Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Carlos Drummond de Andrade - A Um Ausente
Meu caríssimo e digníssimo amigo:
Venho por este relembrar-lhe que aguardo impaciente resposta à última missiva.
Aproveito para lhe pedir desculpas por ter todos os véus em estado impróprio para viajar, esperando ter contornado de forma relativamente eficiente a referida questão mediante a apresentação de meias com foguetes, bem como de uma camisa com a ligeireza de um véu, que o meu amigo esqueceu de remirar com a devida atenção.
Por último, reforço-lhe a minha total disposição para o acolher nesta bela terra, de forma mais ou menos prolongada em função do seu calendário de actividades, mormente aquelas que se prendem com bailados cansativos aligeirados por música capaz de fazer Chopin dar voltas no túmulo. Asseguro-lhe, convicta, que as minhas escolhas em termos de locais de diversão pública com música ambiente serão do seu inteiro agrado e que nunca, mas nunca mesmo, enfiaria o meu bom amigo num qualquer antro de perdição, excepto se o meu amigo insistisse de forma continuada e cada vez mais convicta.
Apresento-lhe os meus maiores respeitos e profunda e sincera amizade, eternamente agradecida pela sua total disponibilidade em carregar com este fardo que, volta e meia, desce a sul do Rio Douro.
Receba um que lhe mando com estima,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Carlos Drummond de Andrade - A Um Ausente
Meu caríssimo e digníssimo amigo:
Venho por este relembrar-lhe que aguardo impaciente resposta à última missiva.
Aproveito para lhe pedir desculpas por ter todos os véus em estado impróprio para viajar, esperando ter contornado de forma relativamente eficiente a referida questão mediante a apresentação de meias com foguetes, bem como de uma camisa com a ligeireza de um véu, que o meu amigo esqueceu de remirar com a devida atenção.
Por último, reforço-lhe a minha total disposição para o acolher nesta bela terra, de forma mais ou menos prolongada em função do seu calendário de actividades, mormente aquelas que se prendem com bailados cansativos aligeirados por música capaz de fazer Chopin dar voltas no túmulo. Asseguro-lhe, convicta, que as minhas escolhas em termos de locais de diversão pública com música ambiente serão do seu inteiro agrado e que nunca, mas nunca mesmo, enfiaria o meu bom amigo num qualquer antro de perdição, excepto se o meu amigo insistisse de forma continuada e cada vez mais convicta.
Apresento-lhe os meus maiores respeitos e profunda e sincera amizade, eternamente agradecida pela sua total disponibilidade em carregar com este fardo que, volta e meia, desce a sul do Rio Douro.
Receba um que lhe mando com estima,
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