2010-03-24

3.....



«Festejou-se o aniversário de um homem muito modesto. E apenas no final do banquete é que se percebeu que alguém não tinha sido convidado: o festejado.»

Anton Tchekhov








(férias...)

2010-03-21

Primavera

A light exists in spring
Not present on the year
At any other period.
When March is scarcely here

A color stands abroad
On solitary hills
That science cannot overtake,
But human nature feels.(...)

Emily Dickinson - "A Light Exists in Spring"



Gosto de pensar que a Primavera se inaugura em poesia e deita as raízes à terra para se fazer árvore num esplendor verde de esperança renascida. E queria saber escrever versos e não sei, para assim dizer o quanto – apesar do frio, do cansaço, da apatia – Março marca para mim o início de mais um ciclo.

2010-03-19

Pai

aqui


O dia em que nasci meu pai cantava
versos que inventam os pastores do monte
com palavras de lã fiada fina
cordeiro lírio neve tojo fonte

esta é uma velha história de família
para dizer como ele e eu chegámos
à raiz mais profunda do afecto
da qual nunca jamais nos separámos
(...)


Fernando Assis Pacheco

Ah! O Gary...

aqui

2010-03-18

A um deus desconhecido




Lembrei-me do livro e dessa nossa capacidade formidável para fazermos deuses por medida. E eu gostava de ter uma fé imensa, avessa a qualquer dúvida. Gostava de saber costurar um deus à minha imagem. Mas não sei ser assim. Talvez ainda não tenho encontrado a árvore certa.

2010-03-16

Fuga

We're siamese children related by heart
And nothing can tear us apart

The Swans - Add Reality


Inventar de novo a esperança, voltar a dar ao banal um colorido extraordinário, pedir um novo passeio pelos sentidos.

Mais trinquinhas



Pois, neste também enfiava o dente muito contentinha. Especialmente desde que largou a loira.

2010-03-14

Longe

aqui

Trinta anos depois, estando o homem há muito convertido em mito, não deixa ainda assim de ser evidente o longe que estamos dos tempos e dos valores fundadores. Ninguém sabe o que se teria passado se tivesse tido mais do que os magros 11 meses em que esteve à frente do Governo; ou sequer o que teria acontecido após a derrota do seu candidato à Presidência da República. Mas isso pouco importa quando se trata de mitos e pais fundadores. Só seria de esperar hoje que tantos que se reclamam seus herdeiros dignificassem a figura com atitudes menos patéticas e projectos menos vazios. Sá Carneiro terá sido muita coisa. Mas nunca foi pateta. Nem vazio.

2010-03-13

Asas




(ou uma pequena ajuda, para o caso de virem por cá cobrar-me um beijo)

Das saídas fáceis


Found at bee mp3 search engine

Esta geração que descarrega fedelhos nas escolas, nas aulas de ballet e de futebol, ou então em frente a jogos, pc ou televisão esperando que, no fim, eles saiam já criados, não quer ter trabalho. Aliás, trabalho já tem muito diariamente para manter a cabeça à tona ou manter o emprego ou pagar a dívida ao Banco: não precisa que os fedelhos também dêem trabalho. Só que dão. E são responsabilidade. Quem não consegue encarar, que não os faça. Mas não peçam é ao Estado para fazer o que compete a cada um de nós: sempre que o Estado entra num frenesim legislativo sobre a vida das pessoas dá, normalmente, mau resultado. Acho que se chama totalitarismo.

2010-03-12

Armadura

aqui


(e, sim, visto sedas por baixo da armadura. O problema é que as armaduras são difíceis de tirar e nem qualquer um tem jeito para escudeiro)

2010-03-11

Atocha


aqui


Algumas coisas já só nos deixam demasiado embrutecidos, mas há outras que nos atingem como um murro no estômago. Nos comboios de Madrid embarcamos também. Foi muito mais próximo do que tudo o que queremos esquecer. Madrid representou a cobardia engatilhada em precisão, fazendo do terror a arma apontada ao nosso quotidiano. E não consigo deixar de pensar que naqueles comboios podia estar eu. Ou outra qualquer pessoa que me é próxima. O terror vive disso também.

2010-03-10

Umbigo (*)

uayebt

Uma infestação de spam levou-me aos arquivos. Perdi-me na história e no rasto de mim que por aqui fui deixando. É que tenho alguns textos neste blogue que pari das entranhas. São extraordinariamente pessoais, doloridos e meus. Como tenho textos feitos com memórias indeléveis, cheiros que eu senti, o que toquei, a música que estava a ouvir, os espaços que habitei. Meus. Ou textos breves, de alegria transbordante. Esses sorrisos e gargalhadas também me pertencem ainda. Ou os gritos indignados e os amuos e as irritações. Ou as lágrimas. Meus. No meu blogue. Tudo o resto é acessório para encher a página, letra esparramada à pressa e logo esquecida. Os textos que ainda sinto destes tantos anos de voz em fuga, são os mais pessoais, os mais íntimos. E ultimamente ando demasiado perdida de mim.


(*) talvez a miga queira direitos de autor...

2010-03-08

Acidente

aqui


Palavras amestradas ou agrestes, doces ou iradas. Palavras estilhaçadas, sem desígnios novos ou resignadas. Palavras à espera. Palavras suspensas. Palavras prenhes de simbolismo. Palavras-vertigem. Palavras-carinho. Palavras em confessionário asséptico e vazio, teia ressequida de desencontros. Palavras-ponte. Palavras em riste, amargas. Palavras exageradas. Palavras brutas. Palavras-arma. Palavras a precisarem de rumo. Palavras-desculpa. Palavras-mulher, a ovular ciclos de humores e desenganos. Palavras esbarradas neste dia.

De mulher para mulher

Ir a Mafra...



... e talvez fazer a rodagem ao carrito.

2010-03-07

Deu-lhe forte!

.

«Pedro Passos Coelho vem, desde muito cedo, das mais reles incubadoras de intrigas, tricas, vaidadezinhas e respectivas subserviências. É nas Jotas onde mais e melhor se aprende e pratica todas as faltas de recurso anti-desportistas, que definitivamente ficam para a vida, pelo que de rasteiras, cotoveladas e tesouradas leva longa escola.»



Obrigatório ler este texto do Paulo!

Dos espantos

aqui


Eu insisto: para lá de toda a nossa mania, muito além de qualquer programa de opinião, completamente ao lado de tudo o que, para muitos, era suposto ser a onda do momento, ou de bom tom, ou o it da oportunidade, o Portugalinho real é aquele que continua a juntar dez mil pessoas no Porto para ouvir Tony Carreira. Se isso fosse reconhecido, ninguém ficaria tão espantado com as escolhas que os portugueses continuam a fazer, quer em matéria cultural, quer em matéria política. O Portugalinho real está a léguas da blogosfera bem pensante, dos jornalistas que não escrevem para O Crime ou a Maria, dos debates da treta e das intrigas do costume. As elites continuam a vestir apenas o seu snobismo e quer-me parecer que, com as suas guerras internas, apenas conseguem perder qualquer capacidade mobilizadora. O Tony Carreira continua a encher salas e tem quem o siga há décadas. Se se candidatasse à Presidência da República, talvez desse uma abada à concorrência.

2010-03-05

Olha, I

aqui


Em relação a este nem admito reparos. Por mais que o fim do mundo nem tivesse vindo em 2000 (como também não deve acontecer em 2012, mas a esse não achei piada nenhuma), há ideias neste filme que me põem de boca aberta. E o Ralph, obviamente. Mesmo seboso e fraco e junkie e tudo. Definitivamente, é um filme muito mais do que "só" catita.

Fright Night

aqui
(cada vez que vejo a MMG lembro-me desta imagem)


Não é de agora que os vampiros estão na moda. Com um bocadinho de esforço, lembramo-nos de vários filminhos por década, certo?

A ver se o Dumb Witness se lembra deste aqui em baixo ou preferia os "The Lost Boys".

aqui

Das renúncias

.

Primeiro vieram pelos comunistas e eu não protestei, porque não era comunista;
Depois vieram pelos sindicalistas e eu não protestei, porque não era sindicalista;
Então eles vieram pelos judeus e eu não protestei, porque não era judeu;
Por fim vieram atrás de mim e já não havia ninguém para falar por mim.

Martin Niemöller



E um dia quem virá por nós, se continuarmos a conceder que outros percam parte dos seus direitos? É por isso que me faz muita espécie qualquer desvio ao óbvio, com pequenos contornos aos direitos de cada um em nome de uma suposta maioria e um ainda mais suposto interesse público. Demitirmo-nos hoje de protestar é abrir uma brecha na cidadania e nas suas garantias, já que não basta apenas estender uma mão pedinte. Há que saber que é preciso cumprir com deveres em igual medida. Um deles é tão velhinho que até nos esquecemos dele: não faças a outros o que não queres que façam contigo; e não deixes de fazer pelos outros o que gostarias que fizessem por ti.

2010-03-04

Verdade!


aqui


«Portugal não é esta seita de proxenetas de gravata Hermes, que se instalou no poder da capital para viver à custa do subdesenvolvimento do país. O meu país é o meu povo e esse é eticamente muito superior a esses canalhas, é gente que sua por cada tostão de ganha, trabalhadores que tiram dos seus filhos os impostos que alimenta essa elite da treta, empresários que todos os meses lutam para que as suas empresas consigam pagar os ordenados dos trabalhadores no fim do mês.»

in, O Jumento

Tempos de delação

aqui


Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição
Tempo de injustiça e de vileza
Tempo de negação

Tempo de covardia e tempo de ira
Tempo de mascarada e de mentira
Tempo de escravidão

Tempo dos coniventes sem cadastro
Tempo de silêncio e de mordaça
Tempo onde o sangue não tem rasto
Tempo da ameaça

Sophia de Mello Breyner Andresen - Data



E há uma mentalidade que permanece e cresce, entre a vileza e a denúncia escroque, transformada em parangona.

2010-03-03

Ah!


aqui

E ainda havia esta coisa quando aquela merda se espatifava toda... ou havia uma revolução :)

Bal, Baltazar...



E, como é óbvio, os desenhos animados do


Vasco Granja

O meu avô adorava!



(E enquanto vou recordando estas coisas de tempos mais puros, faço de conta que nem vejo a canalhice que anda à solta em jornais e na blogosfera)

2010-03-01

Mas…



... quem me prendia mesmo à televisão era Félix Rodríguez de la Fuente.

E...



... se não estivesse a ficar tonta ao tentar virar uma super-mulher, no verão tentava sempre nadar como o Homem da Atlântida:)


Continuando



Na verdade, gostava mais dos livros do que da série.