2025-11-12

Quem tem amigos não morre à míngua

Há quem diga que a amizade é coisa simples — um café, umas gargalhadas e uns apupos, uma mensagem fora de horas. Mentira. A amizade é engenharia fina, alquimia rara, pão quente saído do forno da vida.

Porque, convenhamos, viver é um desporto radical. E sem amigos, a queda é livre. Mas quem tem os seus pares por perto — mesmo que longe — nunca desaba de vez. Pode tropeçar, pode reclamar do mundo, pode até pensar em mudar de planeta, mas alguém há de aparecer com uma frase torta, um meme duvidoso ou um “bora?” salvador.

Amigo é o tipo de gente que entende o silêncio sem precisar de legendas. É aquele que não te deixa morrer à míngua nem quando o inventário de esperança está no fim da validade.

E não se trata só de dividir o último pedaço de pizza (embora isso conte pontos). É saber que há braços invisíveis a segurar a corda quando o coração escorrega.

Porque, no fundo, “quem tem amigos não morre à míngua” quer dizer isso mesmo: não há miséria possível quando se é rico de gente boa. E, cá entre nós, é esse o verdadeiro tesouro — um que não se guarda no banco, mas na alma.

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