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Cabelo às três pancadas, roupa vestida sem pensar, correr porta fora à espera de alcançar o dia antes que o dia se abata sobre mim. Sapato raso, cara lavada, a revolta do costume contra a Segunda-feira e a falta do café que esqueci comprar. Nada de jóias nem simulacros, o perfume fez-se dos restos da amostra perdida no carro. Nada de vaidades, nem cigarros, nem comida. E o trânsito e os putos postos à porta das escolas em intermináveis segundas, terceiras filas e a vontade da buzina e dos insultos e esta porra de estar sem café e sem cigarros e ainda por cima ser Segunda-feira. E é então que o passo de corrida é interrompido por um "bom dia, menina". E a menina esquece o fio, os fios, que o tempo nevou sobre os cabelos, o pasto para arado do tempo em que a cara ameaça transformar-se, a gravidade que pesa por entre as pregas da roupa desengonçada, mal amanhada, escolhida sem vontade e a cara lavada e a falta de café e os cigarros que não existem e o sapato raso e a vaidade que ficou perdida talvez na noite de Sexta, ou no Domingo de manhã...
10 comentários:
Quando me encontro numa situação similar, é só passar pelas vendedoras do mercado de Alvalade e ouvir "Quer alguma coisa, borrachinho?". Também no quiosque perto de minha casa, às vezes de pijama e sobretudo até às canelas, detecto sempre um sorrisinho malandro e cúmplice das meninas do tabaco. Sei que é inconsequente, mas não sabe nada mal... É verdade.
Como não uso pijama, é melhor não me chegar ao quiosque, não te parece? :D
E, sim, faz bem. Até nos dias mais miseráveis.
(a casa como vai? quando li, pensei que seria em sentido figurado - que te acho bem capaz de pirotecnia se estivesses para ai virado - e só hoje percebi que era capaz de ser a sério)
Principalmente nos dias mais miseráveis...
Quanto ao incêndio, podia ser muito pior, muito pior.
Especialmente se o dia miserável ainda por cima é uma segunda-feira :(
Derreto-me toooooda quando me tratam por menina. Tão bom, não é?
E tu não precisas de betume na cara para ficares com ar de menina, melher. Se bem que as segundas são fatídicas e muito complicadas, admito.
(Me mate diz que vou ser menina toda a vida, e espero bem que sim)
Segunda-feira é por definição um dia miserável. A menina I. vai-me, um dia, desvendar o mistério... do I, claro.
Ando mirradinha com o frio, I: até as rugas se notam mais. E, depois, às segundas nada se safa em que a gravidade tenha influência ;-)
E nem são precisas obras em casa ou estar convencido que a pele é igual em toda a cara e que, a partir de certo momento, basta água e sabão ;-)
O Paulo é esperto. Muito esperto e galanteador :D
Só por isso merece saber o meu nome próprio, que não é Isolina, nem Irene, nem Inês, nem Ilda, mas Isabel, d'aprés (não sei se o acento está correcto, pardon my french que eu é mais ingalês) minha avó e não a Raínha Santa.
Ó Hipatia, desde que eu me converti àquela igreja chamada perfumaria, que não me leva o dízimo mas quase, disfarço bem as maleitas da idade. Agora uso os três passos da clinique e não é que aquela coisa faz milagres à pele? E às segundas, terças e por aí fora, touche éclat da YSL disfarça até a olheira mais teimosa. Olaré.
Oh mulher, não sou eu a precisar de cremes que, mesmo não gostando por ai além, já não dispenso a besuntadela :D
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