Menina dos olhos tristes
o que tanto a faz chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
Vamos senhor pensativo
olhe o cachimbo a apagar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
Senhora de olhos cansados
porque a fatiga o tear
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
Anda bem triste um amigo
uma carta o fez chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
A lua que é viajante
é que nos pode informar
o soldadinho já volta
está mesmo quase a chegar
Vem numa caixa de pinho
do outro lado do mar
desta vez o soldadinho
nunca mais se faz ao mar
Reinaldo Ferreira / Zeca Afonso - Menina dos Olhos Tristes
E pelo fim da sangria da juventude deste país. Por todos os mortos da geração do meu pai, dos meus tios. Por todos os que foram e voltaram. Por todos os que só tiveram uma caixa de pinho no regresso. Por todos os que hoje ainda os choram. Pelos filhos sem pais. Pelos filhos dos filhos sem avós. Pela paz que enfim chegou.
o que tanto a faz chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
Vamos senhor pensativo
olhe o cachimbo a apagar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
Senhora de olhos cansados
porque a fatiga o tear
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
Anda bem triste um amigo
uma carta o fez chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
A lua que é viajante
é que nos pode informar
o soldadinho já volta
está mesmo quase a chegar
Vem numa caixa de pinho
do outro lado do mar
desta vez o soldadinho
nunca mais se faz ao mar
Reinaldo Ferreira / Zeca Afonso - Menina dos Olhos Tristes
E pelo fim da sangria da juventude deste país. Por todos os mortos da geração do meu pai, dos meus tios. Por todos os que foram e voltaram. Por todos os que só tiveram uma caixa de pinho no regresso. Por todos os que hoje ainda os choram. Pelos filhos sem pais. Pelos filhos dos filhos sem avós. Pela paz que enfim chegou.
11 comentários:
Pela paz que, afinal, malbaratamos. Pelos que nos trouxeram a hoje e se perdem nas brumas da nossa memória. Pelo reacender diário da esperança.
Beijo, Vague.
Quando era pequeno, a minha avô rezava para eu não ir para a guerra. Em 25 de Abril de 1974, eu tinha nove anos e meio. Isto dá uma ideia da resignação de um povo.
derFred
Malbaratamos, pois. Especialmente porque me parece que, cada vez mais, se cultiva uma memória envergonhada, resignada, empobrecida. Especialmente porque esquecemos de recordar os pormenores, por entre o fogo de artifício–fogo fátuo das celebrações esvaziadas de conteúdo didáctico. É demasiado fácil esquecer...
Beijo
Muito se falou ontem em democracia, Eufigénio. Há anos que se fala em democracia. Fala-se tanto que se esvazia de conteúdo a palavra. Como se fala demais em liberdade. Como se fala demais em conquistas de Abril. Mas esquece-se vez demais onde doía verdadeiramente a chaga que Abril tentou curar. Mesmo que ainda não esteja cicatrizada, mesmo que ainda haja quem chore. Mesmo que a liberdade e a democracia se esvaziem cada vez mais de conteúdos reais para passarem a ser as bandeiras que se põem à frente dos flashes uma vez por ano e pouco mais.
Pois por aqui também sempre se cantou. Mesmo havendo a sorte de nunca se ter chorado um caixão de pinho. Por sorte. Só isso: sorte.
E, sim, podes copiar. Ontem não estava completa, mas já resolvi isso. Obrigada eu!
Dá, sim, DerFred. E até assusta sabermos que, afinal, esse povo que fez Abril não é assim tão diferente do povo de agora. Ainda carregamos as raízes da resignação. Que haja memória suficiente para que saibamos continuar a carregar também as raízes da revolução em flor.
Mas eu não acho que o povo tenha feito Abril. Foi um grupo reduzido de pessoas e por variados motivos. O povo que estava no Largo do Carmo a apupar o Marcelo Caetano era o mesmo que 15 dias antes o aplaudia de pé no Estádio de Alvalade (essa representou a maior perplexidade daquele dia para os meus nove anos e meio).
derFred
Hipatia,
mas que é que se passa com os outros comentários. Só agora é que me lembrei que existem estes, por isso não tenho aparecido...
É só para dizer que adoro esta canção, tenho-a em casa no CD "Baladas e Canções" (acho que é assim que se chama).
A minha filha também adora o Zeca, até fiz no meu blog um texto a propósito disso. Eu costumava cantar-lhe a Canção de embalar para a adormecer... entretanto cresceu e já não gosta de me ouvir cantar :(
Fred, mil perdões, mas respondi-te no post errado :)
Transcrevo para aqui a resposta:
Mas eu só tinha acabado de fazer 3 anos e a sorte é ter histórias destas na família: http://vozemfuga.blogspot.com/2005/03/jogo-viciado.html
Talvez façam toda a diferença nas nossas perspectivas, DerFred ;-)
(Quanto ao Mandela, como te dizia, tem mais a ver com as mulheres que ele escolheu do que propriamente com ele. Parece-me que nenhuma delas gosta de estar longe das luzes da ribalta...)
O CommentThis deu o berro, Jorge. Mas ainda tenho esperanças que volte. Já estou farta de ler:
We've had a server failure. We are working to get everything running again.
Regards,
The CommentThis admin.
Os meus comentários todos perdidos? Nem quero pensar nisso!
Quanto ao Zeca Afonso, é incontornável se ainda quisermos preservar a memória, certo? E a tua miúda não deve ter culpa que cantes mal :ppp
Não era por causa da minha voz ser má, mas entre mim e o Zeca, ela prefere o Zeca ;-)
eheheheh
(já tens um haloscan enquanto não me devolverem o CommentThis)
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