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aqui
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aerograma
Mas não puxei atrás a culatra,
não limpei o óleo do cano,
dizem que a guerra mata: a minha
desfez-me logo à chegada.
Não houve pois cercos, balas
que demovessem este forçado.
Viram-no à mesa com grandes livros,
com grandes copos, grandes mãos aterradas.
Viram-no mijar à noite nas tábuas
ou nas poucas ervas meio rapadas.
Olhar os morros, como se entendesse
o seu torpor de terra plácida.
Folheando uns papeis que sobraram
lembra-se agora de haver muito frio.
Dizem que a guerra passa: esta minha
passou-me para os ossos e não sai.
Fernando Assis Pacheco - Monólogo e Explicação
(em minha casa ainda se guardam aerogramas)
2 comentários:
Eu estou a ouvir a musica do Paulo Carvalho que a mãe mostrou aqui.
Feliz 25 de Abril!!!
Mónica
Sabes, minha querida, esta não é uma daquelas músicas que a mãe e eu gostamos muito e ouvimos com frequência. Mas uma vez por ano, vale pelo que simboliza e suponho que já te tenham dito como foi que, ao som desta música, as tropas preparam-se para ir para a rua e mudar as coisas em Portugal. E, tens razão, foi um feliz 25 de Abril :)
Beijinhos
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