2010-03-04

Tempos de delação

aqui


Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição
Tempo de injustiça e de vileza
Tempo de negação

Tempo de covardia e tempo de ira
Tempo de mascarada e de mentira
Tempo de escravidão

Tempo dos coniventes sem cadastro
Tempo de silêncio e de mordaça
Tempo onde o sangue não tem rasto
Tempo da ameaça

Sophia de Mello Breyner Andresen - Data



E há uma mentalidade que permanece e cresce, entre a vileza e a denúncia escroque, transformada em parangona.

6 comentários:

I. disse...

Nem percebo qual o interesse deste tipo de notícias. Para este género de conteúdos já tínhamos as lux e caras, não? Eu quero lá saber quem é a verdadeira pessoa por trás do blog x ou y. A sério, couldn't care less.

Hipatia disse...

Pensa pelo lado de quem preferia ficar anónimo para agora não andarem a colar-lhe ao nome como se fosse apelido "empregado das finanças". E pensa que passavas a ser conhecida pela tua profissão como se fosse apelido, depois de devidamente bufada a dita num jornal. Continuavas no "care less"?

I. disse...

Não me expliquei bem: o que não acho que tenha interesse é este tipo de "investigação" e este tipo de "notícia"! É uma cusquice mesquinha, e só. Parece uma cacha de imprensa cor de rosa ou tablóide. Para quê, com que legitimidade, e em nome de que interesse público é que se vai expor a pessoa por trás do nick????? É um jornalismo rasteiro e de pacotilha, e por isso não me interessa.
Mas que me choca, isso choca, não tenhas dúvidas. É uma intromissão injustificada e abusiva na esfera privada.

Anónimo disse...

Mesmo se fosse pronunciado, tinha todo o direito de se manter anónimo.

Pareceu-me mais vingançazinha blogosférica... i... i...!

Hipatia disse...

A mim choca-me e assusta-me. Nunca fui realmente anónima por aqui, que há demasiada gente a conhecer-me. Mas sempre me convenci que tinha escolhido quem ficava a saber a minha identidade, confiando que há ainda zelo e respeito na relação entre pessoas. Mas esta história tem origem num bufo que deu a saber o que se passava e com quem se passava numa mailing list de um blogue colectivo. E nem os mails privados estão já a salvo destes Judas e, na realidade, todos estamos sujeitos a confiar em gente assim, mesmo quando nos achamos prevenidos. E a filhadaputice do outro é insidiosa por isso. Ter havido um badameco que se diz jornalista e publica uma parangona daquelas é só a cereja no topo de um bolo de lama.

Hipatia disse...

Se o foi uma vingançazinha blogosférica, ter saltado para a primeira página de um jornal muda-lhe completamente a figura. É que só os bloggers é que se acham realmente importantes e sabidos. Na vida real, as pessoas comuns, que lutam para manter o emprego e um prato de comida em cima da mesa (enquanto são comidas por todos os lados por canalha cada vez mais pançuda) não lê blogues nem sabe o que são blogues. Mas uma primeira página de um jornal, mesmo de um pasquim, ainda é um bocadinho diferente e entra pelos olhos dentro até dos mais incautos que apenas estavam ali ao lado para comprar uma raspadinha. E, com mais uma história antiga (parece que a nossa comunicação social se faz cada vez mais de histórias requentadas a que acrescentam novos capítulos em momentos específicos e cirurgicamente organizados), mais uma vez sem qualquer arguido, sem caso sequer (foi arquivado), tentando mais um linchamento em praça pública. Vem de onde vem, é o que me apetece dizer. E vou olhando e o que não percebo realmente é quando à esquerda aparece gente a defender o ressabiamento desta direita sem poleiro há tanto tempo que só sabe agora jogar sujo. E eu sou muito povinho, tu sabes: esse foi sempre o único ramo decente da família. E é a minha costela popular que me faz olhar com asco para isto, enquanto a minha costela do contra olha e torna a olhar e lembra-se já não do "quando há fumo tem fogo" e antes do "se a esmola é grande, o pobre desconfia".