2006-07-20

Desabafo (ou o post que não interessa a ninguém)



(recebida por mail)

Uma gaja está sem pio, já que à conta das mudanças de temperatura, dos ares condicionados e afins, inventou mais uma laringite e viu a voz fugir-lhe outra vez e espera estar descansadita em casa a repousar e a curar a febre, já que sem voz não pode trabalhar e até o chefe a mandou embora. E o raio é que é na altura exacta em que, à socapa, marcou uma entrevista para um dos principais concorrentes, que lá porque veio outra promoção não quer dizer que tenha vindo tudo o que era preciso. E vai-se sem pio à entrevista, faz-se um esforço à goela, até porque nos disseram que não seriam mais de trinta minutos. Afinal foi hora e meia e já quase não sai som das cordas vocais em ponto de ruptura. Volta-se para a caminha, de onde nunca se devia ter saído, até porque já se foi a tanta entrevista que até já se sabe que dificilmente virá dali qualquer proposta minimamente interessante. Agora, o que uma gaja não está definitivamente à espera é que o entrevistador telefone no dia seguinte para saber se está melhor e a gaja fica com a sensação que trabalho afinal é capaz de não haver, mas há a séria possibilidade de uma tentativa para nos saltarem à cueca. Ora foda-se! Quem me mandou sair de casa?

7 comentários:

Hipatia disse...

A primeira pessoa a quem contei foi um homem. A resposta: "que mal tem iss? devias ficar orgulhosa". E eu digo: é preciso ser gaja; só nós sentimos isto como um abuso de confiança, como uma quase violação do nosso espaço, um deturpar das coisas tal como elas fazem sentido.

(Já quase falo: agora inventei, à conta de uma laringite, um edema nas cordas vocais, seja lá isso o que for. Obrigada)

Anónimo disse...

Bem, orgulhosa parece-me excessivo. Não me lembro de ter dito tal coisa, mas às vezes saem-me pela boca os termos errados. Terá sido uma forma inconsciente de contrabalançar a disposição, em excesso, pesarosa? A razar o belicosa?
Sei lá, depois ainda se queixam que já não existem cavalheiros, gente amável e educada que consideraria rude despachar um ser meio moribundo e com um fiozinho de voz sem mais aquela para o resto da eternidade. Eu pessoalmente, o tal de "homem", se entrevistasse uma pessoa nessas condições, consideraria minha obrigação ligar-lhe no dia seguinte para me inteirar das suas melhoras. Mas isto digo eu, que sou o "homem". Quero dizer, uma espécie de brutamontes abusador com os olhos raiados de sangue, pele esverdeada e litros de testosterona no lugar dos neurónios... Não conta.
Mulheres!, quem as entende?...
Chiça caroço...

Hipatia disse...

Ser meio moribundo e com um fiozinho de voz? Ai ai ai :(((

E não há mesmo como explicar, não é lindo? Tinhas de ser mulher! Viste como a Velvet percebeu logo?

E, depois, não é a questão do telefonema; é o despropósito de ter telefonado quando só tinha o meu número de telefone por um acaso. Será simpatia ou cavalheirismo? Às tantas até poderia ser. Mas as mulheres nestas coisas estão demasiado escaldadas e o seguro morreu de velho.

Nada contra o tentarem saltar-me à cueca. Se fores tu, até sou capaz de ir sem cueca, lol. Devo ser eu que não gosto nada de me sentir como presa: sempre gostei de ser o caçador ;-)

Anónimo disse...

Ninguém gosta de ser presa, ou já viste algum coelho acenar para ser visto pelo mocho?
A caça sempre foi cruel.
Mas falando de despropósitos: não me parece vulgar ir a uma entrevista de emprego a arder em febre e com voz de desenho animado. Custa-me a crer que tenham sido criados padrões de conduta social a pensar nessa eventualidade. Acredito que o pobre homem tenha decidido tomar uma atitude menos ortodoxa visto estar perante uma situação relativamente nova. E imagino as orelhas do infeliz a arder, por sua vez, neste momento...
Claro que eu não estava lá, pode mesmo ter havido uma certa dose de malícia. Mas não vejo que daí possa advir grande mal ao mundo. Muito menos à mulher.
Escaldamento assim parece trauma e o seguro tem mais que fazer.

Diga a Velvet o que disser :))

Hipatia disse...

(essa do coelho saiu-te fabulosa, lol)

Desde os tempos da máquina de lavar que temos esta querela e parece que nunca vou saber como explicar o grau de desconfiança que me invade quando acontece uma destas. E, porra!, daqui a pouco compras-me uma caixão: não estava com febre que tinha tomado uma pastilha e, como desenho animado, o melhor que sempre soube fazer é beep-beep :P

E que raio estás a fazer em casa a esta hora? Vai divertir-te!

Beijo

Anónimo disse...

(poderá ter saído fabulosa, mas não deixa de ter sido falaciosa, lol. A realidade é bem diferente sendo que, nesta modalidade de caça, há muito quem DELIRE com a ideia de ser presa... mas como é que um homem pode saber, à primeira vista? )

Um caixão é prematuro. Mas, e peço perdão porque aqui o meu testemunho auditivo, por mais masculino que seja, tem algum valor, a voz impressionava :))

Tinha-me ido divertir na noite anterior. Estava cansado. Homem poderei ser. Sê-lo-ei com certeza.
Mas não sou o super homem...

Hipatia disse...

(Às vezes, um homem não precisa saber nada; nem uma mulher :) É confiar nos acasos e logo se vê. A caça pode ser mútua ou nem estar nos planos. O acaso pode ser uma bateria pifada...)

Hoje já falo. Já não devo assustar nem criancinhas nem homens que não são super-homens (e ainda bem!)

E essa de estares cansado cheira-me a esturro. Tens um livro novo, não é?