2008-05-27

Fêmea


aqui

Espáduas brancas palpitantes:
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.

Natália Correia - Auto-retrato


Talvez um dia sejamos capazes de afastar das linhas das estrelas sonhadas, ou das linhas escritas em destino nas palmas das mãos, a loucura de não viver apenas. Plenamente!


(a minha avó fez oitenta e oito anos)

3 comentários:

Maria Arvore disse...

Talvez um dia protestemos pelo direito a viver. :) Espero que sim. :)

(E muitos parabéns à tua avó! :)

Hipatia disse...

Em vez de um dia destes haver uma revolta por já mal nos sobrar o direito de sobreviver? É...

(obrigada)

Anónimo disse...

Mais Vozes

os meus parabéns à tua avó que ainda aí está para as curvas! eheh!
fábula | Homepage | 05.27.08 - 11:25 am | #

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Está pois!

Obrigada
Hipatia | Homepage | 05.27.08 - 7:42 pm | #