Elena Ryazanoff
No silêncio da noite, dois corpos aninham-se em partilha de calor e meiguice. Em silêncio, abraçam-se seguindo as mesmas curvas, pele contra pele. Depois, um pequeno roçar de nádegas contra o escroto convulsa as entranhas e apenas sobra uma palavra: desejo. E não carece de mais do que isso, para virar potência em movimento, para que as tuas mãos subam ao meu peito e me forces a virar o corpo, até que te alojes no meio das minhas pernas e a intimidade vira apenas energia.
É fome, sim. Esta fome de saber que o desejo é voraz na vontade de engolir um desejo igual, enquanto os corpos famintos encontram a forma silenciosa de se degustarem até à exaustão.
Os corpos não se regem por palavras, pelo desassossego da multiplicidade de sentidos, do caos babélico à espera de interpretação. E é nos gestos mais pequenos que medimos rapidamente o mais difícil neste jogo: a intimidade muda que explode numa cacofonia de significados.
É fome, sim. Esta fome de saber que o desejo é voraz na vontade de engolir um desejo igual, enquanto os corpos famintos encontram a forma silenciosa de se degustarem até à exaustão.
Os corpos não se regem por palavras, pelo desassossego da multiplicidade de sentidos, do caos babélico à espera de interpretação. E é nos gestos mais pequenos que medimos rapidamente o mais difícil neste jogo: a intimidade muda que explode numa cacofonia de significados.
14 comentários:
tu e a maria metem-me medo!
(Gaivina, és tu?)
Que haverá na Maria e na Hipátia para assustar? É que não estou mesmo a ver o que possa ser...
eheheh
O melhor das convulsões é fazerem do corpo todo uma boca que jorra palavras. ;)
( e julgo que não somos nós que o assustamos mas a visualização que nos faz das palavras ;)
As palavras só complicam a mais simples das vontades. Antes guardá-las para depois, quando já não importa o sentido ;-)
Nunca tomei o Gaivina (eras tua ali em cima, não eras Gaivina?) por pudico. Assusta-me que se assuste :S
Estamos muito carnívoras ;)
Nunca fui vegetariana na vida, miga, embora às vezes me dedique a comer alguns legumes :)))
Obrigada, Velvet :)
(mas não sinto que seja arrojado e o belo é sempre relativo, eheheh)
talvez o medo de não corresponder...
LOL
Mas porquê? Excesso de palavras ou de zelo?
O teu blog é um covil de medricas. Mas tem calma e respira fundo que o pai corresponde, eheheh.
Ui. Alien.
Covil? Medricas? Tss, tss...
A ver se não assusto o pai tarado, mas é :P
:))
"Os corpos não se regem por palavras, pelo desassossego da multiplicidade de sentidos,"
e caminhas velozmente da intimidade muda à explosão de sentidos.
Um dos prazeres de estar umt empo sem cá vir é que, quando regresso, posso ler fases diferentes da «Voz» e perceber a diversidade. E reencontrar a habilidade que tens para dizer...
beijos
Que grande elogio me fazes, Viajante! É que às vezes temo os tantos de tiques que tenho na escrita, a inspiração limitada para falar de mais coisas, ou a pouca habilidade para o fazer. Obrigada! Beijinhos
Mais Vozes
As palavras ficam para depois. Durante só fragmentos respirados.
E.A. | Homepage | 06.12.06 - 9:48 pm | #
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Isso mesmo, E.A. Como poderia dizer melhor? São mesmo e apenas fragmentos respirados
Hipatia | Homepage | 06.12.06 - 10:56 pm | #
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Está tudo muito bem, e para bem da verdade até concordo com a descrição daquilo que deverá ser uma boa refeição partilhada . No entanto é de bom tom que se pergunte ao respectivo acompanhante se ainda está disposto a acompanhar-nos num cafezinho
Um pouquinho mais a sério : a audição o olfacto o tacto a visão e o paladar devem ser utilizados durante o acto de nos alimentarmos do modo que bem entendermos. Já não tenho idade para acreditar naquelas historias em que o espadachim desenvolve m sexto sentido pelo facto de ter os olhinhos tapados
frogas | 06.13.06 - 1:06 am | #
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Ainda não acabei : se é um facto que gosto da luz das velas e da cumplicidade de certos silêncios também não deixa de ser verdade que gosto de refeições regadas pela rizada e pelo chinfrim .
frogas | 06.13.06 - 1:26 am | #
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Não, o espadachim também precisa saber ouvir, ler e ensinar a ouvir e a ler. E umas boas gargalhadas pelo meio podem fazer milagres, que o prazer - por mais sério que seja - não é para ser levado demasiado a sério. Mas as palavras podem ter um efeito nefasto. Podem não dizer o que se pretende, ou podem não ser entendidas da melhor maneira. E a intimidade, quando existe, é feita de silêncios e, como diz o E.A. ali em cima, de fragmentos respirados
O café e o cigarrinho podem bem vir depois
Hipatia | Homepage | 06.13.06 - 1:48 pm | #
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Ah! Deixa-me reclamar aqui que lá, nada feito: não se consegue comentar nos Enresinados há uma semana!
Hipatia | Homepage | 06.13.06 - 1:59 pm | #
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