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Há cerca de dois anos, após um fim-de-semana muito parecido com o que pretendo gozar a partir de Sábado, cheguei ao Porto e decidi-me a criar um blogue, depois de jurar à miga que nunca o faria porque os achava demasiado umbilicais e limitativos do espaço de comunicação, pelo menos da comunicação internautica tal como a conhecia e gostava.
Na verdade, olhando para trás, devo admitir que os locais por onde cirandava eram talvez ainda mais limitativos; o nick que vesti durante mais de três anos (o nick principal, pelo menos) tornou-se uma grilheta, deformou-se, deixou de fomentar diálogo e, para o fim, tinha-se transformado num monstro que ameaçava devorar-me e a todos a quem queria bem e estavam perto.
Mas este texto não é sobre essas histórias antigas, ainda que também tenha a ver com elas. Ou antes, tem a ver com as consequências das histórias velhas. É que, melhor ou pior, a dimensão e relevância que tinha dado a uma das minhas personnas, fazia-me temer só com a ideia de ter um espaço só meu, sem limites nem censores, onde pudesse deixar o que me apetecesse. E eu não tenho tempo, nem disposição, para permitir que uma criação ameace o próprio criador. Já me chegou um Frankenstein…
E, no entanto, cheguei ao Porto e criei um blogue. Ou melhor, comecei a criar um blogue. Os primeiros nomes que escolhi estavam já tomados. Nem me lembro mais quais tentei e, apesar disso, recordo a frustração de me ver perante a falta de originalidade que me veste. Tentei um, dois, três… Parei e encostei-me na cadeira para pensar. Na estante, o Cosmos do Carl Sagan, numa versão de bolso que uma amiga do Secundário me ofereceu no 8º ano, piscava-me o olho por entre as pregas da lombada. Fui buscá-lo e lá estava – quase como eu me lembrava – o título do segundo capítulo: uma voz na fuga cósmica.
Foi assim que nasceu o nome deste blogue, que eu jurei a uma amiga que não ia ter e, horas depois, estava a criar. Ficou apenas uma voz em fuga. Mas deixo que o fundo azul-escuro me lembre o Universo tal como o imagino: escuro, imenso, aveludado, com o tom certo de uma música infinita, como uma fuga bem tocada…
O primeiro template da Voz – aliás, o actual template, mas antes de me dedicar a destrui-lo –, tinha uma série de bolas coloridas a tapar o fundo aveludado. Demorei meses a entender-me com o template e mais meses ainda para, por tentativa e erro, conseguir livrar-me das tais bolinhas. Depois, houve um dia em que consegui. Mas ficou tudo demasiado escuro e nem as letras azul cueca, ou as imagens que por aqui colava, davam vida à página.
Acontece que eu, tal como Sagan, tenho sérias dificuldades em imaginar que, por esse Universo fora, apenas um pequeno pião azul e branco, perdido nos arrabaldes de uma Galáxia povoada por milhões de sóis, num Cosmos povoada por milhares de galáxias, encostado a uma anã amarela tão parecida com a maioria das estrelas, seja o único local onde o carbono se transformou em vida. E como para mim a vida é algo colorido, quis pintar o blogue de fogachos de luz e pó de estrelas. Quando encontrei a imagem certa, a página deixou por fim de ser um sítio frio e escuro, sem cor nem luz. Ou, pelo menos, assim o espero…
Confesso que, ultimamente, a inspiração e a vontade de escrever vão escasseando. Confesso que às vezes acho que o meu umbigo me escapa e que – por mais que tenha evitado os sítios da moda e os nomes da moda e os rodopios das influências blogueiras – o ego se amachuca um bocadinho ou então incha em excesso. A Voz nunca quis ser mais do que um ponto perdido e esquecido, mas a dona da Voz tem manias de grandezas…
E este texto já deu tanta volta e já está tão grande e, no entanto, ainda nem disse porque o escrevo. E é uma explicação tão simples que só mesmo eu poderia ter complicado tanto: o Adamastor pôs lá no Substrato aquela que foi uma das melhores surpresas que encontrei por estes lados nos últimos tempos: um link para um blogue onde, alinhadinhos e prontos a serem (re)vistos e até guardados, estão todos os episódios de uma das séries de televisão mais importantes de todos os tempos, de seu nome Cosmos. O autor era um tal de Prof. Sagan, mas era, especialmente, um excelente comunicador, capaz de entusiasmar os menos curiosos pelas maravilhas que a ciência tenta até hoje explicar.
Talvez não fosse mau de todo enviar o link aos Criacionistas…
Na verdade, olhando para trás, devo admitir que os locais por onde cirandava eram talvez ainda mais limitativos; o nick que vesti durante mais de três anos (o nick principal, pelo menos) tornou-se uma grilheta, deformou-se, deixou de fomentar diálogo e, para o fim, tinha-se transformado num monstro que ameaçava devorar-me e a todos a quem queria bem e estavam perto.
Mas este texto não é sobre essas histórias antigas, ainda que também tenha a ver com elas. Ou antes, tem a ver com as consequências das histórias velhas. É que, melhor ou pior, a dimensão e relevância que tinha dado a uma das minhas personnas, fazia-me temer só com a ideia de ter um espaço só meu, sem limites nem censores, onde pudesse deixar o que me apetecesse. E eu não tenho tempo, nem disposição, para permitir que uma criação ameace o próprio criador. Já me chegou um Frankenstein…
E, no entanto, cheguei ao Porto e criei um blogue. Ou melhor, comecei a criar um blogue. Os primeiros nomes que escolhi estavam já tomados. Nem me lembro mais quais tentei e, apesar disso, recordo a frustração de me ver perante a falta de originalidade que me veste. Tentei um, dois, três… Parei e encostei-me na cadeira para pensar. Na estante, o Cosmos do Carl Sagan, numa versão de bolso que uma amiga do Secundário me ofereceu no 8º ano, piscava-me o olho por entre as pregas da lombada. Fui buscá-lo e lá estava – quase como eu me lembrava – o título do segundo capítulo: uma voz na fuga cósmica.
Foi assim que nasceu o nome deste blogue, que eu jurei a uma amiga que não ia ter e, horas depois, estava a criar. Ficou apenas uma voz em fuga. Mas deixo que o fundo azul-escuro me lembre o Universo tal como o imagino: escuro, imenso, aveludado, com o tom certo de uma música infinita, como uma fuga bem tocada…
O primeiro template da Voz – aliás, o actual template, mas antes de me dedicar a destrui-lo –, tinha uma série de bolas coloridas a tapar o fundo aveludado. Demorei meses a entender-me com o template e mais meses ainda para, por tentativa e erro, conseguir livrar-me das tais bolinhas. Depois, houve um dia em que consegui. Mas ficou tudo demasiado escuro e nem as letras azul cueca, ou as imagens que por aqui colava, davam vida à página.
Acontece que eu, tal como Sagan, tenho sérias dificuldades em imaginar que, por esse Universo fora, apenas um pequeno pião azul e branco, perdido nos arrabaldes de uma Galáxia povoada por milhões de sóis, num Cosmos povoada por milhares de galáxias, encostado a uma anã amarela tão parecida com a maioria das estrelas, seja o único local onde o carbono se transformou em vida. E como para mim a vida é algo colorido, quis pintar o blogue de fogachos de luz e pó de estrelas. Quando encontrei a imagem certa, a página deixou por fim de ser um sítio frio e escuro, sem cor nem luz. Ou, pelo menos, assim o espero…
Confesso que, ultimamente, a inspiração e a vontade de escrever vão escasseando. Confesso que às vezes acho que o meu umbigo me escapa e que – por mais que tenha evitado os sítios da moda e os nomes da moda e os rodopios das influências blogueiras – o ego se amachuca um bocadinho ou então incha em excesso. A Voz nunca quis ser mais do que um ponto perdido e esquecido, mas a dona da Voz tem manias de grandezas…
E este texto já deu tanta volta e já está tão grande e, no entanto, ainda nem disse porque o escrevo. E é uma explicação tão simples que só mesmo eu poderia ter complicado tanto: o Adamastor pôs lá no Substrato aquela que foi uma das melhores surpresas que encontrei por estes lados nos últimos tempos: um link para um blogue onde, alinhadinhos e prontos a serem (re)vistos e até guardados, estão todos os episódios de uma das séries de televisão mais importantes de todos os tempos, de seu nome Cosmos. O autor era um tal de Prof. Sagan, mas era, especialmente, um excelente comunicador, capaz de entusiasmar os menos curiosos pelas maravilhas que a ciência tenta até hoje explicar.
Talvez não fosse mau de todo enviar o link aos Criacionistas…
Quanto a mim, vou continuar a sonhar com pó de estrelas, a julgá-las parte de mim, a imaginar o dia em que o Homem passe a apreciar este lindo ponto perdido e saiba partir à descoberta de todos os Mundos que o Cosmos tem, forçosamente, de abrigar.