(...)well you'd never known love and you'd never known pain
but you found out that they were just like wine and champagne
you could drink a little more, then you hurt a little less
and you get that butterfly feeling underneath your dress
and your promises will turn into lies
then you will fly
my little butterfly
now i'm lying here babe on your side of the bed
and i've got unclean thoughts flying through my head
and i'm thinking about love, yes i'm thinking about pain
and i'm thinking about some way that i might feel good again
yes i'm thinking about my little butterfly
Lloyd Cole - Butterfly
autsch
Sempre jurei que nunca o faria, até saber que há juras que não podem ser feitas. E fiquei deitada no lado da cama que não era meu, a sentir-me, de alguma forma, impura, por não ter sido capaz de manter perfeita a relação sem penetras.
Mais ainda do que a pele, ou o coito, que até nem chegou a haver, pesaram-me todos os pensamentos que me fugiam para longe. E, no corpo, só de pensar, as emoções voltejavam por baixa da roupa, até às entranhas. E eu voei para longe, com um breve "não dá mais".
Amor e dor em pas-de-deux. E a traição como o acorde onde bailam os espaços finitos onde já não cabe a utopia. E saber que há sempre um fim, que lhe encontro sempre um fim, que o construo enquanto pensamentos pouco éticos e sonhos pouco nobres assumem preponderância sobre o amor instituído. E estas pequenas mortes estão sempre anunciadas, quando os pensamentos nos traem a insatisfação da rotina.
Fujo ainda. Das consequências, dos remorsos, desta consciência de que trai a palavra dada.
Fujo da minha condição imperfeita. Do saber que abri as portas da mente a um estranho, à magia da novidade. E, pesando embora a consciência, doendo ainda a dor que abertamente infligi, negando todas as verdades que eram nossas, soltei as amarras da imaginação. E parece-me certo que as mulheres não traem com o corpo. Já traíram muito antes, quando a cabeça pôs um fim e abriu os braços à promessa nova, feita corpo novo também.
Com os anos, sôfrega de bebidas cada vez mais requintadas, bebe-se cada vez um pouco mais para que doa um pouco menos. E aprende-se a construir o dia seguinte sobre as ruínas onde se vão soterrando as utopias adolescentes.
but you found out that they were just like wine and champagne
you could drink a little more, then you hurt a little less
and you get that butterfly feeling underneath your dress
and your promises will turn into lies
then you will fly
my little butterfly
now i'm lying here babe on your side of the bed
and i've got unclean thoughts flying through my head
and i'm thinking about love, yes i'm thinking about pain
and i'm thinking about some way that i might feel good again
yes i'm thinking about my little butterfly
Lloyd Cole - Butterfly
autsch
Sempre jurei que nunca o faria, até saber que há juras que não podem ser feitas. E fiquei deitada no lado da cama que não era meu, a sentir-me, de alguma forma, impura, por não ter sido capaz de manter perfeita a relação sem penetras.
Mais ainda do que a pele, ou o coito, que até nem chegou a haver, pesaram-me todos os pensamentos que me fugiam para longe. E, no corpo, só de pensar, as emoções voltejavam por baixa da roupa, até às entranhas. E eu voei para longe, com um breve "não dá mais".
Amor e dor em pas-de-deux. E a traição como o acorde onde bailam os espaços finitos onde já não cabe a utopia. E saber que há sempre um fim, que lhe encontro sempre um fim, que o construo enquanto pensamentos pouco éticos e sonhos pouco nobres assumem preponderância sobre o amor instituído. E estas pequenas mortes estão sempre anunciadas, quando os pensamentos nos traem a insatisfação da rotina.
Fujo ainda. Das consequências, dos remorsos, desta consciência de que trai a palavra dada.
Fujo da minha condição imperfeita. Do saber que abri as portas da mente a um estranho, à magia da novidade. E, pesando embora a consciência, doendo ainda a dor que abertamente infligi, negando todas as verdades que eram nossas, soltei as amarras da imaginação. E parece-me certo que as mulheres não traem com o corpo. Já traíram muito antes, quando a cabeça pôs um fim e abriu os braços à promessa nova, feita corpo novo também.
Com os anos, sôfrega de bebidas cada vez mais requintadas, bebe-se cada vez um pouco mais para que doa um pouco menos. E aprende-se a construir o dia seguinte sobre as ruínas onde se vão soterrando as utopias adolescentes.
2 comentários:
Podem simplesmente dizer-nos "fim"...
;-)
Mais Vozes
On : 4/5/2005 5:09:35 PM vanus de Blog (www) said:
Absolutamente nada é como queremos, todos os princípios perdemos, e quando é ao contrário então alguma coisa está mal, verdadeiramente mal,e falo exactamente nessa dualidade dor-amor, se amamos como queremos, ou se nos amam como queremos, então, para mim não é amor, falta-lhe a dor basicamente, falta-lhe sentir na pele, cair e voar ao mesmo tempo.
Chega-se a uma altura em que é preciso desligar os botões, sentir sem tentar dominar os sentimentos, conceitos, repercurssões, implicações e tudo isso.
Basta aceitar, mais nada. Aceitar e ir.
O único problema do fim, é quando este se dá antes de começar, de resto é sempre um novo princípio.
On : 4/5/2005 5:48:10 PM Luna (www) said:
ai...outra casa q tenho q deixar de vir
On : 4/5/2005 7:05:33 PM Jorge Morais (www) said:
Hipatia,
hoje parece ter sido um dia cinzento...
Que seja o prenúncio de um dia radioso dos que só tu sabes criar
On : 4/5/2005 7:24:46 PM cap (www) said:
On : 4/6/2005 5:23:29 AM abf (www) said:
On : 4/6/2005 11:43:38 AM Hipatia (www) said:
Não, nada é como idealizamos. Nunca é. Talvez por isso custe tanto, ou então não custe nada. Porque todas as prevenções que fizemos de antemão saem sempre furadas. E nunca há botões certos. Só tentativas e erros. E talvez assim se encontre a mola certa.
Um novo princípio é algo profundamente assustador... Ou, pelo menos, eu acho que é. Porque nos obriga a largar o conforto do conhecido e saltar de braços abertos para o desconhecido. Com sorte, voamos. Mas também é preciso sorte...
Beijo
(a dor já nem me assusta; mais me assusta o confortably numb )
On : 4/6/2005 11:44:09 AM Hipatia (www) said:
Espero bem que não, Luna
On : 4/6/2005 11:45:33 AM Hipatia (www) said:
Nem foi um dia muito cinzento. Não era um post triste. Talvez pareça, mas não era. Talvez fosse demasiado sério. Mas falar a sério também me faz bem.
Obrigada pelo cuidado, Jorge
On : 4/6/2005 11:46:47 AM Hipatia (www) said:
Sem Cap. Era só sobre traição. Especialmente aquela que fazemos ao que sonhamos ser e nunca conseguimos concretizar. Todas as verdades adolescentes acabam carcomidas de alguma forma, não é?
On : 4/6/2005 11:47:38 AM Hipatia (www) said:
Há dias em que me faz bem atirar com estas coisas para o blogue, abf. Só isso. Não são precisas caras tristes
On : 4/6/2005 2:26:52 PM Luna (www) said:
pois...tinhas razão voltei mais umas quantas vezes hoje...para ler, aquilo que quero dizer. Por vezes penso que anda aí o "Grande Irmão" a vigiar-me os pensamentos e de vez em quando escrevem-nos tal qual eu pensei....beijos
On : 4/6/2005 4:07:51 PM corpo visível (www) said:
Sugar, a pureza é coisa de faquir!
Haverá sempre coisas que perdemos, coisas de que nos arrependeremos sempre... temos é de aprender a viver com isso.
E a vida aí tão perto...
On : 4/7/2005 3:59:01 PM Hipatia (www) said:
(mas como é que não vos vi ontem ?)
Sim, Luna. Também me sinto assim muita vez. E não são poucas as vezes em que garatujo um post devido às leituras que antes tinha andado a fazer. Inspiro-me nas palavras dos outros porque esses outros, tanta vez, reflectem na perfeição o meu sentir.
On : 4/7/2005 4:02:48 PM Hipatia (www) said:
Gostei do "sugar" (expressão sujeita aqui ao contraditório, como é óbvio )
Nunca tive jeito para faquir, é verdade Gosto de ser imperfeita e com muitas poucas réstias de pureza, Corpo Visível
Continuar a viver é apenas continuar a dar cabeçadas na esperança de nunca rachar seriamente a carola. Um dia talvez me baste
On : 4/16/2005 4:46:39 PM Viajante (www) said:
Gostei muito... mesmo. Da lucidez , da fluidez das ideias e deste ficar a olhar-se ao espelho. Um beijo grande, Hipatia, pois "pequenas mortes" podem prenunciar renasceres.
On : 4/17/2005 8:39:05 AM Hipatia (www) said:
Enquanto pequenas mortes forem prenúncios de renasceres, então há ainda caminho, certo?
Obrigada, Viajante
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