Boas Festas
Tenho de começar a pensar em escrever os meus postais de Natal. Abro páginas atrás de páginas de desenhos repetitivos e mensagens pisadas e repisadas em todos os Natais. As mesmas palavras, os mesmos bonecos, as mesmas animações. Não encontro nada que me agrade. Não encontra nada que me pareça suficientemente bom, suficientemente diferente.
Queria poder abraçar cada amigo este Natal. Dar num beijo o calor do meu abraço; dar num sorriso todo o carinho que me percorre. Queria ter cada um por perto, partilhar com todos uma lareira acesa, o cheiro a pinho, um copo de maduro tinto, uma história. Queria poder fazer de todos a minha família na noite de consoada, abrir-lhes a minha casa, dizer a cada um como está no meu coração.
Tenho tantos amigos tão exageradamente longe, que me pesa a distância mais ainda do que a própria saudade. Mando beijos para o mundo inteiro, desde os antípodas à vizinha Espanha; mando beijos para o Brasil, para o Canadá, para os Estados Unidos; mando saudades para a Rússia e para Macau; mando beijos para Lisboa, para o Algarve, para a Covilhã; mando beijos para o Alentejo, para os Açores, até para a Madeira; mando beijos para Paris, para Londres, para Berlim; mando beijos para Praga, para o Luxemburgo, para Estrasburgo e para Copenhaga; mando beijos para Timor, para Goa e para Maputo; não esqueço Luanda, nem a Ilha do Sal e vão mais beijos ainda...
Tenho as minhas saudades espalhadas pelo mundo fora. Pesa-me a distância. Pesa-me tanto esta distância que ainda nem consegui fazer um postal de Natal. Não queria que fossem só palavras. Palavras vazias, ditas por todos. Queria ir junto, recebê-los cá.
Tenho os postais em atraso e um nó na garganta cada vez que olho a lista de todas as distâncias que as amizades conseguem suportar. Mas é tão absurdo pensar em mandar um qualquer postal com palavras banais...
Claro que desejo Boas Festas! Há, por acaso, mais alguma alternativa quando se escreve a quem escolhemos para morar dentro do nosso coração?
4 comentários:
Não tenho dúvidas que (pelo que leio) quem te conheça deve certamente saber que as palavras que escreves têm tanto peso como as saudades que sentes por cada um dos amigos que tens espalhados por aqui e por ali.
Um beijo e um abraço apertado daqui de Lisboa! :)
Nem acreditas no poema que hoje tive de analisar... Era teste, mas acabou por ser exercício, visto ter optado por fazer a 2a versão dia 3 Janeiro (É que ainda nem peguei em nada...):
"Natal, e não Dezembro"!
Lembrei-me tanto de ti! :)
beijinhos
fil.
Aeromoça?!?! Aibailhamedeus!
Não Mofo. Mas às vezes parece que apenas eu fiquei estacionada, na mesma terra, enraizada. Às vezes parece que todos ganharam asas e só eu fiquei no ninho...
Beijinhos
Um beijo e um abraço apertado para ti. E que para ti seja Natal, e não Dezembro. Que haja calor e aconchego. Paz e alegria. E boa sorte para esses exames, que há de chegar a hora certa para os fazeres bem ;)
Beijo muito, muito grande. Muito maior do que só palavras.
On : 12/16/2004 1:25:40 PM Sandra-Becksfan (www) said:
para ti tmbm
(embora nao me importasse de, para algumas pessoas, colocar a cruzinha na opçao de baixo )
On : 12/16/2004 1:34:07 PM Hipatia (www) said:
lol
Apanhaste-me o post em fase de construção
(a esses não desejamos nada... é melhor: ficamos sempre com a consciência tranquila)
On : 12/17/2004 5:29:22 AM Diálogos Interativos (www) said:
Há varios tipos de distâncias que nos separam uns dos outros. e às vezes é de uma solidão tão grande, de um aperto tâo danado no peito, quando percorremos as ruas vazias na Noite de Natal. Vêmos tudo engalanado e tentamos adivinhar lá dentro no conforto dos lares a felicidade estampada no rosto das nossas crianças que a partilham com outros que nos são estranhos, então até o vento frio e cortante nos parece um carinho e as estrêlas que cintilam no céu lá tão longe nos transmitem um conforto quente e doce de aragem , como se esta viesse de um qualquer anjo invisivel que com as suas asas nos roçasse levemente, então entranha-se em nós uma paz tão grande que a desejamos soprar sobre o Mundo. BJS
On : 12/17/2004 8:09:22 AM corpo visivel (www) said:
Realmente o que seria de nós, nesta vertigem diária, se náo existissem estas amizades que suportam diatâncias imensas, ausências e que mesmo ao longe nos aconchegam e pacificam!
On : 12/17/2004 11:07:56 AM Hipatia (www) said:
Sabes do que gosto, Diálogos? Da forma como todos parecemos mesmo motivados para um mundo melhor. É um estado de espírito que nos enche, nos percorre, se estende até às promessas de ano novo... Depois, volta tudo ao mesmo. Mas há nestas semanas do Ano algo de nobre, de especial. Até a música dos centros comerciais se torna mais suportável com o aproximar da data. Talvez seja esperança em estado puro. Talvez seja esse o nome do anjo...
Beijinhos
On : 12/17/2004 11:11:10 AM Hipatia (www) said:
É isso, Corpo Visível. Apesar das distâncias, são nossos. Todos aqueles a quem queremos bem, são nossos, no sentido que fazem parte de nós. Por mais longe que estejam, são as nossas extensões e também o nosso fio de Ariane, contra o isolamento, contra a solidão, contra as ausências... Sem amigos/família, que seria de nós? Com a vantagem de que os amigos podemos sempre escolher
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