Refugio-me nos teus braços e deixo que o teu cheiro leve os cheiros acres do dia que se vai, da gasolina queimada do trânsito, do suor entranhado de desconhecidos que passam, dos fritos dos restaurantes da rua. Faço do teu colo corcel mágico em busca do fim do mundo, como se a vida afinal não fosse assim tão diferente de um qualquer romance de cordel onde és o meu príncipe das histórias. Como se o aconchego fosse feito apenas de tacto e um casulo de odores amigos. Como se pedir colo fosse fácil e quente e ninho. E é por entre a maciez do teu abraço, com o cheiro do cansaço a esvair-se finalmente, que o meu príncipe chega de costume, um rei entre as minhas pernas cavaleiras que se ajustam ao cheiro morno e à garupa da tarde, a caminho do fim do mundo como no fim das histórias, assim no fim de mais um dia e no fim sem fim desta história que reconto no teu colo, entre os teus braços, no meio de nós, sorvendo cada arrepio, cada sopro, cada soluço, como se este abraço agora fosse o último e mais tarde fosse apenas, irremediavelmente, só, tarde demais.
4 comentários:
Eu sei que essas deliciosas histórias de príncipes encantados não abarcam ménages, mas tens regaço para mais um...?;)
Lamento :)
Acho, que nesta história, três era uma multidão. E eu sou mocinha recatada que se contenta com o binómio do costume, preferindo experimentar antes as suas diferentes declinações :D
Mas vejo que para ti não é difícil pedir colo, lol
Ohhh... já vi que não há colinho!!
Mas mesmo assim digo que gostei muito... só não peço o colinho para não ouvir outra nega!
Bem, pelo menos ia tentar negar-te com as vírgulas todas no sítio :D
(e, sabes, aquele senhor ali de cima estava a abusar da sorte e sabia disso; que era aquilo de pedir colinho e meter ménage na mesma frase?)
Enviar um comentário