El lirio azul el lirio fucsia el lirio
de color colorado el lirio triste
con pétalos de cera se reviste
y va a la fiesta convertido en cirio
En cirio gris en cirio negro en cirio
de las aguas sin luz en cirio triste
que al llegar de la fiesta se desviste
y vuelve a ser en el jardín un lirio
O este espejo se está poniendo viejo
o lo que estoy mirando es un delirio
dice la flor hablándole al espejo
Adentro del azogue brota un cirio
y al tiempo que se enciende su reflejo
al fondo del jardín se apaga un lirio
Oscar Hahn – De Cirios y de Lirios
Às vezes penso que sequei algures no tempo. Não a secura completa da indiferença pura, mas ainda assim, uma parte de mim secou.
Secou talvez a parte mais pura, fruto de ilusões, aquela feita das pequenas coisas. E ficou só a secura da miragem que se dissipa.
Alguns chamarão a este seco que trago em mim, crescer. Outros amadurecer. Outros ainda chamarão um chorrilho de palavrões de análises descontínuas a almas cada vez mais descrentes, indiferentes, embrutecidas.
Eu digo que sequei. Sequei tanto que até as lágrimas são cada vez mais difíceis. Tanto que até sinto que, em alguns dias, até à dor me habituei. Dores várias, do corpo, dos olhos, da mente. Dores do físico, dores do espírito. E a alma que seca e mirra um pouco mais.
Sequei. Seco um bocadinho mais todos os dias. E nem sei como parar esta fuga de mim.
(Lá longe, a infância parece-me cada vez mais o paraíso perdido. O tempo certo das magias e das ilusões. O jardim em flor onde os risos eram fontes e as lágrimas encharcavam o solo fértil feito esperança, num quotidiano com as magias de uma primavera sempre viva.)
de color colorado el lirio triste
con pétalos de cera se reviste
y va a la fiesta convertido en cirio
En cirio gris en cirio negro en cirio
de las aguas sin luz en cirio triste
que al llegar de la fiesta se desviste
y vuelve a ser en el jardín un lirio
O este espejo se está poniendo viejo
o lo que estoy mirando es un delirio
dice la flor hablándole al espejo
Adentro del azogue brota un cirio
y al tiempo que se enciende su reflejo
al fondo del jardín se apaga un lirio
Oscar Hahn – De Cirios y de Lirios
Às vezes penso que sequei algures no tempo. Não a secura completa da indiferença pura, mas ainda assim, uma parte de mim secou.
Secou talvez a parte mais pura, fruto de ilusões, aquela feita das pequenas coisas. E ficou só a secura da miragem que se dissipa.
Alguns chamarão a este seco que trago em mim, crescer. Outros amadurecer. Outros ainda chamarão um chorrilho de palavrões de análises descontínuas a almas cada vez mais descrentes, indiferentes, embrutecidas.
Eu digo que sequei. Sequei tanto que até as lágrimas são cada vez mais difíceis. Tanto que até sinto que, em alguns dias, até à dor me habituei. Dores várias, do corpo, dos olhos, da mente. Dores do físico, dores do espírito. E a alma que seca e mirra um pouco mais.
Sequei. Seco um bocadinho mais todos os dias. E nem sei como parar esta fuga de mim.
(Lá longe, a infância parece-me cada vez mais o paraíso perdido. O tempo certo das magias e das ilusões. O jardim em flor onde os risos eram fontes e as lágrimas encharcavam o solo fértil feito esperança, num quotidiano com as magias de uma primavera sempre viva.)
1 comentário:
On : 10/14/2004 1:39:42 PM cachucho (www) said:
Tens uma escrita magnífica.
De facto assim é, vamos crescendo e vamos secando, cada vez mais secos perdemos também o interesse em deixar de o ser, mas também é verdade que todos os dias aparece algo que nos refresca, que nos faz sentir diferentes. É a vida!
--------------------------------------------------------------------------------
On : 10/15/2004 9:06:02 AM corpo visivel (www) said:
Como diria o Borges "no hay outros paraísos que los paraísos perdidos".
O segredo é seguir sempre em frente!
Boa jornada!
:)
--------------------------------------------------------------------------------
On : 10/15/2004 4:25:56 PM Hipatia (www) said:
És sempre um exagerado nos elogios. Obrigada
Sabes, gostava de poder voltar a olhar para o Mundo com olhos de criança. Mas acho q isso toda a gente quer, no fundo.
Sempre me custou crescer...
--------------------------------------------------------------------------------
On : 10/15/2004 4:31:18 PM Hipatia (www) said:
"caminante no hay camino..." É isso? Talvez seja mesmo, Corpo Visível. Temos que fazer o caminho a andar, passo a passo. Mas acho que vou secando mais e mais a cada passo que dou. Não é sequer um mau secar. É só esta ideia que se me agarra à pele de sede profunda pelo que já não tenho...
Enviar um comentário