2010-03-13

Das saídas fáceis


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Esta geração que descarrega fedelhos nas escolas, nas aulas de ballet e de futebol, ou então em frente a jogos, pc ou televisão esperando que, no fim, eles saiam já criados, não quer ter trabalho. Aliás, trabalho já tem muito diariamente para manter a cabeça à tona ou manter o emprego ou pagar a dívida ao Banco: não precisa que os fedelhos também dêem trabalho. Só que dão. E são responsabilidade. Quem não consegue encarar, que não os faça. Mas não peçam é ao Estado para fazer o que compete a cada um de nós: sempre que o Estado entra num frenesim legislativo sobre a vida das pessoas dá, normalmente, mau resultado. Acho que se chama totalitarismo.

10 comentários:

deep disse...

Vejo tanta coisa à minha volta que só me dá vontade de dizer a algumas pessoas o mesmo que tu escreveste: se não são capazes de os educar, não os façam. Muitas pessoas têm filhos porque fica bem e para os outros - avós, escola, ...- os educarem.
Ainda hoje uma mãe me dizia que, para não se aborrecer, não insiste com a filha de 13 anos para a ajudar nas tarefas de casa - vejam lá se a criança parte osso!
Oiço frequentemente pais dizerem que não sabem o que hão-de fazer aos filhos, mas são os mesmos que, armando-se de toda a sabedoria, condenam as escolas por não terem mão nos alunos.
Enfim... sem mais comentários, que isto já vai longo. :)

Bom fim-de-semana.

Hipatia disse...

Tudo começa em casa e há coisas que não podem ser delegadas. E, sabes, o que me assusta mais e o que me levou a escrever o post é a suspeita de que talvez desta vez o PP tenha razão: se não chegam a mexer no bolso dos pais, talvez não haja solução para esta geração de pirralhos a ser fabricada. O pior é que impor um estado paternalista também nunca deu bons resultados.

Anónimo disse...

Muitos pais pensam que lá por pagarem colégios caros, estes devem cuidar e educar os filhos; lá por terem empregada doméstica a tempo inteiro, idem; lá por lhes comprarem os pc's e as playstations, já se podem demitir um pouco de serem o que deviam realmente ser: pais. Depois, já demasiado tarde, não percebem as suas reacções... Cada vez mais, vejo filhos literalmente criados e educados pelos avós. Enfim...

Hipatia disse...

Quando há avós, menos mal, Paulo. Os meus pais trabalhavam os dois e nem a minha irmã nem eu saímos assim tão mal sob a supervisão dos avós, da tia e de uma catrefada de empregadas. A questão é que a família era encarada de outra forma, as brincadeiras eram diferentes e parecia haver sempre tempo para nós no fim do dia, para o carinho, para os deveres e para a disciplina. Hoje em dia vou a um supermercado e vejo putos de rojo a espernear porque querem isto e aquilo ou a insultar os pais sem qualquer respeito porque não têm isto e aquilo. Os pais ficam-se pelo ar de enfado. Pois, quando eu era miúda, nem pensar fazer uma coisa daquelas aos meus pais ou a qualquer adulto, que haveriam de vir as palmadas mais do que merecidas. E havia uma lógica de merecimento por cada prémio, não caía de bandeja: os brinquedos, as roupas, os livros, tudo tinha de durar, porque não havia mais tão cedo. A nossa geração não foi comprada nem levada com objectos; foi criada com carinho e empenho. E é por isso que estranho tanto o torto que tudo está: não aprendemos nada com os nossos pais. Dessas crianças todas que a nossa geração pariu, sorte das que foram entregues aos avós.

I. disse...

Nos últimos anos em que ensinou, a minha mãe queixava-se desses pais que delegavam na escola a tarefa de educar. Se o menino era malcriado, a culpa era do stor, que não impunha o respeito! Olha se eu faltava eu respeito a um stor. Mamãe dava-me cá uma rabecada que não ficava a ouvir bem durante um mês.
Quando há avós, do mal o menos, é verdade. Me mate foi educado pelos avós maternos, e tenho a dizer que a santa avózinha dele, fosse ainda viva, tinha aqui uma grande amiga.
Mas quando vejo pais a encolher os ombros e a dizer que não sabem o que fazer, que o/a menino/a é mesmo assim, fico possessa.
Perdeu-se a ideia que cada direito importa um dever, não se educa com essa perspectiva, e anda tudo de mão estendida à espera que o santo Estado provenha.
(e quem se esforça e trabalha e o caracinhas, fica a ver os outros a molengar e a subsistir de subsídios que premeiam a irresponsabilização, olha que cada vez me dói mais)

Hipatia disse...

E nem te engasgas nem nada (como eu) a dar contigo a concordar com parte do populismo e da basófia do Portas e as suas ideias de ir ao bolso dos pais indigentes? Como é que cheguei aqui? :/

I. disse...

Engasgo-me sim senhora. E de que maneira. Mas esta cheio de razão: a educação é um direito, mas também um privilégio.
E ainda vou mais longe: agravamento da taxa moderadora para quem vai ao hospital com uma gripe, por exemplo. E do rendimento mínimo, nem vou falar, que hoje ouvi duas histórias muito edificantes, uma sobre a família de ciganos que foi levantar o chequezinho e a querer despachar que o taxi estava a contar (aiiii); e a outra que foi levantar um cheque com a mesma proveniência no valor de €1.058. Até decorei. €1.058,00 euruchos, redondinhos. Há casais que, trabalhando, não ganham isto. E ainda pagam renda de casa. Tem razão o paulinho: assim, como é que há incentivo a trabalhar????

Hipatia disse...

€1058? Só? Não deve ter ainda parido filhos suficientes. Sei do caso de uma fedelha de 23 anos, a caminho do 5º filho (e que se recusou à laqueação de trompas quando a assistência social e o hospital o propuseram), que leva à volta de €1500. Sem contar com o que leva o companheiro e pai suposto da filharada. E, sim, é à conta de casos destes que às vezes me sinto reaccionária :(

I. disse...

Tu queres que eu faça uma loucura, ai queres, queres. 1500, sem espinhas... rica vida, poooorra. Nestas alturas lembro-me sempre de quem trabalha a salário mínimo, fica desempregado e a contar os tostões do subsídio, que um dia acaba. Mas que raio de justiça social é esta, hein? Não é para isto que eu desconto, nem tu, nem tantos.
Vou ali cortar os pulsos e venho já...

Hipatia disse...

E estes sugadores profissionais da teta do Estado sabem todos os truques para sacarem cada vez mais. O mal é haver tantos que, bem precisando, não sabem ou conseguem o mínimo de apoio que mereciam. Os tais, por exemplo, que levam dois ordenados mínimos para casa e não têm casa da câmara.