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Não sou – acho que nunca fui – uma moralista bota-de-elástico. Admito que sou bastante moralista, até um pouco empertigada no que toca aos meus valores e gosto de acreditar que são valores com uma saudável dose de tolerância para com os valores alheios, ainda que me passe com frequência com o moralismo à base de palas, fundamentado em silogismos e falácias.
É dos meus valores – e apenas deles – que quase sempre abusam os meus textos, sendo que as minhas batalhas, ou os meus ódios de estimação, foram sendo esparramados pelo Voz em Fuga, traulitanto alegremente no dogma católico ou na cassete comunista, passando pelos criacionistas e os homofóbicos, desaguando nos misóginos e nos demais lunáticos em maior ou menor grau. Tem destas coisas a mania de ter opinião, acabando por revelar quase tanto dos nossos enredos como os novelos que nos levam à reacção.
E é nesse sentido que me vejo, tanta vez!, a perigar na vizinhança do ar escandalizado, sem compreender realmente como algumas coisas chegam a certos extremos. A última foi a nova publicidade que a SIBS distribuiu pelas caixas multibanco. Não faço ideia como é que a coisa funciona, ainda que deva meter muito guito à mistura e se calhar estou até a atirar ao alvo errado. Mas, porra!, fazerem publicidade à pílula do dia seguinte? Num dos países europeus com maior disseminação de novos casos de doenças sexualmente transmissíveis, fazer publicidade a um abortozinho instantâneo sem bem antes se lembrarem de publicitar as camisinhas?
Tenham dó! Há coisas que seriam muito mais bem vindas. De preferência, anunciadas numa janelinha onde todos ou quase vão em algum dia da semana.
É dos meus valores – e apenas deles – que quase sempre abusam os meus textos, sendo que as minhas batalhas, ou os meus ódios de estimação, foram sendo esparramados pelo Voz em Fuga, traulitanto alegremente no dogma católico ou na cassete comunista, passando pelos criacionistas e os homofóbicos, desaguando nos misóginos e nos demais lunáticos em maior ou menor grau. Tem destas coisas a mania de ter opinião, acabando por revelar quase tanto dos nossos enredos como os novelos que nos levam à reacção.
E é nesse sentido que me vejo, tanta vez!, a perigar na vizinhança do ar escandalizado, sem compreender realmente como algumas coisas chegam a certos extremos. A última foi a nova publicidade que a SIBS distribuiu pelas caixas multibanco. Não faço ideia como é que a coisa funciona, ainda que deva meter muito guito à mistura e se calhar estou até a atirar ao alvo errado. Mas, porra!, fazerem publicidade à pílula do dia seguinte? Num dos países europeus com maior disseminação de novos casos de doenças sexualmente transmissíveis, fazer publicidade a um abortozinho instantâneo sem bem antes se lembrarem de publicitar as camisinhas?
Tenham dó! Há coisas que seriam muito mais bem vindas. De preferência, anunciadas numa janelinha onde todos ou quase vão em algum dia da semana.
9 comentários:
Tb não faço ideia de como funciona, mas não me custa nada crer que o belo, o pilim, o carcanhol, o guito, estará ali em grande a apagar algum resquício de puritanismo moral. Assim como as estatísticas. Não te esqueças que ainda ha bem pouco tempo se ouvia o eco da famosa interrogativa do nosso PR " o que é preciso fazer para que nasçam mais crianças em Portugal?" ora, aí tens a resposta...
entre todas as gajas que esperam para no dia seguinte tomar a pílula, algumas haverá que se esquecem, outras que não têm guito para comprar o comprimidinho, outras que acreditam na sorte. Destas, algumas engravidam. Das que engravidam, umas abortam, outras mantêm a gravidez. Vendo desta forma... quem sabe a campanha nas caixas do multibanco, foi encomendada pelo Xôre Anival...
Ali debaixo do "multinho" (raio de nome! além de me lembrar multa, ainda parece sempre que está a reagir a um assalto) está um "aqui" com link para a página da SIBS onde é indicada a empresa responsável pela gestão da publicidade. Há dinheiro metido ao barulho mas, aos meus olhos, pouco bom senso. O que nem sequer é de estranhar.
Quanto ao xôtôr ti Cavaco, embora não gostando da figura e de praticamente todas as atitudes, incluindo as que não toma (como ainda agora a propósito de mais uns despautérios inconstitucionais de AJJ), não chego ao ponto de o culpar de tudo e mais alguma coisa. E essa frase, tal como foi repetida à exaustão pela comunicação pouco social do portugalinho, foi um tiro no pé a que continuo a responder como, a quando dos fins do cavaquismo, respondi fazendo coro com o Abrunhosa: "e agora o que havemos de fazer? talvez foder, talvez foder."
Tens razão minha amiga. Só que... para foder... é necessário ter vontade e ter tusa... 2 "ingredientes" que em minha opinião, faltam cada vez mais a este pobõe que me parece está a ficar impotentalizado... ou não... está a chegar o dia em que vamos tirar isso a limpo.
Tens toda a razão. Afinal por-se o carro à frente dos bois não ajuda muito o trânsito. Antes dessa pílula deveria ser muitíssimo bem propagandeado (diz-se assim?) o uso do preservativo. Ele devia vir ainda antes da própria pílula - a normal - porque como acentuas, vem evitar as dst variadas, não apenas a sida como muitas vezes se pensa.
De resto gravidezes não desejadas é algo de terrível e que pode até levar a casos como o que ontem se falou do bebé recém-nascido encontrado junto de um contentor do lixo. No lixo??? Quando há tanta gente a desejar uma adopção...
Olha que a pílula do dia seguinte não é abortiva, apenas impede a fixação da mórula nas paredes do útero. Tipo, liberta hormonas que enganam o corpo, dizendo-lhe que não, não há ali nenhum óvulo fecundado. E dá um jeitão para situações de azar. Acredita, e olha que eu sou uma pessoa que acredita na prevenção do azar, mas lá que ele acontece, acontece ;)
Mas no resto, concordo. Num país em que muitos xóvens não usam o preservativo, a gravidez indesejada é o menor dos problemas que podem ter que enfrentar.
Bartolomeu, há anos que andamos todos com falta de tusa. E às vezes parece que só safaram milhões para comprar os correspondentes viagras aqueles que puseram o cuzinho a jeito da promiscuidade entre poderes políticos e poderes económicos. Não me parece que se tire a limpo tão cedo: já faz parte e todos os dias aparece novo exemplo, como se ainda fosse preciso aparecer alguém para falar verdade e esta já não entrasse há décadas pelos olhos dentro de quem não tem memória de ciclo eleitoral. No entretanto, só andamos mal fodidos (as usual) e os partos são de nados mortos. Deve ser por isso que preferia antes a publicidade ao preservativo.
Emiele, não sou contra a pílula do dia seguinte. Não mesmo! Antes isso do que (mais) um bebé abandonado no lixo. Mas é essencialmente porque é mais importante prevenir, quer a gravidez quer especialmente as DST, que acho que havia coisas mais importantes para estarem a ser publicitadas num sítio onde vai tanta gente. E se bem que acho que deveria ser obrigatório todas as miúdas que praticam sexo ainda antes de praticarem o juízo terem conhecimento de que existe a pílula do dia seguinte para que, um dia destes, não estejam numa consulta de IVG ou a atirarem crianças para o lixo, acho ainda mais importante que se cultive e publicite o sexo seguro. Sobretudo um tipo de sexo seguro que não atire a responsabilidade apenas para os ombros da mulher (ou da miúda) que pode bem sair da escapadinha com algo bem mais perigoso do que uma gravidez indesejada.
Eu sei que tu sabes que eu sei isso, I., mas não ficava tão bonito (nem inflamatório) no texto :D
Agora a sério, como disse acima à Emiele, até acho que a pílula do dia seguinte devia ser de divulgação compulsiva e a sua disponibilização obrigatória, especialmente entre os miúdos. Mas o que não acho é que deva ser objecto de divulgação e publicidade de forma mais impactante do que o preservativo. E olha que esse parece-me andar sempre demasiado esquecido.
Mais Vozes
no que toca à publicidade, aos métodos de divulgação, ao tipo de produtos e serviços publicitados, já pouco me surpreende... "publicitar" o preservativo é bem mais importante e urgente do que a pílula do dia seguinte. mas esta, se existe, também tem de ser divulgada. como é que os senhores que a produzem a vendem? ah, pois é! =P
fabulosa | Homepage | 07.22.09 - 7:59 pm | #
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Obviamente que tem todo o direito à publicidade e que quem a fabrica tem direito a vendê-la. Além do mais, em muitos casos pode provar-se um verdadeiro serviço público e sempre é melhor do que uma consulta para marcar uma IVG. Mas, mais uma vez, é uma ferramenta direccionada apenas para as mulheres, desresponsabiliza os parceiros dessas mulheres e, acima de tudo, enfoca apenas na gravidez indesejada, quando a publicidade direccionada para qualquer coisa relacionada com sexo deveria primeiro e antes de mais fazer um apelo ao sexo seguro e não à forma como se resolve um azarito.
Hipatia | Homepage | 07.22.09 - 9:26 pm | #
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nisso concordo, o enfoque deveria estar na prevenção, no pré e não no pós.
fabulosa | Homepage | 07.22.09 - 11:48 pm | #
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E, sim, sou uma bota-de-elástico
Hipatia | Homepage | 07.23.09 - 12:41 am | #
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