2005-07-29

Eros e Thanatos


And have you ever wanted something so badly
that it possessed your body & your soul
through the night & through the day
until you finally get it!
And then you realise that it wasn't what you wanted after all.
And then those selfsame sickly little thoughts
now go & attach themselves to something....
....or somebody....new!
And the whole goddamn thing starts all over again.
Well, I've been crushing the symptoms but I can't locate the cause.
Could God really be so cruel?
To give us feelings that could never be fulfilled(...)

The The - True Happiness This Way Lies


Uma amiga disse-me uma vez que só temos de facto um único e primeiro amor. Porque é aquele a que nos entregamos totalmente, sem precisarmos do intelecto para justificar o coração. Como dizia essa amiga "quando Eros e Thanatos deixam de ser um só, então estamos na presença de todos os outros amores, e esses normalmente nunca são tão fodidos" como o primeiro. Porque morremos de cada vez um pouco para aprender a viver de novo? Não sei...

Eu, no entanto, prefiro esses amores à posteriori. Talvez porque já vivi e sofri o primeiro amor e nunca mais soube lá voltar. E talvez seja mesmo impossível voltar.

Ou então porque todo o meu intelecto se recusa a acreditar que o amor apenas nos toque só uma vez. Talvez tenha que nos tocar de cada vez de uma maneira diferente e nenhum amor pode ser igual a outro. Mas recuso-me a encerrar a capacidade de amar apenas num único amor. Por maior que ele seja ou tenha sido. Por mais intenso, marcante. Se houvesse mesmo essa condenação a um único amor na vida de cada um de nós, que nos restaria para o resto da vida se o tivéssemos perdido?

Mesmo que emocionalmente difícil, racionalmente resta-nos a esperança de que há mais do que um testo para cada panela e podemos amar intensamente, ainda que de maneiras bem diferentes, mais do que uma vez.

Amores diferentes para fases diferentes da vida; amores que não serão nunca como o primeiro, mas que não se limitam a ser menos amores por causa disso. Mesmo que sejam um bocadinho mais pobres - ou quem sabe mais ricos - porque os elaboramos em premissas diferentes, deixando que o cérebro pense o que antes só soube sentir.

1 comentário:

Hipatia disse...

On : 7/29/2005 3:03:32 PM Caracolinha (www) said:

Pois eu concordo inteiramente contigo .. acredito que todos os amores se vivem de formas diferentes porque nós hoje já somos diferentes de ontem ... a passagem do tempo faz-nos olhar para as coisas com outros olhos ... faz-nos aumentar algumas esperanças e diminuir outras, mas, acima de tudo, quando todo o resto parece acabar, resta-nos a nossa infinita vontade de sermos felizes.

Beijinho Encaracolado ~:o)


On : 7/29/2005 3:08:48 PM Hipatia (www) said:

Que lindo comentário, Caracolinha! Gostei tanto dessa última frase: "resta-nos a nossa infinita vontade de sermos felizes". Quase dava um post novo... E é isso mesmo!

Beijinho e bem vinda à Voz


On : 7/29/2005 4:46:22 PM Caracolinha (www) said:

Oi lindinha !!!! Já te respondi ao mail e vou-te linkar !!!!

Bjinhos. Muitos ~:o)


On : 7/29/2005 5:01:33 PM Hipatia (www) said:

Eu já segui o link


On : 7/29/2005 5:19:22 PM vanus (www) said:

Tangas..., todos os amores, se são amores, são como o primeiro, ou então não seriam amores...
Só depois de termos amado tudo, ou todos, poderemos escolher um, e mesmo assim, nem sempre...

De qualquer forma, para mim, se amo, o último amor é sempre o meu primeiro, cada vez que amo diferente, amo mais, isso é certinho. Nem faço a mínima ideia quem foi o meu primeiro amor

Bye, me bou


On : 7/29/2005 5:21:56 PM Hipatia (www) said:

Obelá, sabes de quem são as palavrinhas entre aspas? Ora pensa um bocadinho

Boa viagem. Beijos


On : 7/29/2005 6:13:20 PM cap (www) said:

Eu disso, não percebo nada...


On : 7/29/2005 6:14:33 PM Hipatia (www) said:

eheheh

Perdeste o Gepeto?




On : 7/29/2005 7:03:05 PM riquita (www) said:

o primeiro amor é, quanto a mim, aquele que vivemos de forma mais ingénua, aquele onde cometemos mais erros e muitas vezes o que tem mais hipóteses de falhar. a partir daí, a nossa capacidade de viver o amor refina-se, o gosto também e aprendemos a escolher o caminho que nos pode fazer mais feliz.
mas eu sou suspeita porque nunca fui dada ao "vale a pena ver de novo". cada experiência é uma emoção nova igualmente forte.
um beijo e bom fim de semana


On : 7/29/2005 7:34:21 PM Zu (www) said:

Não há um testo para cada panela, e pode-se amar intensamente mais do que uma vez. O que se perde é a ingenuidade, aquela coisa de pensar que o mundo gira apenas em redor do amor, enfim: o que faz de um primeiro amor algo de muito especial.
(E é bom que eu tenha mesmo razão no que digo, ou estou lixada...)


On : 7/30/2005 8:54:05 AM Hipatia (www) said:

É isso tudo, Riquita. Mas não podemos negar que o primeiro amor tem um sabor "ligeiramente" diferente


On : 7/30/2005 8:55:07 AM Hipatia (www) said:

Tu e eu, Zu Temos mesmo que ver o que se passa com os testos e as panelas, nem que seja preciso ir falar com os senhores que as fazem


On : 7/30/2005 8:30:13 PM patologista (www) said:

Não há amor como o primeiro, mas pode haver melhores.
José Saramago disse numa conferência que deu no Porto, "quanto mais velho, mais livre me sinto". E, de facto, se encararmos o crescimento como a libertação de medos, e receios do que os outros possam pensar, podemos ter relações mais completas e livres.
Em suma, mais felizes e conscientes.
É uma questão de aprender com a idade e não se fechar aos sentimentos.


On : 7/30/2005 10:08:23 PM perola (www) said:

queres visitar o nosso mlog?


On : 7/31/2005 1:52:29 PM nita 4 ever (www) said:

Olá
Adorei o teu texto de entrada no blog...

Remember that we can always fullfill everything we want to, we just need time sometimes in order to acomplish what we most desire


kiss


On : 8/1/2005 4:20:27 PM Hipatia (www) said:

Não tenho a menor dúvida que Saramago está completamente certo. E, ainda que o corpo, à medida que a idade avança, deixe de responder com igual vigor, até isso aprendemos a apreciar. E sentimo-nos muito mais livres, muito mais senhores de nós. E, quanto a mim, só em liberdade se pode amar realmente, pedindo e dando liberdade em igual medida; pedindo e dando amor em igual medida

Mesmo que, como eu, nos quedemos condenados a monogamias sucessivas e uma esperança imensa de viver cada uma delas como a definitiva, a mais especial entre todas, tentando fazer de cada morte de um amor um novo impulso de vida. Por mais difícil que seja...

A Voz está de portas bem abertas para os teus comentários. Fico à espera de mais.

Obrigada pela visita.


On : 8/1/2005 4:21:53 PM Hipatia (www) said:

Já fui espreitar, Nita. Só não ando é muito conversadora, pelo que peço desculpa por nem um olá ter deixado.

Mas espero que te sintas bem vinda aqui na Voz


On : 8/1/2005 4:22:46 PM Hipatia (www) said:

Ups! Troquei o nick O comentário acima era para a Perola


On : 8/1/2005 4:25:59 PM Hipatia (www) said:

Estavas a falar da frase do Mia Couto, Nita? É que é assim uma espécie de parábola para a forma como tento levar a minha vida: passajando cada pequeno buraquinho, fazendo de cada costura um passo em frente na vida. E isso mesmo tento levar para o amor. Com paciência, claro

Bem vinda à Voz. Volta sempre

Beijinho


On : 8/1/2005 6:50:51 PM Cristina (www) said:

concordo mais ou menos contigo! Acredito que podemos amar intensamente mais do que uma vez e ao mesmo tempo! é só o que eu acho!


On : 8/2/2005 7:44:04 AM Hipatia (www) said:

E de formas diferentes também