(...)Mes yeux et la fatigue doivent avoir la couleur de mes mains. Quelle grimace au soleil, mère Confiance, pour n'obtenir que la pluie.(...)
Paul Éluard - Les fleurs
Tenho neste tempo de transição entre um Inverno que se aproxima e um Verão que não vai embora uma tendência recorrente para a melancolia.
Enquanto os dias se tornam mais breves, a minha alegria estival esvai-se à velocidade dos pingos gelados das primeiras chuvas.
A minha cidade fica triste também, cada vez mais cinzenta nos seus cinzentos, as neblinas transformam-se em nevoeiro, o cheiro das castanhas envolve-nos e os guarda-chuvas tropeçam-se.
Vejo o rio e está cinzento também, pesado, triste, cheio de águas novas e lamacentas e corre furioso a atirar-se nos braços do mar revolto, espumoso e atrevido.
Não há muitos sorrisos por entre os ruídos das gentes que passam. Só pressa em chegar a qualquer destino, afã de fuga para os interiores aquecidos de uma cidade que gela lentamente, vestindo-se das humidades e dos frios outonais.
Sinto-me a encolher com os dias, a encolher para o quente aconchego de uma manta sempre a postos, um casaco de lã tão velho que já não lhe sei os anos, as pantufas quentinhas que trouxe da Estrela.
Encolho-me no sofá, a TV pronta a suspirar sozinha num último ai com hora pré-programada. Encolho-me no sofá como encolhem os dias. Enovelo-me no calor da minha casa e durmo as sestas do frio.
Cheira já a Inverno. Os dias encolhem. Eu encolho com os dias e acerto o passo com esta melancolia que me percorre.
Paul Éluard - Les fleurs
Tenho neste tempo de transição entre um Inverno que se aproxima e um Verão que não vai embora uma tendência recorrente para a melancolia.
Enquanto os dias se tornam mais breves, a minha alegria estival esvai-se à velocidade dos pingos gelados das primeiras chuvas.
A minha cidade fica triste também, cada vez mais cinzenta nos seus cinzentos, as neblinas transformam-se em nevoeiro, o cheiro das castanhas envolve-nos e os guarda-chuvas tropeçam-se.
Vejo o rio e está cinzento também, pesado, triste, cheio de águas novas e lamacentas e corre furioso a atirar-se nos braços do mar revolto, espumoso e atrevido.
Não há muitos sorrisos por entre os ruídos das gentes que passam. Só pressa em chegar a qualquer destino, afã de fuga para os interiores aquecidos de uma cidade que gela lentamente, vestindo-se das humidades e dos frios outonais.
Sinto-me a encolher com os dias, a encolher para o quente aconchego de uma manta sempre a postos, um casaco de lã tão velho que já não lhe sei os anos, as pantufas quentinhas que trouxe da Estrela.
Encolho-me no sofá, a TV pronta a suspirar sozinha num último ai com hora pré-programada. Encolho-me no sofá como encolhem os dias. Enovelo-me no calor da minha casa e durmo as sestas do frio.
Cheira já a Inverno. Os dias encolhem. Eu encolho com os dias e acerto o passo com esta melancolia que me percorre.
2 comentários:
Chá quente e bolachas ;)
Já comecei o ritual hoje e soube mesmo bem, depois de tanta chuva.
Mas não gosto deste tempo, excepto quando posso ficar em casa, no quente. E hoje foi dia de labuta :(
Espero ansiosa aqueles dias de Inverno, muito frios e cheios de sol. Desses gosto. Muito :)
On : 10/18/2004 2:30:26 PM corpo visivel (www) said:
Como estou perto do mediterrâneo, ainda näo me apercebi do inverno...
Daqui mando-te um abraço quente e luminoso!!
--------------------------------------------------------------------------------
On : 10/18/2004 2:52:52 PM Hipatia (www) said:
E eu cá longe, a sentir os ventos frios do norte...
Sinto falta dos dias longos que me deixavam ainda ter tempo para ver os pores-do-sol.
Hoje choveu demais
Obrigada pela calor mediterránico, Corpo Visível. Quase o senti realmente. As palavras são mesmo maravilhosas quando retratam tão bem o sentimento.
Beijo friorento
Enviar um comentário