You want the moon?
Just say the word and I'll throw a lasso around it and pull it down.
In It’s a Wonderful Life (1946), de Frank Capra (história de Philip Van Doren Stern)
Todos os anos – nem parece Natal se não der na TV – temos o It’s a Wonderful Life como o filme dos filmes, o ícone representativo dos grandes valores e das pequenas penas do homem comum, dos seus tormentos e dos seus feitos, dos seus sonhos e da busca da importância relativa que, cada um de nós, tem no mundo.
George Bailey tem de chegar à beira do suicídio para descobrir que quem tem amigos nunca é pobre. Tem de questionar a sua importância para descobrir quem é. Tem de aprender a acreditar em milagres. Uma história simples, já tantas vezes recontada, mas que esquecemos sistematicamente. História moralista, educativa até, plena de esperança. História sobre a vitória do bem e da virtude sobre todos os oportunismos...
Há muito que esta é a história certa para o dia de Natal, quando ainda estamos imbuídos daquele estado de espírito carameloso que esta quadra nos impõe. Tanto que não questionamos nada. Tanto que, com o obrigatório final feliz, ficamos de bem connosco, já que todos temos a tendência para nos vermos nos sapatos do good old George. Não questionamos se merecemos ou não. Queremos é acreditar que merecemos, que também seremos merecedores do milagre feito à medida, mesmo que, daqui a uns dias, volte a ser claro para todos que, na vida real, as coisas más (também) acontecem às boas pessoas.
O que nunca chego a entender completamente é porque a fábula fica incompleta e o vilão não tem castigo. Porque o vilão não paga por nenhum dos seus pecadilhos e ainda fica a lucrar com o dinheiro que não lhe pertence. Já que é para ser um faz de conta, que seja o faz de conta completo: recompensa para os bons; castigo para os maus. Assim faria mais sentido, seria ainda mais perfeito. Saberíamos que em algum lugar, nem que seja no pais do faz de conta, todas as coisas têm o seu lugar e coisas boas acontecem às boas pessoas e coisas más acontecem às más pessoas. Mesmo que não fosse uma coisa muito, muito má: afinal, o espírito carameloso e calórico da época não nos permite nenhum elaborado plano a raiar o maquiavelismo. Mas um castigo haveria de haver. Para impunidade já basta a vida real...
Já sei, já sei... Estou a pedir a lua...
Just say the word and I'll throw a lasso around it and pull it down.
In It’s a Wonderful Life (1946), de Frank Capra (história de Philip Van Doren Stern)
Todos os anos – nem parece Natal se não der na TV – temos o It’s a Wonderful Life como o filme dos filmes, o ícone representativo dos grandes valores e das pequenas penas do homem comum, dos seus tormentos e dos seus feitos, dos seus sonhos e da busca da importância relativa que, cada um de nós, tem no mundo.
George Bailey tem de chegar à beira do suicídio para descobrir que quem tem amigos nunca é pobre. Tem de questionar a sua importância para descobrir quem é. Tem de aprender a acreditar em milagres. Uma história simples, já tantas vezes recontada, mas que esquecemos sistematicamente. História moralista, educativa até, plena de esperança. História sobre a vitória do bem e da virtude sobre todos os oportunismos...
Há muito que esta é a história certa para o dia de Natal, quando ainda estamos imbuídos daquele estado de espírito carameloso que esta quadra nos impõe. Tanto que não questionamos nada. Tanto que, com o obrigatório final feliz, ficamos de bem connosco, já que todos temos a tendência para nos vermos nos sapatos do good old George. Não questionamos se merecemos ou não. Queremos é acreditar que merecemos, que também seremos merecedores do milagre feito à medida, mesmo que, daqui a uns dias, volte a ser claro para todos que, na vida real, as coisas más (também) acontecem às boas pessoas.
O que nunca chego a entender completamente é porque a fábula fica incompleta e o vilão não tem castigo. Porque o vilão não paga por nenhum dos seus pecadilhos e ainda fica a lucrar com o dinheiro que não lhe pertence. Já que é para ser um faz de conta, que seja o faz de conta completo: recompensa para os bons; castigo para os maus. Assim faria mais sentido, seria ainda mais perfeito. Saberíamos que em algum lugar, nem que seja no pais do faz de conta, todas as coisas têm o seu lugar e coisas boas acontecem às boas pessoas e coisas más acontecem às más pessoas. Mesmo que não fosse uma coisa muito, muito má: afinal, o espírito carameloso e calórico da época não nos permite nenhum elaborado plano a raiar o maquiavelismo. Mas um castigo haveria de haver. Para impunidade já basta a vida real...
Já sei, já sei... Estou a pedir a lua...
3 comentários:
Deve ser para se aproximar da realidade...
Beijo
Ou talvez, nos anos quarenta, ainda fosse possível pensar a moral como algo convincente, sem precisar de mais para além de uma boa história do bem vitorioso :)
Beijo, Marta
On : 12/27/2004 6:03:54 AM Caliope (www) said:
Ai, ai... As histórias com eternos finais felizes...
Quando era adolescente, chorei imenso com um livro da "pequena sereia". Chorei mesmo baba e ranho na última página quando a sereia se transforma em espuma e o princípe encantado casa com outra. Nessa altura eu cheguei a desenhar e a escrever um novo final para a história eheh - sim, porque aquilo não podia ficar assim, tão insípido, tão sem sentido para uma romântica como eu...
Quando saiu o filme da Disney, adorei. Na altura ainda era assim um pouco para o lamechas e senti que havia sido feita justiça.
Hoje em dia, sou neutra.
Acabem como acabem, são histórias. Quem está atento desconfia de tanto final feliz. Quem prefere refugiar-se na ilusão, é uma doce anestesia eheheh
Beijinho grande
On : 12/27/2004 7:23:15 AM Diálogos interactivos (www) said:
Oi Hipatia,
Desde o dia 22 que não abria o Blog por isso fiquei com a conciência pesada de não ter retribuido os desejos de boas festas , os elogios, esses, eram desnecessários visto que no que toca à arte da escrita sinto-me um amador ao pé de ti.
Beijinhos
On : 12/27/2004 11:29:07 AM Hipatia (www) said:
Sabes, penso que todos os finais felizes de todas as histórias ficaram congelados no tempo. É que ninguém conta nunca o que veio depois, não é? E, todas as histórias, têm um desses momentos de felicidade completa, absoluta. Pudéssemos nós congelar esse momento com um magnífico e elaborado letreiro The End e nunca haveria lugar à contaminação com o frio real das verdades comezinhas que estragam as fairy tales. Mas também não seria vida, esta verdade suspensa no tempo, sem continuação.
Eu sempre gostei da versão original na Pequena Sereia. Ela não tem direito a ganhar a felicidade eterna e congelada no minuto, mas ganha uma alma...
Beijinhos
On : 12/27/2004 11:33:23 AM Hipatia (www) said:
Os elogios são mais do que merecidos, Diálogos. Os desejos de festas felizes também
Quanto a mim, não resisti mesmo a vir à Net nestes dias. Parecia que faltava qualquer coisa na rotina diária se não viesse por cá espreitar. É um vício mesmo. Talvez tivesse feito mesmo melhor em esquecer o PC por uns dias... mas acho que já não sou capaz
Beijinho
On : 12/28/2004 4:14:59 AM Caliope (www) said:
És máááá´..... Pois eu cá nunca gostei da história da "pequena sereia"! LOLOL
E como castigo, por uma razão sádica qualquer, o meu destino tem-se colado ao dela e eu sempre gostei mais da "gata borralheira" LOLOL
Beijinhos
On : 12/29/2004 4:04:10 PM Hipatia (www) said:
Muito má mesmo
(nunca gostei da Gata Borralheira, lol... a fuligem faz mal à pele, eheheh)
On : 12/30/2004 3:40:51 AM mailto:?subject=Your comment about It's a wonderful life...(www) said:
eheheh Com uma banhoca tudo se lava....
atchim!!!! (o pior são as alergias...)
Mas sempre é mais agradável do que a princesa pele de burro.. hummm... mas pelo menos aos porcos já estou habituada LOLOL..... humm.. humm.... bem.. Quer dizer... É um caso a pensar
On : 12/30/2004 3:41:31 AM Caliope (www) said:
Sou eu aí em cima...
Arre... que sou distraída e trapalhona
LOL
On : 12/30/2004 1:42:45 PM Hipatia (www) said:
A Princesa Pele de Burro? Irra! Era mesmo só o que faltava: uma tipa que andava vestida com peles de burro durante o dia e se escondia no quarto para se vestir de gala... é preciso ter o mínimo de cuidado com a aparência, ou então não há cá príncipe para ninguém
Quanto aos porcos... bem, dá-lhes pérolas Parece que eles também já estão habituados
Beijo
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