2005-04-25

Aerograma


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Este é pelos meus: os que cá ficaram, os que por lá andaram, os perseguidos, os que nada fizeram.

Este é pelos meus: os que ainda virão, os que são agora, os que hão de continuar o que se inaugurou numa madrugada de Abril.

Pela memória. Especialmente pela memória dos que não viveram o tempo suficiente para saborear a liberdade sonhada.

E pela memória da revolução (quase) sem tiros. Para que ninguém esqueça que também se fazem revoluções com flores nos canos das espingardas.

6 comentários:

Maria Arvore disse...

Pela memória, sempre!
Que humanos seríamos sem a memória?...

Hipatia disse...

Não existíamos!

Se um dia todos nos esquecessem, haveria ainda algum de nós? Lembrei-me agora de um filme com a Julianne Moore: uma mãe a quem todos tentam fazer acreditar que o filho morto nunca tinha existido, que era uma fabricação da própria memória dela. Mas ela resiste a esquecer. Se o esquecer, então ele nunca existiu.

O mesmo se passa com esta data: se a esquecermos, se deixarmos de a recordar em toda a sua magnificência e a deixarmos esquecida dos compêndios da História, então estamos apenas a minimizá-la, a deixá-la perder o seu enorme, brutal, significado.

Como os tantos aerogramas que as madrinhas de guerra escreveram para o outro lado do mar e há muito se perderam, como umas tantas de vidas, que já só uns poucos recordam.

Anónimo disse...

Tenho pelo menos dois heróis. O Salgueiro Maia e o Nelson Mandela. Porque lutaram, porque souberam pacificar e porque souberam sair de cena. Eram homens superiores. Só os fracos necessitam do poder.

derFred

Hipatia disse...

Ainda ontem vi num filme um comentário genial. Diziam que quem tem verdadeiramente habilitações, jeito, capacidade para mudar o mundo, quase nunca o faz porque não tem ambição pessoal, não procura as luzes da ribalta. Essas pessoas, não são políticos nem vedetas; limitam-se a fazer a parte delas, limitam-se a procurar resolver pequenos problemas, sem discursos e sem flashes ou paparazzi. Não têm visibilidade, mesmo que façam realmente a diferença. São, provavelmente, quem teria o poder real para fazer um mundo melhor. E não o fazem porque, ao esquecerem os grandes discursos e a sanha por visibilidade e reconhecimento, acabam eles próprios esquecidos. Quanto a mim, o Salgueiro Maia entra direitinho nesta categoria, DerFred. Tenho algumas reservas quanto ao Mandela, mas acho que são mais contra as mulheres do Mandela...

Anónimo disse...

O Mandela conseguiu pacificar um país absolutamente clivado pelo apartheid. E depois saiu de cena. É admirável.

derFred

Hipatia disse...

Mas eu só tinha acabado de fazer 3 anos e a sorte é ter histórias destas na família: http://vozemfuga.blogspot.com/2005/03/jogo-viciado.html

Talvez façam toda a diferença nas nossas perspectivas, DerFred ;-)