2005-04-28

Música Brutal


Olga Sinclair - Tango

Descubrimos vos y yo
En el triste carnaval
Una música brutal
Melodías de dolor

Despertamos vos y yo
Y en el lento divagar
Una música brutal
Encendió nustra pasión

Dame tu calor
Bébete mi amor


Gotan Project - La Revancha del Tango



Tenho uma predilecção toda minha pelos resultados da melancolia, quer em textos, quer em música, quer mesmo nas pinceladas doloridas como as de "O Grito", do Münch (mesmo com um céu cor de laranja).

Mas gosto particularmente quando essa melancolia parece esconder um fogo em lume brando e, mesmo quando me acusam de só gostar de uma certa pop depressiva, recordo o meu entusiasmo perante um Piazzolla, por exemplo, ou um Poe, um Rafael Alberti ou um Ary dos Santos.

Suponho que me extravaso nos gostos para bem mais longe do que o universo pop. E é aqui que incluo, por exemplo, os Gotan Project e este universo de tangos e facas na liga, revisitado a partir de uns estúdios em Paris. Um olhar distanciado, mas cheio de calor, por uma Buenos Aires de amores condenados e paixões avassaladoras... Uma Buenos Aires que todos temos em nós, quando nos livramos de lendas castradoras de príncipes encantados e compromissos para toda a vida; quando fazemos da nossa melancolia um pecado prazeroso de consolos e mágoas e paixões. Quando já sabemos que "quem faz um filho/fá-lo por gosto"... ou, pelo menos, devia...

Haverá dúvidas que muitos de nós trazem já na alma um triste carnaval? Que nos podemos entregar à música como, certamente, já nos teremos entregue ao amor? E que o amor, tal como às vezes nos acontece, é também uma bruta música, um lento divagar, mescla de melancolia e fogo em labareda?...

5 comentários:

vanus disse...

Não me digas que viraste uma neo-gótica e que ainda te vou dizer que gostas do nojo dos evanescence...deixas logo de poder entrar cá em casa :PPP

Sobre "esse tipo" de música não me manifesto, porque nunca encontrei nada suficientemente melancólico (deve ser por isso que o Cromo/Vadio diz que me rio muito lol).

Agora a sério, onde há morte há vida! E vice-versa...

vanus disse...

*"te vou ouvir dizer"

Anónimo disse...

Hipatia Maria

Que se passa com o teu tasco??? No post anterior diz lá que há 13 comentários mas só consigo ler até ao 5º (que por acaso é o meu...). :(

Temos que começar a trocar discografia... Já descobriste o Emilio Cao? Vai à Fnac e pede para ouvir o CD "Amica Alba Delgada". Quando Astor Piazzolla estava em coma profundo, o seu filho fazia-o ouvir a sua música e ele tamborilava-a entre os seus dedos...

CotaMarada

Hipatia disse...

"Korror"!!!!

Mas estás-me a comparar essas... essas... essas coisas com os Gotan Project?

eheheh

Tens razão: como em todas as dualidades de que a nossa realidade se parece construir, não haveria lugar a existir vida se não houvesse também a morte. Conceitos complementares e mutuamente exclusivos :)))

Hipatia disse...

Já ai tens os "Pios" para substituírem as Vozes Mudas... à espera de melhores dias :)

Espero que resulte porque, a nível de estética, está-me a deixar doente tanto comentário junto :))

(um dia destes faço um post só sobre o Piazzolla)

Beijo, Cota