Markus Raetz (folhas de eucalipto sobre papel) MMK- FrankfurtJá passa da meia-noite, ontem foi o Dia Mundial dos Museus.
Para muitos que passam distraidos, os Museus não passam de lugares onde nos passeamos em dias de desfastio. É sempre agradável ir a Serralves...o pavilhão, o jardim e, pelo meio, entramos no museu: "se não me beijares tanto, talvez eu consiga olhar para esta cena! Está quieta mulher!"
Mas as obras de arte estão lá."Pára lá um bocadinho que eu quero entender a instalação...Não me beijes, carago! Deixa-me apreciar!"
Existe um "exército" de mediadores culturais a trabalhar, todos os dias, para fazer chegar a Arte mais próximo das pessoas. Mediando o discurso, lançando perguntas, fazendo-nos crescer:
-Já agora, qual é a diferença entre Olhar e Ver?
..."Olha! Olha tantas crianças... Estão cá com uma atenção... O que é que o gajo lhes está a dizer?... Vamos Ouvir?"
Pois é... É difícil distinguir uma coisa da outra; mas todos já ouviram dizer: "Passaste por mim no Bulhão, olhaste...mas não me viste."
Pois para entender a Arte, só pelo lado de dentro: importa ver com muita atenção! Relacionar a nossa vida com o que estamos a observar...
"Olha uma anémona, suspensa, aqui em Matosinhos!... Uma escultura? Escultora estrangeira?
Dizes o quê, miúda? Ah...por estar próxima do mar? ainda por cima move-se. Até parece que está viva... Ainda te lembras do cheiro da fábrica de peixe?"
Quem passar pela vida distraido, não reconhece o par que lhe está destinado, nem tão pouco um objecto de Arte ali apresentado...
Todos os dias, estes mediadores culturais, fazem perguntas e acordam as cabeças dormentes que nos habitam. A arte contemporânea pregunta-nos as respostas. E, essas respostas, são sempre pessoais, num universo de silêncio entendido no mais profundo do nós próprios...
"Não sejas, "bimba". Não vês que o homem está a falar da nossa sociedade de consumo? das relações?! ... Andas mesmo com a paranoia..."