2008-07-31

Susceptibilidades


aqui

Deve ser por causa de imagens destas que alguém disse ao Blogger que O Jumento era um sítio perigoso. Mais perigoso ainda do que as praias do Allgarve, onde se pode continuar a mostrar a maminha, mas ai se nos lembrarmos de espalhar o protector solar mais demoradamente no corpo do parceiro.

E, mais uma vez, lá estou eu a sentir-me discriminada: não vou para o Allgarve este ano
massajar ninguém e só vêm cá à tasca procurar a "best sex scene" ou o "clítoris grande" ou "pénis pequeno".

Não percebo porque é que nunca ninguém acusou a Voz de ser um blogue pouco recomendável! Ainda que perdido e escondido (e anónimo e anódino), até a Voz pode ser desencantada por qualquer alminha susceptível, certo?

Raios! Que verdades me terei esquecido de dizer no blogue, com e sem palavrões, sexo e nus à mistura?

2008-07-30

Vidinha

aqui
(clicar na imagem para ver melhor)


Acho que, ultimamente, tenho perdido o hábito de contar histórias. Aliás, com o ritmo alucinante que a minha vida tem levado, já quase nem tenho tempo para escrever, pequenas anedotas que fossem, relatos pequeninos do meu quotidiano banal. E esse sempre foi um dos objectivos das palavras que teço em forma de escrita, relembrando a mim mesma que não é à toa que aquela frase ali ao lado do Mia Couto serve de mote à minha voz em fuga: tentar levar a vidinha, vendo como a própria vidinha se encarrega de costurar e descosturar pondo, mais tarde ou mais cedo, tudo no seu lugar.

Só que ultimamente tudo parece ser cada vez mais tarde. O dia continua a ter só vinte e quatro horas e o horário muito para além das oito horas previstas não é algo que desconheço, especialmente quando as férias dos outros ainda empurram o lazer para mais longe das prioridades. Sendo a Voz um espaço de lazer e a lista do Bloglines a continuação desse espaço, sobra pouco para o que sempre gostei de fazer, dizer, contar por aqui.

Este tópico, aliás, é recorrente. Todos os anos, por esta altura, ando nos fumos da paciência e sem tempo sequer para mim. Depois, as responsabilidades normalmente partilhadas passam a depender apenas do meu juízo e eu quase perco a sanidade no meio das solicitações e da mania de tentar fazer sempre bem, o melhor possível. Não tenho – nunca tive – feitio para o deixa andar. Não sei como as pessoas conseguem, como podem acabar o dia, bater com a porta, deixando tudo por fazer. Quem me dera! Seria tão mais fácil apenas empurrar com a barriga, levar mais duas semanitas os pendentes à frente, esconder debaixo do capacho o que sobra. Fazer como os outros – tantos – que deixam andar, tanto deixam andar que acabo eu a fazer também, só por já nem conseguir ver o deixar andar dos outros.

E ando tão cansada! E a culpa é só minha, sei que é. Porque não levo a vidinha como devia, deixando que costurasse e descosturasse até que tudo, mais tarde ou mais cedo, ficasse no seu devido lugar. Mas não! Tenho este feitio tramado de tentar – sempre – apressar a vidinha.

2008-07-28

Cimbalino

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É preciso dizer que naquela altura vivia-se muito pela imaginação. Ainda quase não se via televisão, os livros eram mais reais do que o real quotidiano.

Manuel Alegre – Rafael

Lembro-me de um café perto da Escola Secundária. Era um café banal, escuro, como muitos outros cafés que se espalham pelas esquinas do Porto. Tinha até uma tabacaria, na porta ao lado, daquelas que ficam num pequeno cubículo, quase um corredor, onde só cabe uma pessoa. Foi nessa tabacaria que comprei os primeiros cigarros, avulso claro, que o dinheiro era contado até ao último centavo. E a passagem na tabacaria era paragem obrigatória antes de entrar no café.

É que esse café tinha – suponho que ainda tenha – um recuado. A parte de frente do café era uma montra, com grandes vidros para a rua, mesas pequenas, normalmente ocupadas por senhores de chapéu entretidos a lerem o jornal. Mas, lá atrás, escondidas por uns lambris de madeira falsa, ficavam as mesas onde se podia fumar sem que os professores nos vissem. E sonhar o mundo de amanhã, que ia ser nosso.

Nesse espaço reservado, onde cabiam pouco mais de quatro mesas, estão as memórias de muitas das minhas primeiras iniciações. Lembro-me de quando me emprestaram um livro já gasto com os poemas do Jim Morrison; lembro-me dos primeiros finos, da primeira Amêndoa Amarga. Lembro-me dos sorrisos e dos primeiros namoricos. Lembro-me da troca de vinis e da forma como gravávamos cassetes roufenhas como se fossem preciosidades. Lembro-me dos olhos do Rui, azuis fosfato, grandes, inquiridores. Lembro-me da bonomia do empregado, do sorriso com que me trazia o meu cimbalino e copo de água. Lembro-me de conversas intermináveis, em jeito de discussão, sobre prioridades, sonhos, projectos para fazer um mundo melhor. Lembro-me de combinar as primeiras idas à discoteca - de tarde porque era grátis para as mulheres e não havia necessidade de dar explicações em casa. Lembro-me dos rostos todos, de cada nome, de cada sonho e cada promessa de vida como se tivesse estado lá ontem.

Mas não estive.

Desse grupo de amigos – que pensei que iria preservar para todo o sempre – perdi o contacto com quase todos. A alguns, que recordo tão bem nos seus rostos adolescentes, custa-me reconhecê-los quando nos cruzamos em qualquer canto. Olho-os com espanto, pensando como estão velhos, esquecendo por momentos que também eu envelheci. A maior parte dos sonhos ficou perdida. A vida tomou rumos insuspeitos. Nunca conseguimos mudar o mundo.

E o café também mudou, acho. Não voltei mais lá depois de, passados uns anos, ter entrado e pedido o meu cimbalino e copo de água. O rosto que me trouxe o pedido não era conhecido, não tinha sorriso. Tentou cobrar-me dez escudos por um copo de água…

Recordo um café perdido numa cápsula de tempo. Um café com recuado onde um grupo de amigos se reunia. Também o grupo ficou preso no tempo, preso na minha memória.


E, como não ponho preço nas minhas memórias, não regresso mais àquele café. Poderiam querer cobrar-me dez escudos por um pedaço de mim…

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(A minha amiga mais antiga, companheira de Escola Primária, viu hoje o filho pela primeira vez, numa ecografia em que o rapaz, pouco dado a pruridos, deixou as pernas bem abertas para que não restassem dúvidas de que seria um menino da mamã. E, à conta disso, lembrei-me de um dos posts que mais gostei de escrever sobre amigos e memórias.)

WanderLust


Album Trailer - Gavin Rossdale

2008-07-27

Para as calendas

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«Os advogados dos pais de Madeleine McCann estão analisar o livro do ex-inspector da Judiciária, Gonçalo Amaral, sobre o caso e poderão incluir num «provável» processo por difamação os jornais portugueses que reproduzirem o seu conteúdo.»
Visão (25/07/2008)


Desapareceu uma criança. Está provavelmente morta. Quando foi que, no meio desta palhaçada que parece não ter fim, esse facto absurda e tetricamente simples passou a não valer nada?

2008-07-25

(...)



«Tudo tem de estar sobre a mesa incluindo a política nuclear»

Vítor Constâncio (15/07/2008)

Matryoshka


aqui


Eu explico: fui comprar uma mala de viagem. Tamanho médio. Cá por casa existia o tamanho pequeno e o tamanho grande. E vou precisar do tamanho médio. E as lojas estão todas com saldos e promoções, pelo que me pareceu a altura certa para comprar uma coisa que uso, quando muito, uma vez ao ano, sem me sentir profundamente chulada.

E ala que se faz tarde, até que encontrei a mala do tamanho que queria, de uma cor que não desgosto, por um preço que achei melhor do que a encomenda: 32 euros.

Convém que faça aqui uma ressalva para explicar que sou extraordinariamente forreta e, se vou gastar dinheiro, que seja de preferência pouco, que a relação qualidade-preço o justifique e que não há mal nenhum se o que compro é em tudo o artigo original mas não traz o nome da marca pespegado para pagar duas vezes mais.

Não me importo de andar mais uns metros, quilómetros que sejam, mas espero fazer sempre uma boa compra. Hoje, examinei a mala de fio a pavio, medi-a de alta a baixo, apertei, alisei, vi que tal eram as rodinhas, como se comportavam os fechos e os aloquetes, tudo e mais alguma coisa: a típica cliente chata e empata que faz perguntas que não lembram ao diabo e a que as vendedoras raramente sabem responder sem soarem as estopinhas.

Mas 32 euros é pouco e a mala é boa e coisa e tal e parece-me bem e pronto, afinal lá levo esta. Deixo a malinha que tinha estado a espiolhar e espero que me tragam a malinha que vou levar, contando que a mesma fosse em tudo igual à outra. E paguei.

Ao acartar com a mala lá ia dizendo de mim para mim que já tinha percebido porque a mala era tão barata: era bem mais pesada do que contava que fosse. Tão mais pesada que a acartei para casa a pensar se, afinal, tinha feito boa compra.

Pois bem: devo ter feito a melhor das compras. Mal abri a mala em casa, dei com a filha mais pequena a ocupar-lhe toda a barriguinha. É que comprei um dois por um.

Acho que, no meio de tanta volta torta que a minha vida tem dado ultimamente, pensar em férias já me está a fazer bem. Até à carteira!

2008-07-22

Dos chips


aqui

Eu, que ando mais um ou dois quarteirões só para estacionar num parque que tenha "via verde" e que há muito deixei de carregar moedas à conta do dinheiro de plástico, não vejo qualquer mal em ter no carro a treta de um chip. Mas também o carro é meu e quem paga as portagens sou eu e é do meu bolso que sai o dinheiro para a gasolina e para o seguro e não tenho multas por pagar. Aliás, com tantos anos que tenho de carta, nunca fui multada. Mas isso sou eu, claro.

Não, não é este tipo de Big Brother que me assusta mas, como sempre, quem não deve não teme. E
já ouvi do mesmo à conta dos códigos de barras e, afinal, não foi o fim do Mundo e ainda ninguém me roubou a identidade.

Depois, confesso que até salivaria em antecipação com chips nos "carros públicos" – os tais que saem do bolso de todos nós para conforto dos senhores que se dedicam a viver à nossa custa – não calculasse já que nunca, mas mesmo nunca, se saberá os desvios que, à nossa custa também, esta gente faz aos afazeres diários. Porque, convenhamos, que os tais dos "carros públicos" fazem muita viagem estranha já todos sabemos. Pôr a boca no chip é que é mais complicado.

2008-07-21

Uma tonelada!


aqui

O (meu) Mundo está perdido! Acabei de pintar as unhas dos pés de vermelho.



(Só pode ser o peso da idade que assim leva o meu inconformismo a dar mais uma volta ao bilhar grande.)

2008-07-18

Parabéns, Mandela



Há cerca de 18 anos, Mandela estava finalmente livre. Meses antes, tinha caído o Muro de Berlim. Nunca como então se pensava que a História estava finalmente a mudar a caminho de um Mundo melhor. Os anos que passaram desde então foram-nos comendo a esperança. E estes tempos de glória do umbigo descartam as bandeiras e as causas.

Quando penso em Nelson Mandela, penso num tempo em que ainda tínhamos uma fé ingénua num futuro brilhante. Hoje, Mandela faz 90 anos e, enquanto envelhece o velho símbolo, o pragmatismo dos novos tempos faz-nos esquecer que já vivemos um breve instante em que tudo parecia realmente possível. Mas também por isso hoje canto os parabéns.

2008-07-16

Técnicas de clonagem


Anne Heche


MRP


É, mas eu não entendo nada destas coisas da moda, nem chego sequer a perceber por que motivo um determinado tipo de gajedo chega aos quarenta e aloira, passando a bando de clones todos demasiado idênticos. A começar nos penteados.

O Captain! my Captain! rise up and hear the bells (*)


aqui

Acho que já estou no "day after" mas, ainda assim, leva lá os parabéns por tanto ano a dar na tecla :)





(*)Walt Whitman - Leaves of Grass

2008-07-14

O (des)acordo


(recebida por mail)

O acordo ortográfico tem feito correr rios de tinta. Nos blogues, praticamente todos se manifestam contra o acordo e, em quase todos, lá está o link para a petição on-line. Depois, começamos a ler os textos e não há distinção entre "à" e "há", "lembras-te" e "lembraste" são exactamente a mesma coisa e o verbo haver aparece nas formas mais bizarras, para já não falar no verbo "estar" que há muito passou a ser o verbo "tar". Ora, convenhamos, que autoridade tem esta gente para reclamar contra o acordo? Não deviam primeiro aprender a escrever em qualquer uma das versões do português?

2008-07-10

Apneia

Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima…

Álvaro de Campos

Quantas das nossas palavras proferidas são tão fracas de sentidos, símbolos gastos em apneia do ser? Às vezes parece que só nos silêncios da alma guardamos um simbolismo verdadeiro.

Há semanas – já demasiadas – que não me apetece escrever, que não me apetece abrir blogues, que não me apetece ler sequer. É que às vezes fico farta de tantas palavras. E, no entanto, tenho-me refugiado entre amigos, a deixa-los falar enquanto esvazio o pensamento e me embrulho nos sons.

É como se os sentidos das palavras me ultrapassassem e os seus significados me deixassem indiferente, mas o calor de vozes conhecidas em amena cavaqueira me permitisse manter a essência comunicacional. Quase como ser embalada num ronronar caloroso, feito de sons perfeitamente identificáveis sem, no entanto, ter de fazer qualquer esforço para identificar seja o que for.

Talvez as amizades também se façam disso, uma espécie de ruído permanente e constante que nos integra e onde nos deixamos ficar. Na voz dos meus amigos embalo as sem-vontades e sou perdoada dos silêncios e dos sussurros.

2008-07-07

Duh!


aqui

Eu até faço um bocadito de teatro. Eu até bato a pestana. Aliás, até faço beicinho se for preciso. Só não tento é convencer os outros de que estava a ser muito "natural".

Parabéns, Zé



On Mondays murder children, little girls and boys
I put my hands around their throats till they don't make a noise
Tuesdays torture animals, pluck off small birds wings
Watch them as they bleed to death, then they don't sing
Wednesdays I defecate on the priest's front door
If the priest he does complain, I just do it some more
Thursdays I Molatov the local orphans home
Love those little orphans, charred down to the bone

I'm terrible, terrible, shouldn't be allowed
To sing my songs of filth to a decent crowd

On Fridays sodomize tender virgin nuns
Tie them up, lear at them, and then I have my fun
Saturdays I stand and sing my sad, sad, sick, sick songs
To anyone who listen, who in the head is wrong
Sundays, Sundays, the day I love the best
Rape, murder, pillage while other people rest

I'm terrible, terrible, shouldn't be allowed
To sing my songs of filth to a decent crowd
I'm terrible, terrible, shouldn't be allowed
But when I do offend someone it makes me feel so proud


Para muitos, pode parecer estranho o presente de aniversário que aqui te deixo. Mas acho que vais gostar :)

2008-07-03

Poupem-me!

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«O deputado do Bloco de Esquerda Moura Soeiro responsabilizou hoje o Governo de José Sócrates e o PS pela nova subida das taxas de juro, e reclamou medidas para contrariar a "política monetária brutal" da União Europeia.»

in, Público



Tanto se fala da perda de qualidade do ensino em Portugal e às vezes temo que, antes das sucessivas reformas imbecis, a qualidade do ensino também não devia ser por ai além. Ou então há demasiadas coisas que os demagogos esquecem, fazendo de conta que nunca aprenderam História. Esquecem, por exemplo, como era Portugal antes de aderir à então CEE e antes de chover dinheiro a rodos para ser investido em betão armado e mais umas coisinhas. E eu, que estou cada vez mais na merda à medida que a economia se afunda e leva junto todo o pouco que antes sobejava para mais que sobreviver, vejo e ouço esta oposição ao Governo e assusto-me com a falta de alternativas.

Depois, quando vejo que um dos youtubinhos mais badalados do momento volta a meter a fotografia do Diogo Infante pelo meio das supostas denúncias desinteressadas e vejo o BE dizer merdas do calibre ali em cima, mais a MFL na entrevista a esbanjar preconceitos e a dar cabo de quaisquer esperanças que nos restassem, temo seriamente o que ai vem: em alturas de crise, a razão – assim como a esperança – são precisas. A lucidez também. E a demagogia devia ser o último absurdo a ser invocado, especialmente quando feita à base de uma das maiores imbecilidades que li nos últimos tempos. Como se nos fosse possível meter o bedelho na política monetária; como se fossemos realmente capazes de fazer alguma coisa; como se não fosse evidente que, perante a História que temos, não havia alternativa além da adesão e que o "orgulhosamente sós" é realmente de má memória, excepto para quem perdeu a memória.


(Se à direita não voto nem amarrada, se o PCP é um Parque Jurássico, como confiar neste BE para alternativa a um Sócrates que nunca borra a pintura quando vai à televisão?)

Parabéns, Luís!



Sei como gostas da Kate Bush. Achei que hoje era dia de a ouvires :))

2008-07-02

Trabalhar faz calos


Ana Maria Brandão


Antes:

«De baixa em baixa, esta é a sina da funcionária pública de Ponte de Lima, vítima de uma doença degenerativa que a faz depender de terceiros para "sobreviver". Depois de ver dois pedidos de reforma antecipada recusados pela Caixa Geral de Aposentações (CGA), Ana Maria Brandão está de baixa médica desde Dezembro, por depressão e assim vai continuar pelo menos durante mais 30 dias. (...)


Portadora de cervicalgia e lombalgia degenerativas, Ana Maria Brandão, de 44 anos, funcionária administrativa da Junta de Freguesia de Vitorino de Piães, em Ponte de Lima, esteve três anos de baixa mas a 5 de Novembro de 2007 foi obrigada pela CGA a regressar ao trabalho. Tal como faz no seu dia-a-dia, cumpriu o horário laboral sempre acompanhada pelo pai, sentada numa cadeira, encostada a uma parede. Isto até que o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, anunciou que entraria novamente de baixa médica até que a CGA procedesse à reapreciação do caso, o que acabaria por ditar, nesse mesmo mês, novo "chumbo".»


Paulo Julião - DN Online



(ver também vídeo aqui)

Agora:

«Em Novembro, o País soube que Ana Maria, de 44 anos, tinha uma cervicalgia degenerativa. Não sei bem o que é mas pareceu-me grave na foto. Sim, Ana Maria teve foto nacional: com colar cervical e cinta lombar. Pois apesar disso, a Caixa Geral de Aposentações obrigou-a a voltar ao trabalho - ela era funcionária de uma Junta de Freguesia, em Ponte de Lima - onde não ia há três anos. Uma daquelas histórias que nos fazem abanar a cabeça: só neste País! Agora, ficámos a saber que esta história era ainda mais deste País do que temíamos. Tendo de passar por uma junta médica, que devia pôr a coisa a limpo, Ana Maria foi antes ao Bom Jesus, em Braga. E aí sentiu um daqueles formigueiros que precedem os milagres. É, ficou boa. A Junta de Freguesia deveria convidar Ana Maria a devolver, em dobro, os três anos de salário que recebeu sem trabalhar. Não para repor a justiça, isso temo que Ana Maria não compreenda. Mas, em linguagem que ela entenderia, para pagar uma promessa.»


Ferreira Fernandes - Os Milagres Pagam-se




E obviamente que a culpa é do Sócrates. Ou até mesmo do Governo todo.