cada vez. Para quem já tem implantados os sulcos de 93 anos de vida e vidas, o Natal está já aí ao virar da esquina. E nós com ela, à espera que sim, que aguente, que fique, mesmo estando tão pequenina, tão frágil, tão vizinha dessa morte que todos os dias lhe pisca um olho e vai dar ainda um passeio a outra porta. Talvez ainda vá ver outro bisneto, outro pedaço dela que vai ficar por cá. Em nós, afinal, ela já está eterna.
7 comentários:
Parabéns também ás duas . cada una merece a outra :)
Parabéns para a tua avó.
Boa semana para ti. :)
Obrigada às duas :)*
Texto lindo, Hip. E linda a tua avó e cada uma das suas rugas; também a minha o era e continua a ser no meu coração. Xi-coração cheio de saudades (sim, sou eu, ainda existo! :P )
Olá Zu :)
Estás ali ao lado, para eu saber logo quando te lembras que ainda existes ;-)
A eternidade da memória não depende da idade, mas a eternidade da presença acompanha os anseios de todos nós. Parabéns à avó e à neta :)
E há aquela parte do "está-nos no sangue" ;-)
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