Quando acordo
encho-me logo
com o fresco da manhã.
Brinco todo o dia
com o meu corpo.
Salto,
corro e bebo água em grandes goles
sentindo-a rodopiar dentro da barriga.
Trago sempre o meu corpo comigo
e a sua sombra, também.
Mas é à noite,
quando toda a casa está em silêncio
e o meu gato
dorme enroscado aos meus pés,
que me lembro Dele.
Sim!
Do meu corpo!
Deitado na cama
sinto o coração bater de mansinho:
escuto-o com a minha mão.
O meu peito
sobe e desce
a cada respirar:
até parece uma borboleta batendo asas.
Então,
todas as pequeninas coisas
que compõem o meu corpo,
aconchegam-se
antes de adormecer.
Nota: Poema/desafio de Miguel Horta, criado para as oficinas complementares à exposição de Rebecca Horn, “Bodylandscapes” (Centro de Pedagogia e Animação – Centro Cultural de Belém)
encho-me logo
com o fresco da manhã.
Brinco todo o dia
com o meu corpo.
Salto,
corro e bebo água em grandes goles
sentindo-a rodopiar dentro da barriga.
Trago sempre o meu corpo comigo
e a sua sombra, também.
Mas é à noite,
quando toda a casa está em silêncio
e o meu gato
dorme enroscado aos meus pés,
que me lembro Dele.
Sim!
Do meu corpo!
Deitado na cama
sinto o coração bater de mansinho:
escuto-o com a minha mão.
O meu peito
sobe e desce
a cada respirar:
até parece uma borboleta batendo asas.
Então,
todas as pequeninas coisas
que compõem o meu corpo,
aconchegam-se
antes de adormecer.
Nota: Poema/desafio de Miguel Horta, criado para as oficinas complementares à exposição de Rebecca Horn, “Bodylandscapes” (Centro de Pedagogia e Animação – Centro Cultural de Belém)
10 comentários:
P= ”trago sempre o corpo comigo”
Q= “a sombra faz parte de mim”
P ->Q ; |= Q ->P
Gosto dessa imagem do nosso corpo como o nosso gatinho de estimação.
E sobretudo, de uma alegria de estar vivo que transparece em cada palavra como se viver e ter consciência de que se está vivo fosse tão divertido como saltar à corda. :)
Maria:
>Mais uma vez publico poemas para a infância, como que a relembrar que o nosso corpo crescido em tempos foi pequenino.
por outro lado, neste blog, outras questões sobre o corpo têm ocupado os nossos debates.
Relembrar o nosso corpo para construir uma resposta honesta, assertiva.
Ops a anº não esta ca hj que gostaria de contestar o seu raciocínio .
Não entendo nada de matemática filosófica mas é tentador.
Sabes, acho que tens de passar a escrever mais na Voz. Eu nunca sou capaz de transmitir tanta doçura e sabe-me bem vê-la por cá :)
tenho fases...às vezes ando muito ausente
Gaivina o objectivo era para desenharem ou para escreverem ? E a idade das criança?
Tratava-se de um conjunto de oficinas em que as crianças experimentavam através de alguns artefactos e do desenho as impossibilidades do corpo. Algumas dessas "Máquinas de corpo e alma", foram feitas pela Ana Mané, uma belíssima cenógrafa.estas oficinas permitiam um conhecimento mais aprofundado das questões levantadas pela Rebecca na sua obra.
Hj foi 1 manhã divertida eu nas tintas e a minha ados brincando com este texto, e num momento substitui o corpo por outra palavra,funciono sempre.
É muito porreiro ter-te aqui pelo VOZ! :o)
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