... ou a história de como salvei o mecânico*.
aqui
Hoje de manhã, quando desci até à garagem e meti o corpinho dentro do carro para, assim, dar início à Sexta-feira, vi-me confrontada com um sério problema: a chave não rodava, porque não rodava mesmo, na ignição. Convém dizer que a garagem fica num simpático -2, com duas rampas que mais parecem o Everest, antes de conseguir alcançar a solarenga manhã de Verão que me esperava. E já me estava a ver na sombra por um bom par de horas...
Ora, se há coisa que sou é teimosa. E a puta da chave não havia de me ganhar! Aliás, nem seria a chave, que a suplente e até a pequenina do código para mandar fazer mais, recusavam-se também a rodar, fosse de que forma fosse, no buraco da ignição.
Dez minutos a dar à chave, a mão já pisada do esforço, suada, despenteada, quase desisto com um "foda-se! Enfiar não é comigo". Mas depois lá me lembrei que, afinal, podia ser tudo uma questão de jeito, que não valia apenas enfiar e rodar à bruta: suavidade e cortesia com o buraco e, bingo! a chave lá resolveu dar a voltinha. Ou o buraquinho deixou que ela desse, o que me parece mais provável...
Mas não era situação que me agradasse e, então, a primeira paragem do dia, teve mesmo de ser o Sr. Mecânico, homem muito simpático aliás, que me costuma ir buscar o carrinho de manhã e levar concertado ao fim da tarde, sem eu ter de pagar por isso e ainda é bem capaz de me telefonar para avisar que "para a semana já estamos na altura de ver os níveis, Doutora". Confesso que, até hoje, resisti à curiosidade de saber que níveis quer ele ver. Mas é tudo à confiança, que assim é que eu gosto.
Fui a primeira cliente a entrar pela garagem dentro, mão direita feita num oito, quase com uma tendinite, de tanto tentar rodar a chave, farta, fula, a ver a Sexta-feira - e eu gosto de Sextas-feiras - a andar para trás ainda antes de começar.
- Sr. Moura, socorro! A chave não roda da ignição. Não está bem a ver como foi para pôr o carro a trabalhar... - disse-lhe eu.
- Não se preocupe com isso, Doutora: deve ser tudo uma questão de lubrificação. Daqui a uma hora levo-lhe o carrinho. - responde-me ele, já com ar de "aqui tudo se resolve num instante".
- Uma hora? Tem a certeza? Olhe que a coisa está mesmo perra. Não sei se lubrificando vai ao sítio. - digo eu, já certa de que nem com vaselina aquilo se resolvia.
E lá vim embora, descansada, que o homem sempre cumpriu o prometido.
Uma hora depois, recebo um telefonema desesperado:
- Oh Doutora, como é que conseguiu rodar a chave de manhã? É que isto não roda mesmo.
- Pois era o que lhe dizia, Sr. Moura. Não roda à força. Tem de ser com jeitinho.
- Jeitinho, Doutora? Mas qual jeitinho! Estou a tentar há uma hora, para o poder levar ao electricista...
- Olhe, deixe estar que eu vou já ai. Acho que ainda lhe estou com o jeito de hoje de manhã.
E lá fui eu, outra vez, ter com o mecânico e a viatura. E, desta vez, a chave rodou - devagarinho e com jeitinho - logo à primeira.
- Eu disse-lhe: tinha de ser com jeitinho. Afinal, estamos a falar de umA ignição e de umA chave...
- Ainda bem que cá veio, Doutora. Já me salvou o resto do dia...
Nem tentei descobrir o que tinha salvo eu, enquanto olhava para o farfalhudo bigode do meu mecânico. Mas, ao fim da tarde, lá tinha o carro pronto, lavado, aspirado e encerado, com uma ignição a aceitar a chave, a funcionar e uma factura sem IVA a 21%: 80 euros de "tombo" não foi demasiado trágico. Da última vez, na Marca, por causa do fecho centralizado, tinham sido 150. E acho que não salvei o dia ao antipático que me atendeu por lá.
Linha branca e conhecimentos pessoais! Está visto: vou continuar a actualizar as minhas listas de prioridades contra a crise.
* E ele me salvou o fim de semana :)
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Hoje de manhã, quando desci até à garagem e meti o corpinho dentro do carro para, assim, dar início à Sexta-feira, vi-me confrontada com um sério problema: a chave não rodava, porque não rodava mesmo, na ignição. Convém dizer que a garagem fica num simpático -2, com duas rampas que mais parecem o Everest, antes de conseguir alcançar a solarenga manhã de Verão que me esperava. E já me estava a ver na sombra por um bom par de horas...
Ora, se há coisa que sou é teimosa. E a puta da chave não havia de me ganhar! Aliás, nem seria a chave, que a suplente e até a pequenina do código para mandar fazer mais, recusavam-se também a rodar, fosse de que forma fosse, no buraco da ignição.
Dez minutos a dar à chave, a mão já pisada do esforço, suada, despenteada, quase desisto com um "foda-se! Enfiar não é comigo". Mas depois lá me lembrei que, afinal, podia ser tudo uma questão de jeito, que não valia apenas enfiar e rodar à bruta: suavidade e cortesia com o buraco e, bingo! a chave lá resolveu dar a voltinha. Ou o buraquinho deixou que ela desse, o que me parece mais provável...
Mas não era situação que me agradasse e, então, a primeira paragem do dia, teve mesmo de ser o Sr. Mecânico, homem muito simpático aliás, que me costuma ir buscar o carrinho de manhã e levar concertado ao fim da tarde, sem eu ter de pagar por isso e ainda é bem capaz de me telefonar para avisar que "para a semana já estamos na altura de ver os níveis, Doutora". Confesso que, até hoje, resisti à curiosidade de saber que níveis quer ele ver. Mas é tudo à confiança, que assim é que eu gosto.
Fui a primeira cliente a entrar pela garagem dentro, mão direita feita num oito, quase com uma tendinite, de tanto tentar rodar a chave, farta, fula, a ver a Sexta-feira - e eu gosto de Sextas-feiras - a andar para trás ainda antes de começar.
- Sr. Moura, socorro! A chave não roda da ignição. Não está bem a ver como foi para pôr o carro a trabalhar... - disse-lhe eu.
- Não se preocupe com isso, Doutora: deve ser tudo uma questão de lubrificação. Daqui a uma hora levo-lhe o carrinho. - responde-me ele, já com ar de "aqui tudo se resolve num instante".
- Uma hora? Tem a certeza? Olhe que a coisa está mesmo perra. Não sei se lubrificando vai ao sítio. - digo eu, já certa de que nem com vaselina aquilo se resolvia.
E lá vim embora, descansada, que o homem sempre cumpriu o prometido.
Uma hora depois, recebo um telefonema desesperado:
- Oh Doutora, como é que conseguiu rodar a chave de manhã? É que isto não roda mesmo.
- Pois era o que lhe dizia, Sr. Moura. Não roda à força. Tem de ser com jeitinho.
- Jeitinho, Doutora? Mas qual jeitinho! Estou a tentar há uma hora, para o poder levar ao electricista...
- Olhe, deixe estar que eu vou já ai. Acho que ainda lhe estou com o jeito de hoje de manhã.
E lá fui eu, outra vez, ter com o mecânico e a viatura. E, desta vez, a chave rodou - devagarinho e com jeitinho - logo à primeira.
- Eu disse-lhe: tinha de ser com jeitinho. Afinal, estamos a falar de umA ignição e de umA chave...
- Ainda bem que cá veio, Doutora. Já me salvou o resto do dia...
Nem tentei descobrir o que tinha salvo eu, enquanto olhava para o farfalhudo bigode do meu mecânico. Mas, ao fim da tarde, lá tinha o carro pronto, lavado, aspirado e encerado, com uma ignição a aceitar a chave, a funcionar e uma factura sem IVA a 21%: 80 euros de "tombo" não foi demasiado trágico. Da última vez, na Marca, por causa do fecho centralizado, tinham sido 150. E acho que não salvei o dia ao antipático que me atendeu por lá.
Linha branca e conhecimentos pessoais! Está visto: vou continuar a actualizar as minhas listas de prioridades contra a crise.
* E ele me salvou o fim de semana :)
1 comentário:
On : 7/1/2005 3:26:58 PM riquita (www) said:
opa, continuas assim, ainda te convida para traalhar na oficina
bom fim de semana
On : 7/1/2005 6:14:34 PM Hipatia (www) said:
Bom fim de semana
On : 7/1/2005 7:21:02 PM mysticat (www) said:
pois... umA ignição e umA chave.
estes homens não pescam nada de nada! é preciso explicar tudo!!
com jeitinho chega-se a todo o lado!
bom fim de semana!
On : 7/1/2005 7:25:14 PM Hipatia (www) said:
Mas são tão queridossssssss....
Bom fim de semana, Misty
On : 7/2/2005 6:00:25 AM duende (www) said:
Andei uns bons tempos a rodar a chave com jeitinho até um cabr... de um mecânico o ter feito à bruta mesmo depois de avisado sobre o problema. Conclusão, tive de trocar a fechadura.
On : 7/2/2005 8:22:13 AM Hipatia (www) said:
Queres que te apresente o Sr. Moura, Du?
(a verdade é que, quando foi do fecho centralizado, senti que tinha pago a mais por serviço a menos...)
On : 7/2/2005 2:58:03 PM Condessa às Avessas (www) said:
Tens de me apresentar o teu anjo salvador!!!
Até para me lavar e encerar o meu bólido...
On : 7/2/2005 4:12:47 PM Hipatia (www) said:
Quando quiseres, amiga
On : 7/4/2005 5:07:28 AM AR (www) said:
Fiquei chocado. Primeiro foi: E a puta da chave não havia de me ganhar!. Mas com que razão é que acusa a sua chave de vender o corpo para sobreviver? E será essa profissão da natureza das chaves?
Depois: foda-se! Enfiar não é comigo . Eu não sei se enfiar não é consigo. Mas não necessitava de ter partilhado esse detalhe da sua intimidade connosco. Essas coisas chocam com a minha maneira de ser. Afirmações explicitas sobre o enfianço ... Valha-lhe Deus, menina, que vai ter muitas contas a prestar ao Criador! (e note bem: nem me esqueci de falar no Gajo com letras maíusculas!)
On : 7/4/2005 4:47:05 PM Hipatia (www) said:
Senhor AR, seja bem vindo a um blogue tripeiro . Por aqui, as chaves que não "chaveiam" e os buracos que não "maneiam", são todos filhos da má vida
E seja também bem vindo a um blogue feminino e (quase) feminista: aqui, se quiser que me valha alguém, terá de me falar duma Gaja com maiúscula. Só Essa vale. O gajo de que fala é um castrador. Por isso, tenha cuidado, meu amigo: não admira que se sinta chocado. O seu gajo sempre foi contra o enfiar e tentou fazer de todas as chaves umas vadias.
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