Há cerca de 18 anos, Mandela estava finalmente livre. Meses antes, tinha caído o Muro de Berlim. Nunca como então se pensava que a História estava finalmente a mudar a caminho de um Mundo melhor. Os anos que passaram desde então foram-nos comendo a esperança. E estes tempos de glória do umbigo descartam as bandeiras e as causas.
Quando penso em Nelson Mandela, penso num tempo em que ainda tínhamos uma fé ingénua num futuro brilhante. Hoje, Mandela faz 90 anos e, enquanto envelhece o velho símbolo, o pragmatismo dos novos tempos faz-nos esquecer que já vivemos um breve instante em que tudo parecia realmente possível. Mas também por isso hoje canto os parabéns.
Quando penso em Nelson Mandela, penso num tempo em que ainda tínhamos uma fé ingénua num futuro brilhante. Hoje, Mandela faz 90 anos e, enquanto envelhece o velho símbolo, o pragmatismo dos novos tempos faz-nos esquecer que já vivemos um breve instante em que tudo parecia realmente possível. Mas também por isso hoje canto os parabéns.
6 comentários:
90 anos?
Deve ser por isso que ainda não lhe ouvi uma palavra sobre o Mugabe...
Hoje sem esperança e cheios de silêncios, coleccionamos mitos como o bife com batatas fritas, a Marylin e a vitalidade do capitalismo chinês. ;)
A côr do dinheiro
Afinal o Homem branco não é diferente do Homem negro.
As lutas tribais do povo Africano representam também uma forma de racismo.
Os Chineses estão a copiar a cultura Europeia ao ponto
de se transformarem físicamente com rostos ocidentais.
Descobriram a economia de mercado e o capitalismo.
O Homem Arco-Íris sempre soube que a religião, a cor de pele
o "circo" (futebol e afins) e a sopa das novelas (onde estás tu Gabriela ?),
o facilitismo, o populismo, a ganância de querer sempre mais e do poder
... levam à crise interna e externa, à decadência dos valores materiais.
Mandela representa o oposto, a ideologia materializada num sentido de liberdade,
onde as grades de nada valem, os bens materiais são o necessário (os sapatos rotos são notícia nos jornais), representa
o anti-American Dream.
Estamos a entrar na fase ascendente de uma crise mundial que desta vez
irá obrigar as economias europeias a medidas rápidas (2 a 3 anos) e a medidas
profundas ( 10 anos ). Quando a consciência de que o bem estar e o equilibrio humano não dependem
da cor, da religião e pouco do dinheiro e dos bens acumulados o poder será um lugar chato.
Mas achas que já não fala, Cap? Ou será que já não ouve? Ou será tão só que está na hora de descansar e deixar para tantos que fazem sempre ouvidos moucos a despesa da conversa?
Mitos vamos arranjar sempre, a maioria deles tipo deuses de pé de barro. As causas é que é pior. E as bandeiras. Estamos demasiado sem-vontade para ainda nos agarrarmos a elas e, sempre que uma qualquer causa/bandeira surge, o cinismo leva a melhor, por entre mentiras, meias-verdades, afirmações bombásticas e desmentidos.
A sociedade de bem-estar está a provar-se um mito, Luís. O progresso já não é uma inevitabilidade. Aliás, em muitos aspectos, parece bem mais que vamos de encontro a retrocessos vários. Depois, quer a abundância quer a segurança que o Homem tinha conquistado com tanto esforço, não lhe trouxe a satisfação esperada, fazendo muitos sentirem-se profundamente alienados na moderna sociedade cada vez mais materialista. Que economia – onde até agora se sustentaram tantos dos mitos da modernidade – entre também em crise e ameace levar a realidade tal como a conhecemos junto não chega sequer a ser estranho. Estamos em período de mudança de paradigma civilizacional. Penso mesmo que essa mudança já se arrasta há vários anos. E, daqui a nada, talvez parte alguma do Mundo que temos por familiar sobreviva ainda.
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