Joshua Tree National Park
These mist covered mountains
Are a home now for me
But my home is the lowlands
And always will be
Some day you'll return to
Your valleys and your farms
And you'll no longer burn
To be brothers in arms
Through these fields of destruction
Baptisms of fire
I've witnessed your suffering
As the battles raged higher
And though they hurt me so bad
In the fear and alarm
You did not desert me
My brothers in arms
There's so many different worlds
So many different suns
And we have just one world
But we live in different ones
Now the sun's gone to hell
And the moon's riding high
Let me bid you farewell
Every man has to die
But it's written in the starlight
And every line on your palm
We're fools to make war
On our brothers in arms
Found at bee mp3 search engine
Disseste-me ali numa caixa de comentários que "nós perdemos a fome de pararíso-Além porque não sabemos e morremos sem saber se há." E eu acho que sabemos, sim. Não está padronizado, nem encerrado numa qualquer verdade. Está antes no que queremos que seja. E pode ser apenas a beleza de um pôr do sol no deserto, onde nada parece poder sobreviver e, no entanto, uma árvore ergue ainda os seus braços para o céu tingido de azul e fogo.
(Talvez no dia em que formos irmãos sem armas, afastando das linhas das estrelas sonhadas, ou das linhas escritas em destino nas palmas das mãos, a loucura de não viver apenas).
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4 comentários:
Ei, Hipatia, eu fui um daqueles teenagers apaixonados pelas lyrics dos Dire Straits e também pela música, fui e sou um sonhador contemplativo de tudo o que enuncias neste post, dessa comunhão essencial dos desejos que não ousam enunciar-se porque enunciá-los é reduzi-los, por vezes e que partem por exemplo desse exemplo.
Toda a beleza metaforiza dentro de nós aspirações irreprimíveis, é sinédoque de uma nostalgia que projectamos num tempo após. O sentimento pós-moderno é de ruptura com os enunciados de Além e a prática quotidinana é uma de um Deus banido da palavra, da memória, como se tivesse desaparecido de nós a capacidade de um aperto de entranhas ternurentas perante o pensar-se num pai ou numa mãe.
Hipatia, para além de tudo, espero que interpretes o meu poema como a denúncia de um ponto de vista inaceitável para mim e ainda activo: esta geração truculenta, cheia do profissionalismo do sangue não passou ainda. Fi-lo por pensar em ti, claro.
Fi-lo sem saber do teu post. E fiquei siderado (acabo de o notar) com a correspondência entre o meu privilegiar-te (ao nome que ostentas) e o teu privilegiar-me simultâneos.
Beijo
Escrevi este post não a propósito do "Hipátia Lacerada", que só depois vi, mas sim do anterior. E tinha visto a tua idade no perfil. Somos da mesma geração. Crescemos a ouvir as mesmas músicas, devemos ter lido os mesmos livros, devemos ter crescido numa ética semelhante, com o mesmo tipo de professor de liceu ainda não demasiado cansado, os mesmos medos (lembro-me, por exemplo, do medo da bomba atómica, da descoberta da ecologia, das imagens de fome em África...), ritos de passagem semelhantes... No meu caso específico, a religião organizada nunca teve qualquer papel; mas a ideia de divino esteve sempre presente, ainda que o tenha tentado encontrar por outras vias, até pela negação da sua existência.
No fundo, acho que somos a geração que herdou o mundo pronto e nem sequer está a fazer um bom serviço para o manter; a geração que herdou o medo, já não das guerras, mas um medo mais pequenino e atrofiado, de tal forma que se enfia em guetos e lhes chama subúrbios. O fim do século caiu-nos em cima da cabeça e sobrou apenas a noção de que, sendo materialmente bem mais ricos do que algumas vez os nossos avós, ou até mesmo os nossos pais, sonharam, ainda assim estamos emocionalmente debilitados. É uma geração que encontrou tudo pronto: todos os grandes sonhos já sonhados; todas as grandes causas já debatidas, algumas delas já decrépitas, sem encontrar-lhes alternativa. E sobra muito pouco, para além da batalha diária para manter e aumentar o património material onde parecemos enterrar o que sobra da esperança, haja ou não dinheiro no fim do mês para pagar as prestações.
E precisamos - urgentemente - inventar a esperança. Sem ela, somos uma geração profundamente falhada. Na adolescência prometeram-nos bem mais do que isso. Não íamos mudar o mundo?
Essa ideia de transformação revolucionária do mundo esteve claramente presente na fase mais inicial das nossas vidas. Aliás, dizer revolução perdera para nós o carácter sangrento que a tradição lhe dera para passar a designar, sim, uma transição radical de um estado de coisas para outro, mas já sem qualquer processo mortífero, depurador, guilhotinante pelo meio.
O 25 de Abril só foi possível devido a uma contenção e a uma brandura que sectores abertos e pensantes foram podendo amadurecer fosse por influxo de uma igreja católica com força de atracção juvenil, fosse por pura racionalidade.
A questão da vitalização comunitária, da participação, da transformação de mentalidades, de um estado de dinamismo espiritual e cultural permanente no plano local absorveu quase todas as minhas energias ao longo de mais de vinte anos.
Pessoalmente, a Esperança irrompera com uma força absolutamente tremenda dentro de mim principalmente no ano de 1984, quando li Teilhard de Chardin, toda a sorte de textos, uns sagradamente beatos, outros sagradamente viris, e fiquei encantado com a ideia, a intuição, aquele germe ascencional na humanidade que Cristo desencadeara com a sua paixão voluntária e ressurreição. Agi e dinamizei a partir daí.
A Esperança como um olhar posto nas coisas definitivas, com a dimensão de promessa contida nos Evangelhos: uma imortalidade, um retomar da corporeidade, mas de uma corporeidade incorruptível, um tempo de convergência catabática do terrestre com o celeste, tudo isso no seio da Igreja Católica, com grupos mais ou menos conscientes e mais ou menos activos, foi o núcleo absoluto do meu ser.
Foi e é, embora transformado. Há questões pragmáticas que hoje o nosso quotidiano exige ver resolvidas e que reivindicam para si a nossa força artística, a nossa energia de entrega mais que o que desejaríamos.
Mas no âmago essa Esperança, no meu caso pelo menos, está viva, menos exuberante, mas nem por isso menos presente.
Espero um tempo meu que me permita desencadear de novo esses vestígios de luz.
Acho que, de certa forma, tens mais sorte do que eu. A fé - ou a crença, pelo menos - nunca conseguiu motivar-me e, nas palavras dos outros, quem esteve mais perto de se constituir na minha verdade pessoal foi, sem dúvida, Camus. Ainda hoje acredito que podemos transformar a nossa "coisa" em Esperança. Só não sei como. E, por isso, deixo que o calhau role encosta abaixo todos os dias para, mais uma vez, tratar de o empurrar encosta acima. Não tenho em mim sede de verdades teologais, nunca deixei de olhar para elas com suspeita. Temo como facilmente, ao transpormos para além do que temos, do real pequeno e limitado onde podemos agir e reagir, se podem facilmente desculpabilizar os actos. Daí até aos actos serem praticados em nome de um qualquer absoluto, vai um passo de formiga. Não haverá nunca a paz de um "seja o que Deus quiser" para mim; o acaso é apenas isso, a motivação é apenas nossa, a responsabilidade deveria apenas cair sobre as nossas cabeças.
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