2008-07-18

Parabéns, Mandela



Há cerca de 18 anos, Mandela estava finalmente livre. Meses antes, tinha caído o Muro de Berlim. Nunca como então se pensava que a História estava finalmente a mudar a caminho de um Mundo melhor. Os anos que passaram desde então foram-nos comendo a esperança. E estes tempos de glória do umbigo descartam as bandeiras e as causas.

Quando penso em Nelson Mandela, penso num tempo em que ainda tínhamos uma fé ingénua num futuro brilhante. Hoje, Mandela faz 90 anos e, enquanto envelhece o velho símbolo, o pragmatismo dos novos tempos faz-nos esquecer que já vivemos um breve instante em que tudo parecia realmente possível. Mas também por isso hoje canto os parabéns.

6 comentários:

Anónimo disse...

90 anos?

Deve ser por isso que ainda não lhe ouvi uma palavra sobre o Mugabe...

Maria Arvore disse...

Hoje sem esperança e cheios de silêncios, coleccionamos mitos como o bife com batatas fritas, a Marylin e a vitalidade do capitalismo chinês. ;)

Luis Duverge disse...

A côr do dinheiro
Afinal o Homem branco não é diferente do Homem negro.
As lutas tribais do povo Africano representam também uma forma de racismo.
Os Chineses estão a copiar a cultura Europeia ao ponto
de se transformarem físicamente com rostos ocidentais.
Descobriram a economia de mercado e o capitalismo.
O Homem Arco-Íris sempre soube que a religião, a cor de pele
o "circo" (futebol e afins) e a sopa das novelas (onde estás tu Gabriela ?),
o facilitismo, o populismo, a ganância de querer sempre mais e do poder
... levam à crise interna e externa, à decadência dos valores materiais.
Mandela representa o oposto, a ideologia materializada num sentido de liberdade,
onde as grades de nada valem, os bens materiais são o necessário (os sapatos rotos são notícia nos jornais), representa
o anti-American Dream.
Estamos a entrar na fase ascendente de uma crise mundial que desta vez
irá obrigar as economias europeias a medidas rápidas (2 a 3 anos) e a medidas
profundas ( 10 anos ). Quando a consciência de que o bem estar e o equilibrio humano não dependem
da cor, da religião e pouco do dinheiro e dos bens acumulados o poder será um lugar chato.

Hipatia disse...

Mas achas que já não fala, Cap? Ou será que já não ouve? Ou será tão só que está na hora de descansar e deixar para tantos que fazem sempre ouvidos moucos a despesa da conversa?

Hipatia disse...

Mitos vamos arranjar sempre, a maioria deles tipo deuses de pé de barro. As causas é que é pior. E as bandeiras. Estamos demasiado sem-vontade para ainda nos agarrarmos a elas e, sempre que uma qualquer causa/bandeira surge, o cinismo leva a melhor, por entre mentiras, meias-verdades, afirmações bombásticas e desmentidos.

Hipatia disse...

A sociedade de bem-estar está a provar-se um mito, Luís. O progresso já não é uma inevitabilidade. Aliás, em muitos aspectos, parece bem mais que vamos de encontro a retrocessos vários. Depois, quer a abundância quer a segurança que o Homem tinha conquistado com tanto esforço, não lhe trouxe a satisfação esperada, fazendo muitos sentirem-se profundamente alienados na moderna sociedade cada vez mais materialista. Que economia – onde até agora se sustentaram tantos dos mitos da modernidade – entre também em crise e ameace levar a realidade tal como a conhecemos junto não chega sequer a ser estranho. Estamos em período de mudança de paradigma civilizacional. Penso mesmo que essa mudança já se arrasta há vários anos. E, daqui a nada, talvez parte alguma do Mundo que temos por familiar sobreviva ainda.