2006-11-16

A cantar de galo


aqui


Obviamente que julgo sempre o outro em função do que o outro me parece. Num primeiro contacto, só isso é possível e todos o fazemos afinal. Mas não é a essa versão de alguém que, no fim, me obrigo a vincular uma opinião sobre determinada pessoa. Esforço-me para que - para lá dos meus conceitos e preconceitos - reste um indivíduo e nunca, mas nunca mesmo, a sua aparência, muito menos qualquer julgamento que possa fazer em função dessa mesma aparência, ou sequer o aparente lugar que essa pessoa julga merecer ou deter em termos de estatuto social.

E também não nego sequer que, em muitos dias, sou profundamente snobe. Ou preconceituosa. Ou teimosa até. Ou sequer que o sou ainda com mais vontade quando me deparo com o pedantismo alheio, já que o meu, como é óbvio, custa muito mais a enxergar.

De qualquer forma, penso que muitos assumem que, porque não conhecem uma determinada pessoa, esta não possa ser reconhecida em todo um outro conjunto de círculos sociais. Só que não será nunca porque não faz parte do nosso leque de conhecimentos que alguém pode ser entendido como não-célebre e muito menos como não-válido ou um não-capaz de expressar uma opinião com valia e credibilidade.

Em última análise, seremos antes desconhecedores. E eu, banal que sou, escondida que quero estar num blog anónimo e anódino, nunca tive a pretensão de conhecer tudo e todos, ou a ousadia de descartar aprender qualquer coisinha com alguém só porque lhe desconheço a árvore genealógica.

E há dias em que vejo tanta gente a descartar o desconhecido (por falta do nome, da obra, do nick, do nome do pai, da mãe, da criada, do emprego, do que comem ao pequeno-almoço, do que bebem ao jantar, do lugar onde desbaratam recursos a dizer que trabalham quando afinal só teclam, da raça do cão e do periquito, do tique no olho esquerdo e da verruga no pé direito...) que fico apenas com a sensação de estar perante um cenário de medo. Talvez apenas medo de que o chão (ou, mais acertadamente ainda, o poleiro onde se alcantilaram) lhes seja roubado de debaixo dos pés. E fico pasma: é que me parece tão fraco poleiro que nem chego a atinar com tamanho pânico.

1 comentário:

Anónimo disse...

Mais Vozes

A cantar....
Eu um dia fui a baixa para comprar umas cuecas
Vi umas e gostei delas porque eram cuecas amarelas
cuecas amarelas
Comprem todas
Comprem todas
claire | 11.16.06 - 10:27 pm | #

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Hipatia!
Como diz o provérbio, quem não tem que fazer, faz colheres que o pau está barato.
Quem é tão inseguro e tão vazio que apenas enche a sua vida dos mexericos dos outros, para os catalogar, como se isso fosse adubo para o seu próprio pedestal é gente que nem precisa de uma rabanada de vento para cair que uma simples cagadela de pombo os destrói logo.
(nota-se muito que essa gente me irrita? )
maria arvore | Homepage | 11.16.06 - 11:16 pm | #

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Nós só queremos, cuecas amarelas
cuecas amarelas, cuecas amarelas, lalalalala


Hipatia | Homepage | 11.17.06 - 2:07 pm | #

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Nota-se, claro. E como já somos duas...

Mas olha que essa do pau estar barato... já não sei. Depende de onde estiverem a fazer colheres, certo?


Hipatia | Homepage | 11.17.06 - 2:08 pm | #

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na melhor loja decerto,que a loja onde compram é sempre melhor que a nossa...ora!
E eu que sempre dei tanto valor a realeza
j.p. | Homepage | 11.18.06 - 10:44 pm | #

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Tu e eu

Mas temos mãos lindas para o beija mão. Só não precisamos é de mostrar a cueca
Hipatia | Homepage | 11.19.06 - 2:45 pm | #